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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ANO NOVO: PRESENTE DO INDICATIVO

POR MARI MONTEIRO

Conheci uma pessoa que, em determinado dia da semana, numa destas tardes mornas, dizia: “VAMOS TOMAR UM SORVETE E BRINDAR O ANO NOVO?”. “VAMOS TOMAR UM VINHO E BRINDAR O ANO NOVO?” E brindávamos o Ano Novo, por decreto nosso, em qualquer dia ou mês do ano. Bastava sentir vontade! Isso revigorava nossas esperanças. Sorríamos e recomeçávamos de onde havíamos parado. Essa pessoa já não está entre nós. Mas ainda sigo seus ensinamentos. Decreto que  meu ano novo é numa quinta- feira à noite, 22 de agosto e brindo.  E recomeço diferente, de onde parei.

Para ser politicamente correta, geralmente não sou e nem me importo muito com isso... Mesmo porque aqueles que mais apregoam este clichê são as pessoas mais hipócritas de que eu tenho notícias. Pois, na maioria das situações em que temos de ser politicamente corretos, estamos vivenciando momentos de tensão e de medo; logo, se formos politicamente corretos e não “EXPLODIR”, estaremos sendo hipócritas... Ao menos conosco mesmos. Mas, retomando a expressão “politicamente correta”, o Ano Novo simbolicamente é o primeiro dia de cada ano.

Diante disso, penso na questão da energia que deve pairar no ar nesta noite, mais precisamente “na virada”. A contagem regressiva marca, então, o fim de um ciclo e o recomeço de outro.  Isso me remete à vontade de MUDAR ou de que algumas coisas mudem (pra melhor, de preferência). Daí o título do artigo: se a essência do Ano Novo é a MUDANÇA, então que seja no momento da virada e constantemente.  Na minha cabeça, isso corresponde a conjugar o VERBO MUDAR no presente do indicativo: EU MUDO; tu mudas; ele muda, NÓS MUDAMOS; eles mudam. Foi aí que percebi, mais uma vez, que a mudança começa por mim: “EU MUDO”... E quiçá, com o tempo, as circunstâncias à minha volta mudem...

Sendo assim, decreto meu Ano Novo muitas e muitas vezes durante o ano. É tranquilizador, saber que não preciso esperar um ano inteirinho para fazer pedidos; “pular as sete ondas”; comer sete uvas; fazer brindes; fazer orações; agradecer; abraçar; fazer uma lista das COISAS BOAS que aconteceram (que sempre é maior que as ruins... Mas, seres humanos que somos, tendemos a superestimar as ruins.); fazer promessas... Posso fazer isso no dia em que eu quiser e até várias vezes ao dia.

Outra coisa que aprendi, na medida em que cresci e perdi algumas pessoas amadas, é o entendimento sobre o que levaremos daqui (desta terra em que pisamos): A casa? A mobília? As roupas e sapatos? Os aparelhos eletrônicos? Nenhum bem nos salvará de nossa EMPÁFIA e ARROGÂNCIA. O que ficou de quem se foi? Lembranças, cheiros, imagens que tenho medo que se apaguem da minha mente... , o timbre da voz (morro de medo de esquecer como era a voz do meu pai, muito embora eu tenha ouvido muitos gritos dele)... Ainda preferiria seus gritos à sua ausência. O QUE FICARÁ DE MIM QUANDO EU PARTIR? Que lembranças  eu deixarei aos meus amigos, ao meu filho?

Outro motivo para não esperar pelo último dia do ano: como não sabemos quando será a última vez que fitaremos a íris de quem amamos, devemos colher cada momento. Celebrar cada DIA NOVO! Deitar-nos sem arrependimentos causados por PALAVRAS MAL DITAS ou por PALAVRAS NÃO DITAS. 

Eu, Mari, por exemplo,  sei bem do que preciso para continuar a ser feliz, claro que os vazios doem. A cada ano falta alguém na hora do abraço... E uma lágrima de saudade sempre escapa no cantinho dos olhos. Mas é apenas saudade, sem remorsos por não ter passado mais tempo juntos ou por não ter dito “EU TE AMO”. Todos dizem (mas EU NÃO SOU "TODOS"!) que não é preciso dizer “eu te amo”, que o que valem são as atitudes. Além de achar isso brega e clichê, penso que atitudes dignas para com quem se ama é um dever recíproco; é o mínimo que se deve fazer quando estamos com a pessoa amada. PRECISAMOS (ao menos, eu... Sem vergonha de assumir   rsrs) OUVIR QUE SOMOS AMADOS! Por que, de um modo geral, é tão mais fácil de dizer: “Que raiva de você!” do que “Quanto amor tenho por você!”?

Por isso , a qualquer momento que você queira, estarei aqui, à sua espera, com uma taça na mão para brindar um NOVO ANO; comemorar e AGRADECER coisas como:

- Os ABRAÇOS demorados. Aqueles que já acontecerão e os que estão por vir.
- Os AMIGOS verdadeiros, mesmo que sejam poucos.
- O AMOR que somos capazes de oferecer e o AMOR que recebemos.
- A que nos acompanha e a força de busca-la quando nos sentimos enfraquecidos.
-A LUZ que nos guia quando nos damos conta de que caminhar sozinho é uma forma egoísta de morrer em vida.
-Os REENCONTROS, que só foram possíveis pela dor do desencontro.
- O PERDÃO que já chegou ao nosso coração e os pedidos que ainda virão.
- A FAMÍLIA que nos aceita. E a volta da família desfeita.
- A SAÚDE que nos permite agir e reagir. E aqueles que cuidaram de nós quando não estávamos tão bem assim.
- Aos OLHARES que, mesmo silenciosos, nos dizem muito.

Com afeto,
Mari.




quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

SOBRE A “MAGIA” DO NATAL: SÓ PARA ADULTOS! (ABOUT THE "MAGIC" CHRISTMAS: ONLY FOR ADULTS!)

POR MARI MONTEIRO



Sobre o título, a expressão "só para adultos!' refere-se ao respeito que tenho pela INFÂNCIA e pelos SONHOS que toda criança acalenta, mas que... Nem todas vivenciam. Além de tudo este artigo é o que classifico como uma leitura um tanto "ÁCIDA"; porém, necessária... Pensar é preciso.



Quantas vezes durante o ano ouvimos frases como: “Feliz dia”; “Próspero amanhecer”; “Que seu próximo dia seja repleto de paz, saúde e harmonia”??? Eu, particularmente, recebo cumprimentos sinceros de meia dúzia de pessoas por dia.  Mas, no natal, essas  frases se multiplicam  assombrosamente. E abraços afetuosos? Quantos? De quem? Daí minha tentativa de entender o que ocorre no mês de dezembro. E, já que se trata de uma tentativa, minhas especulações estão abertas à exposição de qualquer discordância da sua parte.


Tenho diversas conjecturas a respeito do fenômeno da APROXIMAÇÃO entre as pessoas no natal.  Primeira: INTERESSE. Talvez, se eu demonstrar interesse carinho, as pessoas retribuam com presentes. Segunda: APARÊNCIA. A necessidade de fazer o que todos fazem. É natal e todos enfeitam suas casas; montam árvores; se empanturram de comida; trocam presentes; logo, não posso ficar de fora, porque não tenho CORAGEM DE SER AUTÊNTICO. Terceira: HIPOCRISIA. Em minha opinião, a conjectura que mais se aproxima do que eu acredito enquanto explicação para a “magia do natal”. 


(...)


Pensei muito... Não conjecturo mais. É hipocrisia e pronto. Explico. Há pessoas que não vejo há anos; mas que se eu encontrar no natal, elas saberão que os abraços e as palavras serão sinceros. Em contrapartida, convivo diariamente com inúmeras pessoas que, se me abraçarem ou proferir os famosos clichês natalinos, eu saberei se há sinceridade.  Como? Simples. Passa um “filminho” na minha cabeça (sou boa nisso rsrs) e vejo a qualidade da nossa convivência. É aquilo que Renato Russo dizia; “QUEM ESTÁ AGORA AO SEU LADO? QUEM PARA SEMPRE ESTARÁ?”


E o Papai Noel? Gente, quem é ele? Ele já foi à sua casa? À minha, NUNCA. Para mim, não passa de mais uma “pagação de pau” para Santa Claus, o abastado papai Noel dos norte – americanos e para os europeus igualmente abastados. Sei que, a esta altura do artigo, a maioria dos leitores, pensarão nesta palavra: RECALQUE! Coisa de pobre. Posso garantir que não é. O que me incomoda não é a festa em si; mas a hipocrisia, o consumismo e a desigualdade (que salta aos olhos) nesta época do ano. Tudo é potencializado. Por que não trocar presentes, ser solidário e carinhoso o ano todo? Por que reunir a família somente no final do ano? Para mim, Papai Noel não passa de um FUNCIONÁRIO MAL PAGO DO CAPITALISMO SELVAGEM.



Para não dizer apenas da minha indignação, faço o máximo para ver o lado bom disso tudo. Vejamos. As pessoas fazem cestas de natal e presenteiam famílias carentes (aplausos!!!); E O RESTO DO ANO?  As famílias se reúnem (aplausos!!!); E DURANTE A VIDA INTEIRA? Recebemos palavras otimistas e de conforto (aplausos!!!); QUEM ME DISSE ALGO SEMELHANTE QUANDO MAIS PRECISEI? É o tempo de esquecer e perdoar (aplausos!!!); O ARREPENDIMENTO É SINCERO? Lembramo-nos e até fazemos orações para aqueles que não estão mais entre nós (aplausos!!!); O QUE FIZEMOS POR ESTAS PESSOAS EM VIDA? Então... Tentei. E?

Fato é que sou visionária demais. Não gosto de miséria; contudo quando se trata de POBREZA DE ESPÍRITO. Fazemos promessas e firmamos compromissos conosco mesmos no final do ano e não cumprimos; ou seja, não somos fiéis nem a nós mesmos. Guardamos rancor, falamos por trás das pessoas; não dizemos “eu te amo” para familiares e pessoas que nos são caras... Mas, no natal, a “MAGIA” faz isso acontecer! Então isso é bom? Não! Seria bom se fôssemos tão GENTIS, AMOROSOS, SOLIDÁRIOS, EDUCADOS, SORRIDENTES E CARINHOSOS, como somos no Natal, durante o ano todo. Aí sim o Natal faria sentido pra mim.



E quanto à máxima que o “protagonista” do Natal (que não é o Papai Noel com seu saco de presentes!) nos deixou? “AME AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO?” Quem é nosso próximo? Façamos uma lista. Há algum morador de rua nela; alguma criança órfã; idosos doentes; crianças com câncer?

Durante o ano (não raro, durante uma vida inteira...) vale, de novo, o que R. Russo cantou: “CADA UM DE NÓS IMERSO EM SUA PRÓPRIA ARROGÂNCIA, ESPERANDO UM POUCO DE ATENÇÃO.” Mas, de repente, como num passe de mágica, nos transformamos em seres humanos mais  HUMANOS; GENEROSOS; FELIZES... Isso não cabe na minha cabeça. Terá ceia na minha casa? Não sei. Presentearei quem amo? Sim... Mas faço isso o ano todo. Direi do meu amor pelas pessoas? Sim... Mas faço isso o ano inteiro.  Arrepender-me-ei de algumas coisas? Talvez de algumas... NÃO FIZ ISSO O ANO INTEIRO! Farei promessas a mim mesma? Não. Ainda não cumpri um décimo dos combinados comigo mesma durante todos os finais de ano que vivi.

Portanto, meus amigos, desejo lhes uma FELIZ EXISTÊNCIA. Que todas as “coisas” que vocês consiguirem comprar para o natal sejam possíveis para todos e que vocês SEJAM e FAÇAM as pessoas muito felizes através dessas “aquisições”.  E que as palavras OUVIDAS e PROFERIDAS possam fazer parte do repertório de todos durante o resto da vida.  Que a tal “magia do natal” não desapareça no dia 26 de dezembro, tão efusiva e bruscamente como chegou.  E isso não são PROMESSAS, são DESAFIOS! Fica aqui o espaço aberto a todos que queiram discordar; reforçar; refutar... Enfim, este espaço é seu! 

COM AMOR E AFETO, MARI.





segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

AFETO E APRENDIZADO

Por Mari Monteiro

TERCEIRÃO - 2013: RETA FINAL...


Não é necessário tanto tempo assim para que eu me apegue às pessoas. Sou daqueles seres humanos que não sabem viver sozinhos. Inclusive, daqueles que respeitam a máxima bíblica: “Ame ao próximo como a ti mesmo”.
Ai meu Deus! Faltam muitas pessoas nesta foto...






Além disso, amo fácil,
fácil... Talvez com a mesma intensidade de quem nunca deixará de insistir no amor, em detrimento de toda e qualquer decepção.




















Muito provavelmente, isso aconteça porque acredito em “TODA FORMA DE AMOR” (plagiando Lulu Santos). Amo a todos com quem eu convivo, em diferentes níveis de intensidade e de apego. E, se não amo mais, porque ninguém é perfeito... Não desejo o mal, afinal não saberei mais a quem não amava... (Nessas horas é bom não ter boa memória rsrrsrs).  















































Uma coisa é certa, quanto mais amo, mais quero perto, mais quero bem, mais sofro  a ausência e mais RESPEITO a pessoa amada.



























Com os amigos do “TERCEIRÃO”, é assim... Não amo a todos de forma igual, mas AMO A TODOS. Nunca desviei o olhar, fugi de uma conversa franca, nunca fingi ser outra pessoa. Mari: simplesmente Mari.  Eu e eles.











 Foram anos permeados de manhãs fáceis e agradáveis e de manhãs não tão fáceis e nem tão agradáveis assim, mas nunca sozinhos... UNS PELOS OUTROS.




Desejo que antes de partirem, saibam de algumas coisas que, por falta de tempo, deixei de dizer (ô aula que passava rápido!!!).  Para que cada um de nós se encontre nestas falas, vou escrevê-las em forma de tópicos (BEM PROFESSORA MESMO AGORA HEIN???kkkk):









- Sem CUMPLICIDADE, não há aprendizado. Somos cúmplices.

- Sem AUTENTICIDADE, não há reconhecimento. Nós nos reconhecemos.

- Sem RESPEITO, não há amizade. Somos amigos.

- Sem ALEGRIA, não há prazer. Temos prazer em estar juntos.

- Sem ESFORÇO, não há recompensas. Temos o saber como recompensa.

- Sem LÁGRIMAS, não há o transbordamento dos sentimentos. Nossos sentimentos transbordaram algumas vezes.




Desejo também que saibam de mais umas “coisinhas” (BEM AMIGA MESMO AGORA HEIN???kkk)

- Protejam-se contra o Mal. Ele está em todos os lugares.

- Não sumam da vida uns dos outros. Sozinhos, somos fracos.

- Fiquem próximos aos seus familiares, não existem pessoas que lhes queiram melhor que eles neste mundo.

- Façam boas escolhas. O que não significa que serão escolhas fáceis.

- Digam “eu te amo”, sem moderação, mas com muita HONESTIDADE.

- Alimentem suas almas com: BOAS MÚSICAS; BONS LIVROS; BOAS CONVERSAS; PRECES.

- Cultivem a HUMILDADE. Pessoas arrogantes nunca conseguem chegar muito longe.

-  E, por fim, lembrem-se de mim. Porque me lembrarei de vocês POR TODA MINHA VIDA!!! SEJAM FELIZES! MUITO FELIZES!




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

INTERTEXTUALIDADE E TEXTO ARGUMENTATIVO: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

POR MARI MONTEIRO



Não raramente, os textos que servem de base para as redações do ENEM, dos VESTIBULARES e dos CONCURSOS PÚBLICOS são diversificados; ou seja, são fornecidos ao candidato dois ou mais textos para serem lidos e usados como base para a elaboração da escrita.  Logo, a intertextualidade “equivale à relação que há entre dois ou mais textos, de mesma natureza ou de naturezas diferentes, que dialogam entre si.” (In. http://soumaisenem.com.br/portugues/generos-textuais/conceitos-basicos-de-intertextualidade - acesso em 18/11/2014).

Para que os leitores entendam a temática deste artigo, segue abaixo a atividade proposta aos alunos, cujo objetivo principal era: Verificar a habilidade inerente à interpretação textual e à elaboração de TEXTO ARGUMENTATIVO, tendo como ponto de partida a INTERTEXTUALIDADE e a relação entre a temática proposta e o cotidiano.


Leia os textos abaixo e desenvolva as questões:


TEXTO 01: A Via Láctea (Compositor: Renato Russo)

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por que me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou.

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim...




TEXTO 02 : SOCORRO (Arnaldo Antunes)

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo (...)
http://www.vagalume.com.br/arnaldo-antunes/socorro.html

TEXTO 03: PINTURA

  1 – Qual é a temática comum às duas composições poéticas?

2 – Pode –se afirmar que em ambas composições o “eu lírico” sente  o mesmo tipo de dor emocional? Comente:

 3- A POSTURA do “eu lírico” da composição “Socorro” é a mesma assumida na composição “A Via Láctea”? Justifique sua resposta

 4 – Quais seriam os supostos motivos IMPLÍCITOS nas canções  e na pintura que levam os protagonistas a se sentirem desconfortáveis

5 – Com base nos textos lidos e na obra de Vincent van Gogh, elabore um TEXTO ARGUMENTATIVO (com, no mínimo VINTE linhas) sobre o assunto. Depois de corrigido, proceda à NARRATIVA DIGITAL: (Elaborar o texto na folha oficial anexa).

No caso específico da atividade aqui apresentada, foi proposto aos alunos que desenvolvessem quatro questões anteriores à elaboração do TEXTO ARGUMENTATIVO. Tais questões forneceram subsídios para a elaboração de um texto argumentativo mais consistente; sobretudo, no que se refere à interpretação, ao vocabulário e à temática dos textos.


A SELEÇÃO DA TEMÁTICA é extremamente importante. Neste caso, o aspecto central comum aos três portadores de texto é a tristeza, que tem como ASPECTOS PERIFÉRICOS: a solidão; a  carência; a depressão e o isolamento social. E, em contrapartida, a incessante busca do ser humano por uma condição afetiva e emocional mais confortável.
Nesse sentido, é interessante proceder a uma etapa de SENSIBILIZAÇÃO anterior à realização da atividade escrita, o que inclui  a leitura das composições, a observação da obra e uma contextualização das mesmas; sobretudo,  afim de evidenciar a “ATEMPORALIDADE” a elas inerentes. 
Ou seja, trata-se de composições idealizadas há décadas e até (há séculos, no caso de Van Gogh).  Certamente esse procedimento favorecerá a percepção dos alunos de que as problemáticas implícitas (ou explícitas) nas obras tem se agravado com o passar do tempo, o que os levará a refletir sobre quais seriam os motivos, as consequências e as próprias atitudes advindas destas atitudes. Por exemplo, na primeira composição, a princípio, os estudantes imaginaram-na como “otimista” em relação à segunda. O que não procede, pois há vários momentos de ironia na composição, como os versos: “Mas não me diga isso.” / “Amanhã é outro dia/ Não é?”.


 Cabe, inclusive, uma PROVOCAÇÃO no sentido de questionar o que tornaria as seres humanos menos egoístas, menos isolados e menos infelizes.

Enfim, trata-se de AGUÇAR OS SENTIDOS e de deixa-los famintos para que o cérebro, ao roncar de fome, acorde as ideias com seu barulho   e as faça fluir em foma de PALAVRAS VIVAS!








segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O ENSINO DE POESIA NO ENSINO MÉDIO: RELATO DE EXPERÊNCIA

POR MARI MONTEIRO


Quem são os cegos do castelo? (artigo baseado na letra: “Os cegos do castelo” – Nando reis)

 Uma das tarefas mais difíceis, a meu ver, nas aulas de Literatura, é promover o gosto pela poesia e pela disposição de interpretá-la. Por isso, sempre que posso (e percebo que os autores dos livros didáticos também o fazem) promovo a leitura de letras de música e realizo a associação destas com a poesia. Este artigo conta um pouco desta experiência a partir de uma atividade de interpretação da letra "Os cegos do castelo", de Nando Reis.


Creio poder afirmar, com certa tranquilidade que, em determinados momentos da nossa vida, todos ficamos “cegos” para algumas coisas.  Os motivos? Muitos. Não sofrer ou sofrer menos, por exemplo. Pois, quanto menos profundamente ENXERGO, menos SEI, menos SINTO, menos SOFRO.
Castelo medieval na Romênia (sempre que ouço esta canção... me vejo fugindo de um castelo semelhante...)

 Porém, a referida letra de Nando Reis (meu compositor contemporâneo preferido) merece um zelo minucioso em cada verso ou estrofe. O que é uma coisa muito particular, porque, a menos que pudéssemos ter uma conversa franca e particular com o autor, jamais saberíamos  suas reais intenções ao escrever determinado poema. Daí o ENCANTAMENTO da poesia. Ela pertence aquele que a lê, alternando as nuances de acordo com as circunstâncias e com o estado de espírito em que se encontra o leitor. Diante disso, para começar, eis a composição:



“Eu não quero mais mentir

Usar espinhos que só causam dor

Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu

Dos cegos do castelo me despeço e vou

A pé até encontrar

Um caminho, o lugar pro que eu sou. Eu não quero mais dormir

De olhos abertos me esquenta o sol

Eu não espero que um revólver venha explodir

Na minha testa se anunciou

A pé a fé devagar

Foge o destino do azar que restou. 

 E se você puder me olhar

E se você quiser me achar. E se você trouxer o seu lar.  Eu vou cuidar, eu cuidarei dele. 

Eu vou cuidar do seu jardim. Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele. Eu vou cuidar. Eu cuidarei do seu jantar. 

Do “céu e do mar, e de você e de mim.” (refrão)

Link http://www.vagalume.com.br/nando-reis/os-cegos-do-castelo.html#ixzz2grj8VmP7 (acesso em 04/10/2013)


 Comecemos pelos dois primeiros versos: “Eu não quero mais mentir/Usar espinhos que só causam dor.” Pressupõe-se que o eu lírico esteja cansado de mentir e de sentir dor. Sabe que a mentira traz consequências que doem. Além disso, faz uma analogia entre mentira e espinhos. Ele inicia seu poema tomando um posicionamento: NÃO QUERER MAIS MENTIR.



Para que isso aconteça, de fato, ele precisa “abandonar” certas atitudes, pessoas e lugares, o que ele denomina de “CEGOS DO CASTELO”. Isso fica muito evidente nos versos seguintes: “Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu/ Dos cegos do castelo me despeço e vou. / Nesse sentido, o eu lírico está ciente do que deve fazer:” Ele deve deixar para traz tudo que o atraia e que, mesmo assim, causava dor e sofrimento. Nesse sentido, o eu lírico está ciente do que deve fazer: “A pé até encontrar/ Um caminho, o lugar pro que eu sou.” Ou seja; ele sabe o quanto terá de caminhar até alcançar seus objetivos, até se redescobrir e descobrir um lugar onde ele possa ser plenamente feliz.
 

A segunda estrofe, provavelmente seja a mais complexa do poema. Ela denota o temor da distração (“Eu não quero mais dormir”), como se, ao distrair-se, algo de muito ruim pudesse lhe ocorrer. Ele ainda se mostra enfraquecido na sua fé e no seu otimismo (“A pé a fé devagar/ Foge o destino o azar/ Que restou”).


 
Nas estrofes seguintes (o refrão), o eu lírico denota esperança em dias melhores. Ele acredita que, caso encontre (ou reencontre) a pessoa amada, tudo poderá ser diferente. Diante de uma ENTREGA, de uma confiança incondicional (“E se você trouxer os eu lar”); ou seja, se a outra pessoa vier INTEIRA para ele, ele também se entregará e cuidará bem de tudo que lhes pertence. Quando o eu lírico diz: “Eu cuidarei do seu jantar/ Do céu e do mar, e de você e de mim”, ele se compromete a se dedicar de corpo e alma a um amor SEM MENTIRAS, onde haja RECIPROCIDADE, ZELO e, consequentemente, MENOS "ESPINHOS"... 



Daí  emerge a questão:
“QUEM SÃO OS CEGOS DO CASTELO?”. Eu? Você? Todos que mentem? Todos que não cuidam das pessoas amadas? Todos cuja fé não é forte o suficiente para confiar no semelhante e dormir em paz?  


Numa visão muito particular, acredito que seja tudo isso junto. E, assumindo uma posição ainda mais particular, também desejo para mim esta RUPTURA: DESPEDIR-ME DOS CEGOS DO CASTELO E SEGUIR... Para onde? Para onde ninguém sofra por mentiras; para onde não haja espinhos e nem dores. UTOPIA? Sim... Mas, por que não sonhar? E foi assim que decidi realizar uma atividade para dividir este sonho: solicitei aos meus alunos que ouvissem a canção, pensassem sobre um determinado verso e registrassem suas impressões, as quais os convido para conhecer agora. São "CAMINHOS" surpreendentes! Garanto! A questão é a seguinte:


 ► Releia o verso: “(...) a pé até encontrar um caminho, um lugar pra o que eu sou. (...)”. Caso você encontrasse este caminho, descreva detalhadamente como ele seria? (sinta-se à vontade para descrever também o seu caminho...)

 

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