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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

SAWABONA: BONDADE TAMBÉM SE APRENDE (SAWABONA: KINDNESS ALSO LEARN)

POR MARI MONTEIRO



Foto: Jessica Hilltout/AMEN


Sempre acreditei que é possível APRENDER e DESENVOLVER atitudes e sentimentos como PERDÃO; AMOR e RESPEITO. Um dos muitos aspectos admiráveis da cultura africana nos mostra que isso é possível. Neste caso, falo da saudação: SAWABONA SHIKOBA, que, a propósito já foi bastante divulgada, quanto à praticá-lo, é uma outra história...

Basicamente, trata-se da SOBREPOSIÇÃO das virtudes aos defeitos. O que faz muito sentido. Ninguém é todo bom, mas também ninguém é de todo ruim. Mas, nós, com nossa ARROGÂNCIA e EGOÍSMO temos uma tendência cada vez maior de JULGAR e de CONDENAR os erros dos outros... Sem olhar para nossos próprios defeitos. Feito isso, simplesmente, EXCLUÍMOS algumas pessoas de nossas vidas sem, ao menos, lhes darmos outra oportunidade.


Temos muito que aprender. Não somos perfeitos. Ninguém é! Não somos eternos nesta Terra. Ninguém é! Então, para que tanta empáfia? Tantos jogos de interesse? Tanta ganância? Na hora de “fechar as contas”, queridos leitores, nós estaremos COMPLETAMENTE SÓS.  Gosto de imaginar que a pergunta final seja: “O que foi que VOCÊ fez pelo outro?”. Talvez argumentemos: “Estudei, trabalhei, adquiri bens, realizei sonhos...” E, ainda assim, insistirão: “O QUE VOCÊ FEZ PELO OUTRO QUE NÃO TENHA SIDO EM SEU FAVOR; QUE NÃO TENHA SIDO PENSADO COMO FORMA DE OBTER UMA RECOMPENSA; QUE TENHA REPRESENTADO A GENEROSIDADE GRATUITA?




Não é preciso muito esforço para prever que a maioria de nós não teria respostas plausíveis... Assim, “borá lá” aprender a SER melhor; aprender a prática da generosidade e do perdão. A origem da saudação: SAWABONA! Pode ser um bom começo. Aproveitemos e aprendamos SEM MODERAÇÃO. segue este belo exemplo de convivência e de amor ao próximo: 

Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.
A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.

A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: "Eu sou bom".Sawabona Shikoba!

SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer: "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO. VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM."

Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é:" ENTÃO, EU EXISTO PRA VOCÊ". 





quinta-feira, 16 de abril de 2015

AONDE VAMOS COM TANTA PRESSA? (WHERE WE GO WITH SO HURRY?)

POR MARI MONTEIRO



Já escrevi mais de uma vez neste blog que a gente não aprende apenas de modo formal. Aliás, POBRES daqueles que se prestam somente a esse tipo de educação. A gente aprende; sobretudo, com os próprios pensamentos e atitudes. Nada é mais dolorido do que o ARREPENDIMENTO DE NÃO TER FEITO ALGO... Por alguém e por nós mesmos.  Logo, por que não aprender a empregar bem o nosso pouco tempo? Até posso arriscar uma resposta: “Porque não pensamos no tempo com o merecido VALOR". Pensamos nele como se fosse inesgotável... Adiamos abraços; amores; riscos; declarações; conversas... “Hoje não dá!”; Hoje não posso!”; “Depois eu vejo isso!”; “ Outra hora a gente se fala!”... Falamos e ouvimos coisas similares o “tempo todo”...

Hoje me flagrei pensando algo, no mínimo, tenebroso: “e se eu soubesse exatamente quanto tempo ainda tenho de vida?”. “O que mudaria?” Fazer o que? Fiquei muito encanada... Como não temos domínios sobre estes “insights”, continuei pensando nisso ao longo do dia. E, como também acredito que nada é por acaso, não consegui me desvencilhar facilmente das idéias e memórias que começaram a povoar minha mente.



O primeiro aspecto que analisei foi: “COM QUAIS PESSOAS GOSTARIA DE PASSAR O TEMPO QUE ME RESTASSE? A lista me surpreendeu! Independente de não ter a menor vontade de mensurar dias, semanas, meses... horas, a lista não é grande. Ao contrário, algumas pessoas eu nem gostaria de rever. Outras, que já não estão comigo, gostaria de ter passado mais tempo com elas... Como, por exemplo, meu pai; minha amiga Vilma... Enfim, foi inevitável. Lembrei do MUITO TEMPO QUE NÃO DEI.

Então, ponderei, por que não começar a dedicar mais do meu tempo a estas poucas e raras pessoas enquanto posso? Isso implica uma REORGANIZAÇÃO de pensamentos; mudanças de HÁBITOS; “PAGAR DE DOIDA E DE IRRESPONSÁVEL”. Sim, porque se criou uma CULTURA DA PRESSA: quem não está com pressa é vagabundo; é desinteressado!

 Constatei que todo nosso tempo está milimetricamente comprometido. COM QUEM? COM O QUÊ? Pensei muito nisso também. As descobertas superficiais que fiz, por enquanto (isso é coisa pra pensar e repensar COM CALMA E COM ALMA) são assustadoras. Meu tempo é dedicado ao trabalho (preciso sobreviver!); a algumas  atividades físicas (gostei desta parte!); com estudos (preciso avançar profissionalmente!); e o pouco que sobre: como, durmo (muito pouco pro meu gosto!) e falo com meus familiares s enamorado (também muito pouco para meu gosto!). Ou seja, ESTÁ TUDO ERRADO! Preciso reorganizar isso!

Só quando conclui o parágrafo acima, foi que percebi que, a cada tempo gasto (me justifiquei entre parênteses...).  Isso foi feito no impulso. Relendo, penso que foi uma tentativa INCONSCIENTE E INCONSISTENTE de me isentar da culpa por não ter mais tempo para os “AFAZERES” e para as PESSOAS que amo.



O que consegui com isso??? Primeiro, uma forte dor de cabeça; neste exato momento, minha cabeça está, literalmente, explodindo. Segundo, agora sei o porquê me canso tanto! Cadê eu e meus prazeres??? Não há espaço para prazeres; mas há espaço para insegurança; para o medo; pra pensar em dívidas. Durante muito tempo, tive dois ou três empregos. Pra quê? Não sei! E, chegar a esta conclusão, dói muito. A dor do arrependimento. Quanto tempo e energia despendidos... Quantas manhãs cheias de olheiras, resultantes de noites mal dormidas (às vezes, nem dormidas!)... Quantas lágrimas causadas por injustiças e humilhações...


Enfim, por que essa agonia agora Mari? Passei bem umas duas horas para tentar continuar escrevendo. BUSCAR UMA RESPOSTA HONESTA PARA SI MESMO É DIFÍCIL. Nesse momento, quero dizer que não quero que estes meus escritos se transformem num EPITÁFIO; mas sim num ALERTA (em tempo) PARA MIM E PARA VOCÊ. Vou tirar o pé do freio; vou fazer uma lista de PRIORIDADES; não correrei mais; respeitarei o ritmo do meu CORPO e da minha alma ALMA; prestarei mais atenção aos “SINAIS”; dedicarei mais tempo ao meu espírito; conversarei mais pausadamente; abraçarei mais (ainda mais rsrs)...   Convido-te a fazer o mesmo. Claro, se você não estiver com muita pressa...


sexta-feira, 10 de abril de 2015

UM OLHAR SOBRE A OBRA: “O AMOR LÍQUIDO”, de ZYGMUNT BAUMAN (LIQUID LOVE)

POR MARI MONTEIRO
 
“O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da atualidade. Aos 87 anos, seus livros venderam mais de 200 mil cópias. Um resultado e tanto para um teórico. Entre eles, “Amor liquido” é talvez o livro mais popular de Bauman no Brasil. É neste livro que o autor expõe sua análise de maneira mais simples e próxima do cotidiano, analisando as relações amorosas e algumas particularidades da “modernidade líquida”. Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.”
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/de_dentro_da_cartola/2013/11/zygmunt-bauman-vivemos-tempos-liquidos-nada-e-para-durar.html#ixzz3WYCwtrDu



Sempre digo que me faltam duas coisas; dinheiro para comprar todos os livros que tenho vontade e TEMPO para lê-los (e reler também). No caso deste livro, ganhei de presente de uma aluna (era uma das minhas opções de amigo secreto).




 









Mais que caminhar e “se atualizar”, Zigmunty Bauman “SE FLEXIBILIZOU” o suficiente para entender o presente e as tendências relacionadas à modernidade e à evolução tecnológica. Graças a essa compreensão e visão apuradas dos fatos, Bauman nos oferece uma oportunidade de contemplar e de analisar as RELAÇÕES HUMANAS NA CONTEMPORANEIDADE. Confesso que, depois da leitura, o que mais “ficou” foi uma espécie de sinal de alerta sobre a fragilidade das relações interpessoais.


Não foi uma leitura simples e nem rápida. Pelo contrário, estudei a obra. Daí tantas anotações no livro.
 


O autor, com suas análises irrefutáveis, me fez pensar o quanto caminhamos incessantemente para o ISOLAMENTO e para o DISTANCIAMENTO
Vivemos num tempo em que tudo está se tornando DESCARTÁVEL; inclusive, as relações afetivas o que, particularmente, considero muito triste. Bauman, afirma que vivemos num tempo onde se busca a “SATISFAÇÃO INSTANTÂNEA. Temos pressa para tudo. E, contraditoriamente, temos pressa para encontrar o amor e, quando encontramos, geralmente, não somos “hábeis” e sensíveis o bastante para mantê-lo vivo, para que o desejo não seja passageiro.


“(...) Semear, cultivar e alimentar o desejo leva tempo (um tempo insuportavelmente prolongado para os padrões de uma cultura que tem pavor em postergar, preferindo a ‘SATISFAÇÃO INSTANTÂNEA). O desejo PRECISA DE TEMPO para germinar, crescer e amadurecer. Numa época em que o ‘longo prazo’ é cada vez mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do desejo para dar ‘lucros’ parece cada vez mais longo – irritante e insustentavelmente longo.” (Bauman, 2004:26). 


Ouço e presencio também sobre a rapidez e sobre a relativa facilidade com que se desfazem os relacionamentos atualmente. Não se tenta mais. É o tempo do “AMOR ATÉ SEGUNDO AVISO”, como diz Bauman. “A fila anda” é o clichê mais ouvido por aqueles que saem de um relacionamento.  Tenho pra mim que isso acontece de forma cada vez mais corriqueira, porque os relacionamentos já começam de forma SUPERFICIAL. A quem interessa aprofundar e solidificar as relações; estreitar laços (sem virar nó, como diria Mario Quintana)? Não há mais diálogo e, muito menos reciprocidade. Tudo paira sobre a relação, mas quase nada é aprofundado; tudo é dito com o menor número de palavras possível e de modo rápido (ninguém tem tempo a perder); nada é conversado, pensado... Sentido. Falta persistência, compreensão e sensibilidade e, pior, FALTA EXPRESSAR TUDO ISSO.


Perniciosamente, estamos nos acomodando; acostumando-nos com a ACEITAÇÃO PASSIVA; COM O DESCARTE DE SENTIMENTOS; COM A VIDA QUE PASSA RÁPIDO DEMAIS; COM O SILÊNCIO (nosso e dos outros) que ocupa o lugar das conversas que ratificam nossa condição de humanos; com o “TCHAU” e com o próximo “OI”... Muitos relacionamentos: RÁPIDOS; FÚTEIS e SUPERFICIAIS. 


“(...) À deriva, a frágil balsa do relacionamento oscila entre as duas rochas nas quais muitas parcerias esbarram: a submissão e o poder absolutos, a aceitação humilde e a conquista arrogante, destruindo a própria autonomia e sufocando o parceiro. Chocar-se contra uma dessas rochas afundaria até mesmo uma boa embarcação com tripulação qualificada – o que dizer de uma balsa com um marinheiro inexperiente que, criado na era dos acessórios, nunca teve a oportunidade de FAZER REPAROS? Nenhum marinheiro atualizado perderia tempo consertando uma peça sem condições para a navegação, preferindo trocá-la por outra sobressalente. Mas, na balsa do relacionamento não há peças sobressalentes.” (Op. Cit. 31)
 Ao mesmo tempo em que prezo o diálogo, a profundidade dos relacionamentos e os sentimentos honestos, defendo a FLEXIBILIDADE; a nossa capacidade (diria essencial, quase uma questão de sobrevivência) de adaptar-se às mudanças sem; contudo, perder a essência e os valores. Tarefa nada fácil já que tais mudanças incluem a “pressa”; a correria; o tempo curto; a substituição de quase tudo... Em vez do “reparo”, que caracterizam este “mundo fluido”, conforme afirmação de Bauman.
 


Outro aspecto muito interessante da obra é a crescente perda da habilidade de manter RELAÇÕES HONESTAS E SAUDÁVEIS. Percebam.  Melhor, façam os testes. As pessoas evitam a troca de olhares. Olhares demorados então? Nem pensar! É mais ou menos como se olhar nos olhos irritasse as pessoas ao ponto de elas acharem que estão, por exemplo, sendo encaradas. Menciono isso, não somente porque isso muito me interessa: GOSTO DE OLHAR NOS OLHOS; mas porque é uma questão que vem se agravando com o avanço tecnológico.  As “coisas” nas telas dos mais diversos aparelhos aparecem e somem muito rapidamente. Então nossos olhos não “DESCANSAM” mais. É uma pena, porque a exemplo de Chico Buarque também “acho uma delícia quando você esquece seus olhos em cima dos meus.” Tudo é efêmero!
 


“O advento da proximidade virtual torna as conexões humanas simultaneamente mais frequentes e mais banais, mais INTENSAS e mais BREVES. As conexões tendem a ser demasiadamente breves e banais para poderem condenar-se em laços. Centradas no negócio à mão, estão protegidas da possibilidade de extrapolar e engajar os parceiros além do tempo e do tópico da mensagem digitada e lida – ao contrário daquilo que os relacionamentos humanos, notoriamente difusos e vorazes, são conhecidos por perpetrar. Os contatos exigem menos esforço e menos tempo para serem estabelecidos e também para serem rompidos. A distância não é obstáculo para se entrar em contato – mas, entrar em contato não é obstáculo para se permanecer à parte. Os espasmos da proximidade virtual terminam, idealmente, sem sombras nem sedimentos permanentes. Ela pode ser encerrada, real e metaforicamente, sem nada mais que o apertar de um botão.” (Op. Cit.: 82). 






Precisamos ser cada vez mais corajosos para amar e, mais ainda, para ASSUMIR e para DEMONSTRAR amor. Caso contrário, este nobre sentimento não passará de um líquido que escorre por entre os dedos.  Para tanto, há muitas coisas para se fazer e um longo caminho para percorrer (e percorrer até que a busca pelo equilíbrio se torne um hábito): harmonizar máquinas e homens; não se deixar hipnotizar pelas tentações das telas ao ponto de mergulhar no isolamento; evitar o distanciamento que nos conduz ao isolamento e cultivar a sensibilidade que nos HUMANIZA. Enfim, viver e conviver na (e com a) modernidade, mantendo nossas essências e estabelecendo RELAÇÕES HUMANAS REAIS, permeadas por um amor real... E sólido o bastante para sobreviver ( e viver COM PRAZER) numa sociedade cada vez mais fluida; superficial; descartável e fútil.



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