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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

DOCENTE DECENTE E DOENTE (PROFESSOR HEALTHY OR SICK)

POR MARI MONTEIRO

Este artigo é dedicado a todos os docentes que AINDA se indignam com a situação da educação brasileira; que se RECUSAM A TRANSFORMAR EM LUGAR COMUM um aluno de 9º ano que não escreve espontaneamente e que não lê com fluência. Quero que saibam que, apesar do cenário "desenhado pelo sistema", NENHUM DE NÓS ESTÁ SOZINHO.


Não restam dúvidas de que a profissão docente exige muito da PESSOA HUMANA. Faço questão de frisar: PESSOA HUMANA. Isso porque, não raramente, lemos e estudamos textos (desatualizados, diga-se... ou seja; que relatam a situação e a postura de um docente “estudado/analisado” nas décadas de 70, 80, 90) que dão conta de um profissional cujo perfil não lhe permite "ser humano"; uma pessoa imune às mazelas educacionais e privado da capacidade de indignar-se. De um modo geral, o docente é visto como o grande “carrasco” do fracasso educacional brasileiro. A ele cabe toda culpa e toda responsabilidade pelos péssimos índices da Educação Básica Brasileira.


Confesso estar um tanto (aliás, um tantão) enojada destes discursos. A educação brasileira; a eficiência dos alunos e, consequentemente, a qualidade dos resultados obtidos estão INTIMAMENTE relacionados à falta de precisão e de “coerência” (ouso dizer: BOM SENSO) nas avaliações realizadas. Culpa dos docentes? NÃO! Assim desejo crer. Mas, de um sistema que atrela as notas e rendimentos obtidos pelos alunos a uma PSEUDOEVOLUÇÃO do aluno, por mais ínfima que seja.


Explico melhor: Adoeci. literalmente,  participando de reuniões pedagógicas, cursos de formação etc. em que, após a criação do que (por falta de terminologia adequada) chamo de tabela classificatória: aquela em que o aprendizado do aluno é, literalmente, FATIADO e analisado. Sob esta perspectiva, TUDO, exatamente tudo, é considerado avanço. Nada contra prestar atenção à evolução dos alunos. Sou RADICALMENTE CONTRA a “atitude” de nivelar por baixo o aprendizado; subestimar o aprendizado. Cansei de debater com profissionais que conseguem ler a palavra “ABACAXI” em “AAI”...  Como isso é possível? O infeliz que “ditou” a palavra sabe que ele TEVE A INTENÇÃO DE ESCREVER ABACAXI; mas e se pedem pra alguém que não tem a menor ideia do que foi pedido para escrever? Ah! Só para lembrar: EM XANGAI, 1º COLOCADO NO RANKING DO PISA 2012, O SISTEMA DE ENSINO É TRADICIONAL. (Fonte: http://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/sistemas-de-ensino acesso em 11/02/2014).


 Obviamente, não estou defendendo um retrocesso no modo de ensinar; ao contrário, todas as inovações e transformações devem ser levadas em conta no aprendizado. Contudo, não há como continuar “andando em círculos”; fechando os olhos para uma realidade vergonhosa: a educação brasileira, isso sob um ponto de vista muito otimista, NÃO FORMA APENAS INFORMA. O que faz com que grande parte dos indivíduos com certificado do Ensino Fundamental seja considerada ANALFABETOS FUNCIONAIS. Quem de nós, sobretudo no meio escolar, nunca ouviu um colega dizer algo como: “Fulano do 9º ano não sabe ler e, por isso, não interpreta...”. A esses indivíduos restam poucas oportunidades de continuidade de estudos no Ensino Médio e, consequentemente, no Ensino Superior. Daí a evasão escolar e o aumento das desigualdades sociais.


O exemplo mencionado, somado às sequelas da profissão docente, já seriam motivos suficientes para “JUSTIFICAR” o título deste artigo. Ora, um professor, decente (ético e dono de um mínimo de bom senso), só pode ficar doente diante de um quadro educacional que, praticamente, lhe ORDENA: “MINTA”; “FAÇA DE CONTA QUE ESTÁ TUDO BEM; QUE OS ALUNOS TERMINAM O ENSINO FUNDAMENTAL I LENDO E ESCREVENDO FLUENTEMENTE.” “APROVE SEUS ALUNOS E DÊ BOAS NOTÍCIAS AOS PAIS E RESPONSÁVEIS”. Ironicamente, neste caso, a "doença" é um "sintoma" da CURA... E, como a “cereja do bolo”, encontre meios para sobreviver com seu salário mensal. Ou, se não consegue, quem se importa? Para o sistema tanto faz se o professor trabalha em dois ou três empregos. ALIÁS, “DOBRAR PERÍODO” AGORA VIROU UM “CONVITE FORMAL!”.


E as coisas vão piorando. Na etapa seguinte, caso o mesmo aluno coloque um “B” para esta mesma palavra, VIVA! Rojões são soltos e a felicidade fica estabelecida. A ordem é: O ALUNO NÃO É ANALFABETO! VAMOS MUDAR A CLASSIFICAÇÃO DELE E PINTAR A FICHA DELE DE OUTRA COR. Mas, para mim, este aluno CONTINUA NÃO SABENDO ESCREVER!


Isso não exclui minha crença no PROCESSO DE ENSINO. Mas, não me venha fazer aprovar aluno que escreve “AAI” no lugar de “ABACAXI”. Gente, aos OITO ANOS DE IDADE, se o aluno não escreve e nem lê palavras e sentenças simples, ELE NÃO ESTÁ ALFABETIZADO E PRONTO! Estive no Ensino Fundamental I o suficiente para assistir cenas como esta. E, mais, ouvir coisas assim: “olha, como ele melhorou!”; “progrediu muito, vamos aprovar!”. Ora, tenha um pouco de BOM SENSO. Basta fazer um a analogia básica e  responder ao seguinte questionamento: POR QUE UM  ALUNO DE OITO ANOS DE UMA BOA ESCOLA PARTICULAR LÊ E ESCREVE DE FORMA SATISFATÓRIA PARA A IDADE E OS ALUNOS DA ESCOLA PÚBLICA AINDA SÃO “SILÁBICOS COM OU SEM VALOR”? 


E, não me venham com a balela de que se trata de estrutura familiar e social (obviamente, isso pesa e muito; mas não determina). E que, por isso, o aluno da escola privada é “mais favorecido” pelos fatores externos. Independentemente da classe econômica, toda criança que ingressa nas séries iniciais traz consigo milhares de horas de TV; imagens aleatórias registradas em sua memória de acordo com seu meio; relações com familiares e amigos... Ou seja, TODA criança já ouviu incontáveis PALAVRAS e guarda em sua memória incontáveis IMAGENS.

Então, qual a diferença?

O que mais me incomoda é que esta mesma ANÁLISE MEDÍOCRE se estende por todo o Ensino Fundamental. E, pior, norteia o trabalho pedagógico da grande maioria dos docentes (felizmente, conheço professores que se negam, apesar de sofrer REPRESÁLIAS, a nivelar o aprendizado por baixo). O que resulta numa formação debilitada do aluno para servir de base para a continuidade dos estudos no Ensino Fundamental II. Mas, convenhamos, A QUEM INTERESSA QUE OS ALUNOS APRENDAM DE VERDADE? QUE, EM DECORRÊNCIA DE UM ENSINO EFICAZ, ELE SEJA CAPAZ DE ANALISAR E DE ARGUMENTAR CRITICAMENTE?


Esta abordagem, de um modo muito conciso e sem a merecida consideração e aprofundamento, representa MINHA DEFESA EM PROL DO PROFESSOR, cuja culpabilidade ocupa um espaço muito maior do que seus DILEMAS PEDAGÓGICOS. O que passa pelo “sistema” e, quando digo “sistema”, quero dizer TODOS OS FATORES E SETORES QUE FAZEM PARTE DO PROFESSOR. E ele, na sua lida diária, nem sempre TEM ou ESTÁ em condições (físicas ou emocionais) para “bater de frente” com o “sistema” e dizer: “QUERO ALUNOS DE TERCEIRO ANO COM NÍVEL DE APRENDIZADO DE TERCEIRO ANO! PARA REALIZAR UM TRABALHO SATISFATÓRIO, NO QUAL MEU ALUNO APRENDA O QUE LHE É DE DIREITO.”


Enfim, DESAFIO, melhor, convido  a todos os leitores (professores; diretores; pais; alunos e público em geral...) a me CONVENCER, COMO SE EU TIVESSE OITO ANOS DE IDADE, DE QUE O “SISTEMA” ESTÁ CORRETO E QUE, CONSEQUENTEMENTE, A EDUCAÇÃO BRASILEIRA É ÓTIMA; APENAS NÃO É MELHOR POR PURA INCOMPETÊNCIA DOCENTE.

Com afeto (e com pesar),
Mari Monteiro




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

MEU CORAÇÃO FOI PASSEAR (PARTE II: O RETORNO) - MY HEART WAS WALK (PART II: THE RETURN)

POR MARI MONTEIRO




Tardou. Pareceu uma eternidade. A sensação física não era pior que a espiritual. No meu peito, obviamente, um vazio. Engraçado (apenas ligeiramente engraçado), é que este vazio era maior que o espaço ocupado pelo meu coração. A ausência do som costumeiro feito por ele, num velho ritmo conhecido, era ensurdecedora, irritante até. Mas isso tudo era, digamos, suportável, talvez pela previsibilidade da física e da biologia.

Mas, confesso, a ausência espiritual foi algo quase insuportável. Digo “quase”, porque, caso ele se demorasse mais alguns segundos, eu não estaria mais à sua espera. Teria descumprido a promessa. O fato de conhecer sua ausência física agravou o vazio espiritual e potencializou todas as demais preocupações. Sim. Preocupei-me com as aventuras dele fora do meu corpo. Pensava coisas descabidas (ou não!) como: “estaria ele sentindo frio?”; “Sofrido algum arranhão”; “Encontrou-se com outros corações a vagar por aí e esqueceu o caminho de volta?” Sabe como é.  Estamos falando do MEU coração, portanto...

O que mais atordoava meus pensamentos era a expectativa acerca dos pedidos que havia feito a ele (aqueles sobre voltar “leve”, carregando apensa o que valesse a pena). Pensava na possibilidade de ele voltar mais pesado ainda ou, pior, tão leve e vazio que estranhasse o espaço que deixara em meu corpo. Por vezes seguidas perdi o sono, perdi a fome, perdi as lágrimas e o riso.

Apesar de ciente de que esta era uma experiência, acima de tudo, atemporal, na minha pele e na minha mente, ele estava fora há décadas. O que consistia mais um motivo para que ele voltasse diferente, preferencial e ousadamente do jeito que havia lhe sugerido. Mas, há um pequeno detalhe: a vontade própria do meu coração que, até então, não conhecia.

Num dado momento, quando já não suportava mais minha respiração artificial, sem profundidade, deitada de costas n aminha cama, sinto algo sobrepor-se ao meu peito como que rasgando a pele, rompendo músculos, quebrando ossos e remexendo tudo dentro de mim para acomodar-se. Ele estava de volta. E, do modo como retornou, deveríamos, no mínimo, ter um dedo de prosa (como diria minha avozinha).



Certamente, um tanto desconfortável com uma dor suave que se espalhava pelo meu corpo inteiro eu decidi iniciar a conversa. Sabia. Deveria ser direta. Tinha pressa em saber de tudo e, mais, em me livrar da angústia de conjecturar como seriam meus sentimentos de agora em diante. Primeira fala:

 - Por que chegou assim, de surpresa?

- Não me disse que precisaria de permissão para retornar.

- É. Não disse.

- Além disso, já havia feito muito mais do que me pedira que fizesse.

Este “muito mais” causou uma pontada gélida no meu umbigo. (Um-bi-go... não sinto frio no estômago como todos, mas no umbigo..., mas isso é uma outra história). Continuei o que mais parecia um interrogatório. Mas eu não queria interrogar meu coração, queria conversar com ele. Assim, decidi ser mais branda e ouvir mais do que falar.

- Pois, bem meu saudoso e amado coração, me conte tudo que viu, sentiu e ouviu.

- Primeiro, senti muito frio fora do seu peito. Não sabia o que era sentir frio. Depois, senti muita solidão, também não sabia o que era isso. A luz lá de fora quase me cegou, pois até então, só enverguei através dos seus olhos e você sempre os protegeu da luz muito forte. Para tentar entender o que estava acontecendo comigo, tracei uma estratégia de sobrevivência sem você. Aproximei-me de outros corações. Cada novo instante me apegava a um coração diferente. Às vezes, mais velho que eu, ou mais jovem, mais ou menos feliz que eu, mais ou menos apaixonado.

- Isso deve ter sido incrível pra você. Imagino que você, depois desta “longa” aventura, tenha se tornado um coração mais sábio e, conseqüentemente, tenha sido capaz de fazer tudo que lhe pedi.

- Não se engane minha querida. Estou mais sábio, sem dúvida, mas nem por isso mais capaz de atender seus pedidos.

- Como não?

- Descobri que, um coração não é tão diferente do outro assim. O que mudam são as prioridades de cada um. E, quanto a isso, você, que é meu “abrigo” e seu espírito tem uma grande parcela de responsabilidade. São vocês quem decidem o que ocupa maior espaço em nós.

- Não concordo. Muitas coisas que sinto – como as dores de amores, por exemplo – não foram escolhidas. Ninguém em sã consciência deseja sofrer de amor, deseja perder um ente querido ou padecer da dor da saudade.

- É justamente a ordem e os espaços que você estabelece para os sentimentos e para as pessoas aqui dentro que desencadeiam todas as lágrimas... Ou todos os risos. Conheci corações, cujas prioridades são as coisas. São corações embrutecidos, não tem muitos amigos e moram num corpo que não sorri, possui uma fisionomia sombria e carrancuda, acha que todos o perseguem e desconfiam de toda e de qualquer aproximação. 

Outros corações reservaram amplo espaço para a generosidade, para o amor incondicional, para a tolerância. Estes são os mais felizes. Habitam corpos sorridentes e luminosos, corpos que também choram, mas o choro justo e não medíocre ou oportuno de muitos. Estão sempre rodeados de amigos. Amigos VER-DA-DEI-ROS. Conheci também um terceiro tipo de coração, o qual considerei mais pernicioso que o primeiro: o coração indiferente. Nele há espaço para tudo e para nada. Entra e sai quem quer. Nada ali cria raízes ou deixa suas marcas boas ou ruins. Tudo nele é superficial: a cor é um vermelho descorado, não bate com força, não quer companhia. Ele não está, de verdade, habitando aquele corpo e aquela alma. Tive medo deste coração. Afastei-me logo dele.

- Isso é triste. Dói.

- Mas, enfim, quanto ao que combinamos quando parti, como disse, não depende de mim a leveza ou o peso que sente no seu peito, escolher a quem amar mais ou aquém querer menos. Porém, sinto – me feliz em retornar para teu peito.

Nesse momento, senti um aperto diferente no peito. Não era aquele aperto de angústia. Era um aperto que mais parecia um abraço. Meu coração me abraçava. E pude experimentar uma sensação ímpar de gratidão e de afeto tão fortes que não parecem deste mundo. Por fim, ele disse.


- Eis me aqui de volta. Também tenho livre arbítrio e decidi voltar para você, para seu corpo que me abriga e para seu espírito que me acolhe. Aqui sempre coube um pouco de tudo que encontrei de bom “lá fora”: generosidade, amor incondicional, paixão (embora muitas vezes, você quebre a cara, mas mostra sua ousadia), um tanto de tolerância, quase nada de ganância (o que pode até ser ruim dependendo do ponto de vista, se bem que, no momento final, seremos apenas “nós”... nada material estará conosco...). Ah!!! Estava me esquecendo. Voltei, principalmente, porque aqui ainda há espaço de sobra pra você acomodar muitos outros sentimentos e pessoas... Quanto a mim, posso prometer ajudá-la. Serei seu guardião. Sempre que alguma mágoa quiser se alojar aqui dentro, tratarei de expulsá-la. O rancor, o desamor, o egoísmo e todos os sentimentos que minam “nossa casa terrena” e que impedem que perdoemos que amemos desinteressadamente e que vivamos plenamente não encontrarão moradia aqui... E olha que não será tarefa fácil. Mas, aprendi a te amar e farei isso por NÓS!

- De minha parte, também farei uma promessa. Manterei meu corpo em festa. Assim como havia prometido quando você partiu. Com muitas cores  e muito brilho no olhar. Pedirei o mesmo ao meu espírito. Sei das dificuldades de cumprir tal promessa, mas é aí que reside o desafio. Você voltou por amor a mim. E farei isso por amor a todos aqueles que se aproximarem. Creio que estaremos bem assim... Não acha?

- Só mais um pedido... Posso?

- Todos!



- Não me peça mais para deixar teu corpo, apenas cuide de mim, do seu espírito e, aí sim, estaremos bem!

OBS. Artigo escrito originalmente em 21/11/2011.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

MEU CORAÇÃO FOI PASSEAR (Parte I) - MY HEART WAS WALK (Part I)

POR MARI MONTEIRO



Sabe aqueles dias em que o peito vai encolhendo desde cedo até a noite... Encolhendo até parecer não mais caber o que tem lá dentro? Então... passam das nove horas da noite e tá tudo muito apertado lá dentro. Decidi entrar pra tentar ver o que acontece... mas não há espaço por onde eu possa caminhar. Ele ficou mais apertado ainda enquanto lá estive. Saí. Do lado de fora do meu peito, procuro, mais precisamente, desde a noite passada, as causas de tal aperto... cheguei a comentar com uma pessoa ontem a noite: "Meu coração está apertado". 

Depois, pensei bem, senti bem... e essa expressão não tem muita razão de ser. Arriscando um prognóstico (um tanto aleatório às coisas das ciências, mas totalmente afim às coisas do espírito), o coração não está apertado, ele está "solto demais", tanto que não cabe no peito... Daí o tal do aperto, como um cômodo  em que você vai colocando coisas e mais coisas... Eis meu coração sem lugar. Ele quer sair e voar... subir até o céu e respirar. Sei que depois ele volta. Já dei permissão e nem marquei a hora da volta, contanto que ele regresse melhor. Fiz apenas um pedido a ele: que volte pro meu peito (que a propósito, fica no meu corpo, portanto somos cúmplices... e isso é, sim, uma chantagem...) trazendo apenas aquilo de que realmente  prescinde.  Pedi que deixe por onde passar toda opressão,  os nomes e os rostos que ainda teima em lembrar, mas que há tampos nos esqueceram..., todo medo, dores, dissabores e o que mais ele julgar prejudicial para nossa reconciliação. Sim. Ao meu coração dei livre arbítrio. Em contrapartida, prometi a ele uma festa para seu regresso: um corpo com mais cores, com mais leveza, com mais segurança e mais espaço para todos os outros sentimentos e novidades que virão.

Continuo aqui, esperando que ele ouça meu pedido. Sei que o convenci de que esse passeio será bom para nós dois. mas sinto também que ele tem medo de me deixar, afinal ele nunca foi tão livre e nunca nos separamos (nem por um segundo!!! rsrs)  





Confesso, também sentirei falta dele... mas será um passeio fugaz, como alguém que vai à tona para respirar e retorna para novas buscas no fundo do mar. Além disso, nós dois sabemos a causa desta "expansão" toda, ambos somos culpados: deixamos entrar muita coisa pelo simples fato de não estabelecermos critérios. Mas, esta é uma outra conversa que teremos após o passeio. Até lá, fico aqui à mercê do resultado do passeio do meu coração e do seu regresso breve e leve pro meu peito que anseia por espaço pra acomodar todas as descobertas felizes que tenho pra fazer.  

Quanto ao que virá depois, prometo contar o desfecho na parte II. Juro! juro! E de dedinhos separados.

Obs. artigo escrito originalmente em 02/11/2011.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

AOS MEUS AMIGOS DO ENSINO MÉDIO: UM BRINDE POR TUDO QUE NOS TORNAMOS. (TO MY HIGH SCHOOL FRIENDS : A TOAST FOR ALL IN BECOME)

POR MARI MONTEIRO



ESCOLHAS que doem. Muito. Doem tanto, que me vejo na obrigação de justificar uma delas neste artigo. Não se trata de nenhum dramalhão; mas de fazer jus a tudo aquilo em que acredito e que sempre discursei em sala de aula. Isso não é, de forma alguma, uma atitude egoísta ou de autopiedade. Ao contrário, é um ato de coragem e de respeito. Coragem, porque exponho o que fiz e o que faço sem rodeios. E de respeito, porque meus alunos MERECEM entender minha atitude.


Como educadora, muito mais por conta própria e por intuição, do que por pesquisas científicas e leituras acerca dos grandes educadores, acredito que o APRENDIZADO SÓ ACONTECE QUANDO EXISTEM VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS. Não entendam “vínculos afetivos” como sinônimo de “paternalismo”, “assistencialismo” ou qualquer termo equivalente; entendam como RESPEITO MÚTUO; HUMANIZAÇÃO; DIÁLOGO E POSSIBILIDADES DE AMADURECIMENTO E DE TRANSFORMAÇÃO.

Quando ministro aulas, me coloco no lugar do aluno: Como gostaria de ser tratada? O que gostaria de aprender? O que é relevante (e sempre será)? O que faz a diferença? Neste sentido, sempre planejei minhas aulas de modo a PRIORIZAR DETERMINADOS CONTEÚDOS e AÇÕES. E, definitivamente, fornecer decorar listas, nomes e datas nunca foram prioridade nas minhas aulas. Afinal, O GOOGLE EXISTE PARA ISSO: fornecer informações; logo, eu devo fazer algo mais útil com meus alunos. Tratar as informações; por exemplo; questionar; despertar desejos por outras apropriações de conhecimento... Enfim, meu papel não é apenas ler junto, mas conhecer o que por trás de tudo que lemos. É a TRANSFORMAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM CONHECIMENTO.


Daí eu ser uma professora “diferente”. Para algumas pessoas, aquelas que conhecem (ou conheceram) BEM DE PERTO meu trabalho, isso é bom; para quem só vê de longe, isso é péssimo. Já ouvi tantas frases assim: “Pra que isso?”; “Pra que filme? Só pode ser pra enrolar!”; “Pra que ensinar o aluno a argumentar, depois, ele vira um achato?”.


Não lamento, ESTA SOU EU. E isso explica porque estou vivendo um MOMENTO TÃO DIFÍCIL, ao “deixar” boa parte do Ensino Médio este ano. Não estou me distanciando de alunos; mas de AMIGOS! Pessoas com as quais me relacionei por um tempo significativo; pessoais com quais vivenciei muitos momentos importantes.


Nossas aulas NUNCA foram apenas aulas. Escrever – ler – estudar – responder. Isto é um ciclo contínuo, vicioso e PERNICIOSO, que faz com que andemos em círculos. Minha preocupação sempre foi (e será!), aprender junto com o meu aluno, com o objetivo de favorecer a autonomia da busca (movida pelo desejo, claro), de mudar comportamentos (eu mudo muito e sempre), de compreender meu papel nesse mundo caótico e de combater, na medida do possível a indiferença.


Para tentar alcançar meus objetivos, talvez NÃO MUITO ORTODOXOS na visão de alguns, a gente (eu e meus alunos) não nos prendíamos aos livros. TODAS AS INFORMAÇÕES DOS LIVROS ESTÃO DISPONÍVEIS NOS SITES. Então, procurávamos, no material didático, tudo aquilo que fosse possível “LINCAR” com nosso tempo, com nossas NECESSIDADES DE APRENDIZADO. Para isso, ouvíamos músicas; assistíamos filmes; promovíamos debates; registrávamos nossas considerações, em forma de produções textuais e, depois, em forma de NARRATIVAS DIGITAIS  aqui no blog; socializávamos nossos pensamentos; agregávamos valores aos fatos.  


É, inclusive,  por conta destes momentos que lamento deixar as aulas. Ato, no momento, inevitável. Tive que respeitar meus limites e priorizar algumas “coisas” como minha saúde emocional, por exemplo. Sempre digo que as melhores coisas da vida não estão à venda. E era justamente isso que estava em jogo: minha capacidade de sorrir; o trabalho por prazer; a disposição que move corpo e mente...  E, quanto ao que se compra com trabalho honesto, cabe dizer que o salário que PRECISA, EM TODAS AS INSTÂNCIAS E EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, SER JUSTO.

Assim, saibam que sentirei muita falta das conversas (aprendi muito com vocês...); da presença de vocês aqui no blog; de cada filme assistido; de cada conversa particular (por que não?) e, principalmente, dos sorrisos e das lágrimas; das TROCAS DE OLHARES que acabavam com perguntas recíprocas como: “Você está bem?”; “As coisas melhoraram?”... Porque a gente aprendeu, com o tempo, a SE IMPORTAR UNS COM OS OUTROS. Saibam que continuarei me importando. Sempre!

Com afeto, Mari

Seguem alguns dos nossos momentos juntos!!! Bendita seja a fotografia (rsrsrs)



















































































































































































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