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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

FILME RECOMENDADO: “PRECIOSA – UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA” (título original: Precious: Based on the Novel 'Push' by Sapphire)

POR MARI MONTEIRO


O processo de desumanização e de “coisificação” do homem adquire um ritmo cada vez mais acelerado. Cientes disso, nós, educadores e, supostamente dotados de discernimento e portadores de uma vivência social e cultural considerável, NÃO PODEMOS FICAR ESTÁTICOS. Penso eu...  E, se existe algo em que não sou boa é “fazer cara de paisagem”. Respeito quem consegue e até concordo que seja uma espécie de proteção ou defesa. Mas, lamento. Sentimentos como imparcialidade e indiferença são “aptidões” que não consegui desenvolver. E, como nunca tive grandes problemas quanto a isso (nada que uma hora de choro e uma noite de sono não resolvam...), não tenho o mínimo interesse em aprender a ser indiferente. 

Diante disso, sempre que possível, tento trabalhar com a SENSIBILIZAÇÃO dos meus alunos. Não alimento a utopia de que  eu seja capaz de humanizar aqueles que já estão imersos no casulo da  indiferença. Mas este não é o caso deles... Eles AINDA ESTÃO CONSTRUINDO O PRÓPRIO PERFIL. Daí meu empenho em desenvolver atividades que possam agregar mais valores à Literatura e à Língua Portuguesa. Logo, as interpretações, escritas espontâneas e redações, por exemplo, geralmente são fundamentadas em alguma FORMA DE ARTE como: cinema, música, imagens etc. 

Neste caso, optei pela exibição do filme “PRECIOSA”. Cuja sinopse é a seguinte: 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece "Preciosa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A Sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. (in. adorocinema.com/filmes/filme-132242 - acesso em 15/04/2014) 
Na justificativa constante do plano de aula, fica evidente o motivo da minha escolha e a relação entre o filme e a necessidade de HUMANIZAÇÃO. Diante dos crescentes conflitos ocorridos no ambiente escolar, de um modo geral, fruto – na maioria dos casos – de conflitos externos (no meio familiar e social) preexistentes, torna-se interessante e oportuno abordar a temática junto aos alunos do Ensino Médio. A proximidade da faixa etária entre eles e a protagonista, tende a facilitar o entendimento e a interpretação por parte dos alunos. 

Além disso, o enredo impactante consiste num excelente texto-base. A relevância do tema deve-se, ainda, à iminente necessidade, para os profissionais que lidam com a educação e/ou com a psicologia, de conhecer os fatores relacionados à forma como se constitui a dinâmica familiar em um contexto doentio, para o qual a sociedade e as instituições de ensino sempre preferem fechar os olhos. Neste sentido, o enredo do filme ajuda a compreender como a história de vida, o contexto social e familiar são importantes na estruturação da personalidade.

O referido filme foi muito aclamado e recebeu diversos prêmios. Teve seis indicações para o Oscar e a atriz Mo'Nique, que interpretou a mãe de Preciosa ganhou o Oscar de Melhor atriz coadjuvante; o filme ganhou o Oscar de melhor filme e de melhor roteiro  e Lee Daniels ficou com o Oscar de melhor diretor.

Enfim, num mundo no qual há cada vez mais máquinas e cada vez mais pessoas conectadas (e até dependentes delas), é imprescindível BUSCAR O EQUILÍBRIO. Ou seja, as máquinas devem estar a nosso serviço e não o contrário. A geração digital precisa entender que MÁQUINA ALGUMA PREENCHE O VAZIO INTERIOR.  Além disso, máquinas não abraçam; máquinas não trocam olhares; máquinas não choram; não sentem saudades... Um “oi” no chat; um post animador ou romântico... Não passam de paliativos que, a médio ou longo prazo, não basta, porque NADA SUBSTITUI O CONTATO E O AFETO HUMANO.


Nos próximos dias serão postadas as RESENHAS CRÍTICAS elaboradas pelos meus alunos do Ensino Médio sobre o filme. São surpreendentes. A maturidade deles me surpreendeu! Estou muito feliz com o resultado!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CAPITU E A MULHER ATUAL: UMA ANÁLISE FEITA PELOS ALUNOS DO 2º ANO MÉDIO

POR MARI MONTEIRO


A ideia de estabelecer uma analogia entre a personagem Capitu, uma mulher do século XIX e a mulher do século XXI, se deve a longas conversas travadas durante as aulas de Literatura Brasileira nas quais os alunos do Segundo Ano Médio estudaram a obra Dom Casmurro. 


Durante as conversas, inevitável e felizmente, veio à baila a questão comportamental da mulher do século XIX em relação à mulher atual, contemplando, inclusive o perfil psicológico, físico e a questão da sensualidade em épocas separadas por quase dois séculos. Conforme as discussões se aprofundaram, os alunos tiveram a brilhante ideia de elaborar um texto, estabelecendo uma analogia entre os dois perfis e ilustrando com letras de músicas que fazem algum tipo de alusão depreciativa à mulher. Em meio às aulas, os textos emergiram. Semana de provas e correria. Entre uma atividade e outra, alguém aparecia com uma letra ou trechos de músicas. Chegamos até ver alguns vídeos. O que não é recomendável...




Impressionante perceber o DISCERNIMENTO dos alunos quanto ao papel da mulher no século XXI. Muitos deles entenderam perfeitamente a diferença entre sedução (aquela em que um olhar sutil prende a atenção) e a erotização (situação sem qualquer mistério, pois não há o que ver, está tudo à mostra).  Apenas por esta constatação já teria valido a pena realizar este trabalho. 



Contudo, os alunos foram além. Houve um envolvimento verdadeiro.  Na escrita, muita coisa se perdeu. Mas é preciso registrar que, no dia a dia, os relatos dos alunos demonstraram muito entendimento sobre o tema. Alguns chegaram a estudar mais profundamente (além do conteúdo da apostila) a obra e, mais especificamente, a personagem Capitu. O que fez com que, na oralidade, o trabalho ficasse mais rico do que na escrita.
 


De qualquer forma, embora a mulher tenha – de um modo geral – causado sua própria desvalorização; nem todas as mulheres são iguais. Os alunos são enfáticos em afirmar que não há graça e nem valor em “conquistar” a maioria das mulheres hoje em dia, porque elas estão muito disponíveis e “facinhas”. 



CAPA DO LIVRO IDEALIZADA PELOS ALUNOS DO 2º ANO MÉDIO
Assim sendo, foi elaborada uma coletânea de textos que deu origem a um livro livro. Neste artigo encontram-se apenas alguns fragmentos de textos, seguidos de alguns versos de letras de música; mas que, nem por isso, deixarão de suscitar no leitor uma reflexão necessária sobre o atual papel da mulher na sociedade. Pois trazem consigo uma grande carga de valores atribuídos (ou não) à mulher e que esta, por sua vez, pode escolher entre ser sensual e atraente sem ser vulgar ou deixar se manipular pela mídia e tornar-se um mero objeto de consumo, a propósito tão  “homenageado” e propagado nas letras de funk. (SEGUEM ALGUNS FRAGMENTOS DOS TEXTOS PRODUZIDOS). 

Parabéns a todos!Mari Monteiro (Outono de 2014)  


                         De Capitu mulher Atual


“Capitu é representada, na obra de Machado de Assis, como uma mulher destemida, que sabia o que queria, era ousada, esperta, dissimulada, que persuadia as pessoas. Entretanto, percebe- se ser uma mulher gentil e doce. Diferente das apresentadas nas letras de funk, por exemplo. (...)”

"(...) charmosa, chique, elegante
Com teu colar puro diamante
A pele saudável com Victoria's Secret
Não depende de homem nenhum
Pra querer se mostrar, empinar o bumbum (...) ( Mc Guimê – Mina Sedução)

(Fábio Constantino)


Semelhança entre Capitu e a mulher atual

“As mulheres de hoje estão querendo mostrar mais, sua beleza, seu corpo e suas qualidades. E muitas delas estão mais se desvalorizando pelas roupas vulgares e destruindo sua imagem na sociedade (...)”.

“(...) Bandida,
Menina extrovertida,
De sainha curtinha,
Vem conhecer,
O bonde das casinha,
Baixada ou capital,
Elas tão super produzida, (...) (Mc Lon – Bandida).


(Jéssica Henriques)


Capitu x pirigas

Olhando a personagem de Capitu, ela faz o possível para instigar Bentinho com sua sensualidade, comportamento que para as mulheres daquela época era algo inaceitável, pois ela andava em panos curtos e se fazia de fácil para Bentinho , no fina,l acabou se tornando seu marido, mas fazendo uma comparação básica à personagem Capitu com a mulher atual se Capitu vivesse nos tempos de hoje ela seria a mulher mais recatada possível, pois a vulgaridade é o que está em maior evidencia hoje em dia, pois as mulheres acham que se oferecendo mais elas conquistam os homens mais facilmente, algumas mulheres acham que a palavra sensualidade tem o mesmo sentido da palavra sexualidade (...)”

“Deixa o livro de lado
O dia melhora
Sem namorado pra casa ela desce
Só quando a noite aparece
(...)
Pode deixar que ela vai
Escolher a noitada
Não é interesseira
Mas quer andar bem acompanhada

E quando passar
Chama atenção dos parça
Pega o Black Label
E joga o Chandon na taça (...)” (Mc Pikeno e Menor)


(Marcos Vínicius)


Capitu no século XXI

Existe uma grande diferença entre Capitu e as mulheres de hoje. A Capitu é o estilo de mulher que seduz, seja pelo olhar, jeito ou toque. Ela é do tipo misterioso que faz os homens caírem a seus pés para desvendá-la.

Já as mulheres de hoje, não seduzem. Elas induzem, se jogam em cima dos homens, não dando escolha. Elas são mulheres de uma noite só, não para uma vida. Elas mostram tudo o que tem, não deixando ar de mistério.
Penso que a mulher, nesta caminhada, perdeu muito o seu jeito de seduzir, elas querem status, atenção e acabam passando dos limites, principalmente, por dançar músicas em que os homens se ridicularizam perante a sociedade.


“As mina pira quando a gente chega na balada,
Fazendo rodinha com baldinho de cachaça (...)”
                             (Gusttavo Lima – As Mina Pira)

(Yasmim Jacó Cavalieri)


Capitu vs “Novinha”

Ao compararmos Capitu com algumas mulheres de hoje em dia, conseguimos perceber uma grande diferença, tanto de comportamento, arte de conquista e até mesmo no modo de se vestir.
No que se refere à arte da conquista, Capitu não precisava utilizar roupas curtas, decotes exagerados, ela utilizava o olhar como principal “arma”, como diz o livro, era conhecida pelos seus “olhos de ressaca”. Ela era uma mulher dissimulada, uma falsa inocente, ela queria olhar, mas, ao mesmo tempo, se escondia. Hoje, qual é o artifício que as mulheres usam para conquistar? Bundas e peitos de fora. Nos dias de hoje, as mulheres são vulgares demais, acham que para conquistar um homem precisam excitar o sexo masculino um desejo sexual usando roupas curtas, e muitas vezes o homem se aproveita da situação para passar apenas uma noite de prazer com a tal mulher e no outro dia “jogar fora”. Também vale ressaltar que nem todas as mulheres são assim e que ainda existem mulheres de valor e respeito nesse mundo.
Enfim, a questão é que as mulheres estão sendo desvalorizadas, devido ao comportamento hostil de umas e outras, que podemos chamar de “piriguetes”. Elas usam roupas extremamente curtas em locais públicos, simplesmente para chamar atenção dos homens a sua volta.

“Vai novinhas, vai novinhas, vai novinhas, vai novinhas
Sarrando e vem roçando(...)”
“(...)E vem sarrando e vem roçando... E vem sarrando e vem roçando(...)”
       (Os Havaianos)

(Guilherme Martins Andrade dos Santos)


Capitu e a mulher do séc XXI

Capitu é uma mulher, pobre, ambiciosa, interesseira, e curiosa. Ela era ambiciosa também na questão “amorosa”. Por essa ambição todos os homens a desejavam, e por sua beleza também. Afinal ela era linda.
Em nossa sociedade ocorrem as mesmas coisas com as mulheres. Elas acabam querendo atenção, seja ela por sua beleza ou interesse financeiro.
Os homens só as querem sendo bonitas ou não (pobres ou não). Hoje em dia os homens não respeitam as mulheres e elas também não se valorizam e isso acaba influenciando a decisão dos homens.

“(...) Que te peguei, barulhei, botei, soquei
Só falei a realidade depois que eu gozei
Que te peguei, barulhei, botei, soquei
Só falei a realidade quando tu me satisfez (...) ( Ela é aquela – Mc Guimê)

(Agatha Fernandes)


De Capitu à novinha do baile

“É muito comum vermos hoje em dia garotas que passam a maioria de seu tempo se dedicando a dançar em bailes funk, o que pode trazer benefícios e também fazer um grande mal para a vida dessas meninas, alguns benefícios são, por exemplo, ganhar dinheiro fazendo essas músicas sem se expor de tal maneira, uma cantora que se utiliza desse bem é a cantora Anitta, que consegue ter suas letras de funk sem se expor de maneira que possa ridicularizá-la, e o que possa fazer mal é expor o corpo de maneira completamente frustrante. (...)”

 “Me olha e deseja que eu veja
Mas já digo: "não vai rolar!"
Agora é tarde pra você querer me ganhar
Rebolo e te olho
Mas eu não quero mais ficar
Admito que acho graça em ver você babar
Vem, se deixa render
Vou como sereia naufragar você(...)” (Anitta – Menina Má)

(Henrique Morroni)


Capitu do baile

“Capitu era interesseira e oportunista assim como muitas mulheres de hoje. Para obter o que almejava se utilizava de seu corpo; porém não era vulgar como algumas mulheres da atualidade, ela era sensual e sutil, tinha consciência de seu valor. (...)”

"Olha ela de novo
Dança e rebola
Descendo até o chão
Parou o baile todo
Os meninos choram
É pura sensação (...)" (Mc Guimê – Olha Ela de Novo)

(Laísa Nascimento da Silva)


Capitu: a ousada

“Capitu era uma moça de família, mas que queria conquistar Bentinho. Ela não precisava usar roupas curtas, usava apenas o charme que fazia os homens “pirar”. Era só ela mexer nos cabelos, eles já estavam todos “em cima dela”; assim como eram os seus olhos.(...)”


“Eu vou para ousadia
Eu vou para cachorrada
Hoje eu quero trair
A minha namorada(...)”  (Leo Rodriguez – Hoje Eu Vou Trair )

(Gabriel Silva Mantelato)


De Capitu às “pouca roupa”

“Capitu era uma moça que conquistava os homens, com seu jeito de mulher, uma “jogadinha” de cabelo para os lados, com gestos aparentemente sutis que faziam os homens lhe desejarem.
Já as mulheres de hoje em dia, principalmente no Brasil, mudaram o jeito de seduzir, a mulher anda mostrando tudo o que tem. Desta forma não tem mais o desejo de ver o que a mulher possui sob da roupa, ela já está deixando praticamente à mostra, a famosa “pouca roupa”. (...)”



“(...) Piri,pipiri, pipiri, piri piradinha
Ela ta doidona, fora da casinha(...)”
Gabriel Valim – Piradinha



(Marcelo Tadeu Barbosa Reis)


Capitu Ostentação

“(...) Capitu tinha um modo de agir diferente, pois na sua época não podia fazer praticamente nada, tudo o que significava rude era proibido pelas pessoas que tinham demais poder sobre a sociedade. Capitu pode ser comparada essas garotas, não pelo modo de agir, mas sim pelo modo de pensar, se seus pensamentos pudessem vir a se realizar seriam atitudes parecidas com as das meninas“funkeiras”.(...)”



“(...)Hoje eu tô perigosa, hoje eu tô venenosa
E me bateu uma vontade louca de fazer
Nada de papo torto, eu sei jogar o jogo
Fica ligado que o meu alvo pode ser você (...)
Eu tô querendo um homem, cachorro eu tenho em casa
Vem, eu tô preparada pra te dominar (...)” (Anitta – Cachorro Eu Tenho Em Casa)



(Beatriz Morroni)


Capitu e as mulheres da nossa sociedade

Em tempos passados, as mulheres se preservavam mais do que hoje em dia. Antigamente, as mulheres não tiram seus direitos. E, mesmo assim, elas eram românticas. No caso de Capitu, ela era uma moça pobre, e pretendia se casar algum dia. Capitu era uma mulher simples e muito determinada.
Hoje em dia, as mulheres não se preservam como antigamente, mas ainda existem muitas mulheres e meninas que se preservam. (...)  muitos homens estão desprezando as mulheres. O pior é que muitas mulheres aprovam o que os homens estão fazendo. (...)”

“(...) Cheguei aqui no baile
Escutei um palco maravilhoso
Sabe o que eu descobri?(...)”

(4x) “(...) As magrinhas que faz gostoso
As magrinhas que faz gostoso
Faz gostoso, gostosinho
Faz gostoso, gostosinho.” (Os Havaianos – As Magrinhas Que Faz Gostoso)

(Nicolas M. O. Alves)

As “funkeiras” e as “comportadas”

Há varios tipos de mulheres, hoje irei comparar dois, as “funkeiras” e as “comportadas”, irei falar de suas diferença, dar exemplos de musica que elas provavelmente escutam . Aquelas que podemos intitular como “funkeiras” usam muitas vezes shorts extremamente curtos, as vezes usam mini saias, um tomara que caia, (que por mim pode ficar la mesmo), de muitas cores chamativas segundo elas isso é o que se esta na “moda” ultimamente. Se eu tivesse um tipo de comercio que seria necessário um contato com o meu cliente, certamente não contrataria esse tipo de mulheres para o emprego .
Já as mulheres que como Capitu que é uma personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis um dos maiores autores brasileiros, tem o seu valor na sociedade podemos definir ela com um trecho do livro que a descreve : "criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". (...)”

“Essa que o magrinho fez vai pra todas as novinhas
Senta ni mim, xerecão, C.....!
Quica ni quica mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão, quica ni mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão
Quica ni quica mim, xerequinha
REFRÃO (...)”

(Fernando Silveira) 

domingo, 20 de abril de 2014

“ MINHA VIDA MEIO INVENTADA” ("MY LIFE THROUGH INVENTED")

POR MARI MONTEIRO



Ao acaso, me lembrei de todas AS DORES DESNECESSÁRIAS que senti. Desnecessárias agora. No momento, me pareciam a única e até a justa alternativa. Mas, o melhor desta vida é que podemos APRENDER com o tempo e com a vivência.  A propósito, tudo para mim é passível de aprendizado. E, nisso, aprendi também a inventar outra vida pra mim.

Lembro-me dos sapatos apertados que calcei. Que dor terrível! Isso ocorria ora por não ter outro; ora porque a ocasião pedia... Aprendi a dizer: "DANE SE A CONVENÇÃO" . Não se assuste quando olhar para o lado e se deparar comigo caminhando a pé - em qualquer lugar aberto ou fechado – segurando um par de sapatos. Não ligo a mínima... Essa dor eu não sinto mais.


Lembro – me do medo de apanhar sem saber nem o porquê. Sofria duas vezes: a agonia da antecipação e a dor física. Hoje, em sã consciência, NÃO ME BATEM MAIS. Essa certeza já me livrou da agonia. E, se acontecer, terá sido por alguém desconhecido, sem valor algum para mim.

Ainda sinto algumas dores e medos. Estou viva! Não aprendi a ser imune. Mas, ter consciência de que são em menor número e menor intensidade, me permite compreender que cresci e aprendi. Todas as dores e medos me foram muito úteis. Sou mais tolerante hoje. Mais paciente... Não que eu as tivesse merecido todas; mas talvez eu não fosse a pessoa que sou se não tivesse enfrentado as situações. NADA AINDA ME MATOU.

Das cicatrizes, a gente não se livra facilmente. Mas, daquilo que antes fora tão ruim ponto de fazer sofrer... A gente vai se livrando pelo caminho... E não é que a gente amanheça diferente. É lentamente... Muito lentamente aprendo a decidir quando me calo e quando falo. Mais uma coisinha sobre isso: SINTA-SE IMPORTANTE ENQUANTO EU FALAR COM VOCÊ! Quando eu me calar, terei lhe esquecido.

Talvez; por isso tudo, eu (ou uma grande parte de mim) viva, hoje, numa vida inventada... Que mal isso pode fazer? Melhor seria ver e viver somente da dura e áspera realidade que nos cerca? Não aguentaria. PRECISO SABER QUE NÃO É APENAS ISSO! Preciso crer em dias melhores; pessoas melhores; em uma “Mari” melhor...



Na minha vida “meio inventada” existem dias serenos; a morte está distante; as pessoas que amo são eternas; não há gritos; não há fome; há coragem; há saúde; há trabalho  e salário justos para todos; há olhares demorados e abraços macios... HÁ PESSOAS.

Na minha vida “meio inventada”, sobra tempo para SER; para SENTIR; para OUVIR; para CONVERSAR...  Diz: Na vida real, que tempo nos sobra PRA VIVER! VI – VER e não apenas sobreviver? Na minha vida “meio inventada”, tudo é INTEIRO e INTENSO. Se alguém me perguntar se passo o tempo todo na minha vida “meio inventada”, a resposta é NÃO. Seria impossível. Há sempre algo que me traz de volta: um grito; o relógio; a correria; as ocupações e as preocupações. Mas, volto sempre para ela e lá descanso.



Por fim, preciso dizer: não estou NUNCA SOZINHA na minha vida “meio inventada”. Muitas pessoas, nem sonham, mas estão sempre lá comigo. Por vezes, eu as levo; por vezes, elas me levam. Importa que, nestes momentos, ainda que breves, VIVEMOS PLENAMENTE e absorvemos o suficiente do que é “do bem” e “da luz” para continuar a VIDA REAL. Se me achar louca, não me importarei. Essa conversa é mesmo surreal; mas, acredite: TODAS AS POSSIBILIDADES SÃO REAIS NA MINHA VIDA “MEIO INVENTADA”.



sexta-feira, 11 de abril de 2014

ALMA QUE TE QUERO VER... (SOUL THAT YOU WANT TO SEE ...)

POR MARI MONTEIRO



(...) Artigo iniciado em 26/03/2014.


O que espero, de verdade, é que após ler este artigo (assim como eu ao revisitá-lo) SEJAMOS MAIS SABEDORES DE NÓS MESMOS. Muito crédito à escrita? Pode ser! “SQN”. Trata-se do desejo de que sejamos REVIRADOS DO AVESSO diante de um espelho que possa refletir a nossa ALMA. Consegue visualizar esta imagem? Forte? Sim. PROVOCANTE? Também.


Estive pensando e seria muito egoísmo meu pensar sobre isso sozinha: O MEU AVESSO; prefiro NOSSO AVESSO. Se nós consideramos difícil olhar no espelho e fitar os próprios olhos por algum tempo, na tentativa de encontrar-se consigo mesmo, imagine tentar ENXERGAR POR DENTRO.


A propósito, O QUE SOMOS POR DENTRO? Órgãos, células; água; sangue; vísceras?  Sinceramente, e sem subestimar, anatomia é o que menos interessa nesse momento. A maioria de nós possui conhecimentos básicos a este respeito.


Falo da ALMA; do ESPÍRITO; da ESSÊNCIA ou outra denominação equivalente. Por uma questão de entendimento, a denominação usada neste artigo, para me referir ao NOSSO LADO DE DENTRO, será ALMA. A principal questão é: podemos enxergar a própria alma? E se nós pudéssemos como ela seria? De que cor seria? Qual sua forma?


Convido você a conjecturar. Caso fosse possível fotografar a própria alma, o que veríamos? Paro para pensar. As sensações e imagens que me vem à mente são muito diversas e adversas. Meus questionamentos e devaneios serão registrados neste artigo. Porém, isso não levará a NADA se a troca não for possível. Uma conversa é necessária. Precisamos SABER UNS SOBRE OS OUTROS.  Então, sugiro que este artigo dê origem a um “FÓRUM” para que possamos prosear e – quiçá – nos conhecer melhor.


(...) 29/03/2014


O Dicionário Priberam de Língua Portuguesa traz 23 possíveis definições de alma:
1. Parte imortal do ser humano.
2. Pessoa, indivíduo.
3. Habitante.
4. Índole.
5. Vida.
6. Consciência.
7. Espírito.
8. Agente, motor principal; o que dá força e vivacidade.
9. Essência, fundamento.
10. Entusiasmo, calor.
11. Ânimo, coragem, valor.
12. Ente querido.
13. Interior da arma de fogo.
14  Peça de madeira no interior do violino.
15. Parte bicôncava do carril entre a cabeça e a patilha.
16. Pedaço de cabedal entre a sola e a palmilha de um sapato.
17. Pedaço de sola que fortalece o enfranque do calçado.
18. Válvula do fole.
19. O vão entre o calcanhar e o joanete.
20. O vão da maçaroca, do novelo, etc.
21. Chancela ou sinete de carta.
22. Mote de divisa.
23. Peça interior do botão coberto.

"alma", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/alma [consultado em 10-04-2014].

Confesso que estas definições me são muito familiares; mas me detive apenas até a 12ª, talvez, porque estas me soaram mais “HUMANAS”. Mas nada me intriga mais do que a sinopse do filme “21 GRAMAS”, dirigido por  Alejandro González Iñárritu e com um elenco respeitável (RE –CO –MEN –DO).   Eis a sinopse: “Três pessoas, Paul (Sean Penn), Jack (Benicio Del Toro) e Cristina (Naomi Watts), têm seus destinos cruzados em função de um acidente. A partir dele serão testados os limites do amor e da vingança, assim como a promessa da redenção. Vinte e um gramas é o peso que uma pessoa perde no momento da morte. É o peso carregado pelos que sobrevivem.” (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47795).


A primeira coisa que me vem à mente é: caso eu pudesse ENXERGAR MINHA ALMA, será que me alegraria com a visão? Penso isso porque há dias nos quais sinto medo até do meu “reflexo físico” no espelho. Imagine, num dia destes, enxergar minha alma.


Independentemente do significado técnico-científico ou religioso, vejo minha alma como uma névoa que se adapta (ou não!) ao meu corpo de acordo com o que digo, penso ou faço. Como a névoa é algo volátil e, como tal, muda não apenas de forma, mas também de cor e densidade. Por exemplo, neste momento, escrevo tensa, minha cabeça pesa e dói. Estou irritada e cansada. Penso que minha alma esteja pesada e opaca. ESTÁ UM DESASSOSSEGO SÓ!


(...) 31/03/2014 


Confesso que este é o artigo mais demorado e fragmentado que já escrevi. Fiz várias pausas. Todas as vezes que minha alma se calou, parei. Todos nós temos vez ou outra, bloqueios para escrever. Mas, neste caso, é diferente. É quase UMA NEGAÇÃO. É um não querer. Mais que isso: cada pausa que faço representa uma espécie de impedimento. Estas pausas longas me fazem pensar o seguinte: OBEDEÇO MINHA ALMA. E, por que digo minha alma e não meu cérebro? Porque, se fosse um ato exclusivamente racional (usasse apenas meu cérebro em nome da razão), eu continuaria escrevendo...


(...) 04/04/2014


Cada vez que volto de uma pausa, releio tudo que foi escrito. A caneta pesa. Há muitas rasuras nos meus manuscritos (escrevo muito à mão). Aí me lembro de algo que digo sempre aos meus alunos: “Façam sempre rascunhos. Escrevam, antes, com a ALMA. Depois, revisem com a RAZÃO.” Não sei por que motivo, com este artigo, isso não está funcionando. Há dias escrevo e pareço não ter encontrado ainda o “fio da meada”. Isso me incomoda... Nunca havia experimentado isso antes. Meus pensamentos e manuscritos sempre fluem. Os bloqueios que já tive até então foram breves e, quando retomava a escrita, o pensamento corria mais rápido que meus dedos...


(...) 06/04/2014


Devido ao tempo das pausas, a cada vez que retomei este artigo, me sentia de um jeito único. Isso dever ter sido um aspecto positivo, pois comecei a perceber que, a cada retomada, tentava enxergar a forma da minha alma. Nesta altura da escrita, as pausas já não me incomodam mais. Elas tinham uma razão de ser. Porém, foi necessária muita abstração para perceber os POSSÍVEIS DESENHOS DA MINHA ALMA. Quando estava feliz, enxerguei minha alma transparente, pude ver através dela e ela tinha o formato exato do meu corpo. Quando estava insegura, vi minha alma trêmula. Quando estava apaixonada, vi minha alma colorida e efusiva, ultrapassava os contornos do meu corpo. Quando estava cansada, vi minha alma disforme e escura, uma escuridão que cercava meu ser...

ALMA (Arnaldo Antunes)

“Alma, 
deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma,
superfície.

Alma, 
deixa eu tocar sua alma
Com a superfície da palma,da minha mão, 
superfície (...)

Alma, 
isso do medo se acalma
Isso de sede se aplaca
Todo pesar 
não existe
Alma, 
como um reflexo na água
Sobre a última camada
Que fica na superfície, (...).

Abra a sua válvula agora
A sua cápsula alma
Flutua na 
superfície lisa, que me alisa, seu suor
O sal que sai do sol, da superfície
Simples, devagar, simples,
bem de leve a alma já pousou, na superfície.”.


(...) Algumas horas depois...


Foram tantas as nuances vistas. Tenho ciência de que tudo foi subjetivo: as cores; as formas; as sensações. Ocorre-me que, talvez, não haja outra maneira de enxergar a alma. E, se assim for, muito do que NÃO É ESSÊNCIA perde ainda mais seu VALOR. Nenhuma roupa, por mais cara que seja, é capaz de colorir uma alma triste. Nenhuma maquiagem, por mais que disfarce as imperfeições e ilumine a face, não é capaz de iluminar uma alma que está na escuridão.


(...) 09/04/2014


Neste retorno, minha alma quer parar de “pensar” sobre si mesma. Aquela curiosidade do início do artigo abrandou. Não sei você, mas eu não me esforçarei mais para tentar enxergar nossas almas. Pelo menos não como fiz comigo. Descobri que minha alma NUNCA É A MESMA e mutante que é sempre me surpreenderá; assim como, a alma do outro. Contudo, prestarei mais atenção AOS SENTIMENTOS DO OUTRO e; sobretudo, AOS MEUS SENTIMENTOS.


(...) 10/04/2014


Parando por aqui, para mim, fica valendo o antigo preceito de que “os olhos são as janelas da alma.” Este par de olhos delatores... Somos capazes de fingir com todas as partes do corpo: um riso forçado; um gesto para disfarçar um embaraço... Mas os olhos tem vontade própria. Assim como piscamos sem nos darmos conta disso, eles REVELAM a alma. É através deles que a alma se apresenta. QUEM CONSEGUE POR DE VOLTA A LÁGRIMA DERRAMADA? Ou esconder as marcas de expressão que encolhem nossos olhos quando rimos? Nesses momentos quem fala é alma que, bem lá do fundo, estará sempre a nos fitar como quem se deslumbra com uma imensa vitrine. De que? Daquilo que escolhemos ter por perto.


Mari Monteiro (Outono, 2014)

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