A obra “Pandolfo Bereba”, da escritora Eva Furnari, é parte
de uma coleção denominada “O AVESSO DAS COISAS”. Especialmente nesta obra, a
autora enfatiza questões relacionadas ao JULGAMENTO BASEADO PENAS NA APARÊNCIA
FÍSICA DAS PESSOAS. Para tanto, ela conta
a história do príncipe Pandolfo
Pereira que, a propósito, se considera perfeito.
A história é repleta de palavras e de expressões
“DELICIOSAS”. Por exemplo, o Reino em que o príncipe vivia chamava-se “BESTOLÂNDIA”...
Por que seria? (rsrsrs)
Além disso, Pandolfo tinha a péssima mania de ficar
observando e até atribuindo notas para a aparência de seus súditos. No decorrer
da história, o príncipe percebe que precisa de um amigo verdadeiro e, depois,
de uma namorada... Mas, como era de se esperar, não servia uma namorada
qualquer: “(...) Uma namorada. Uma princesa. Uma princesa nota dez. O príncipe
Pandolfo anunciou seu desejo aos quatro ventos e a notícia espalhou-se pelo reino da Bestolândia. (...)”
Mais que isso, só mesmo lendo a obra na íntegra. Vale muito
a pena. O livro, de maneira DIVERTIDA, lida com questões polêmicas, delicadas e
ESSENCIAIS que permeiam as relações humanas.
Na contracapa de todos os livros desta coleção de Eva
Furnari, contém o seguinte texto:
“Você
já viu avesso de bordado? Tem nó, tem linha pendurada, é uma confusão! Não dá
nem para acreditar que aquele lado feioso faz parte do lado direito, todo
bonito. Pois é, o avesso da gente é parecido com isso. Tem coisas que às vezes
a gente não quer mostrar, só quer esconder. A beleza, porém, está em saber que
todo o direito da gente tem avesso, ou todo avesso tem seu direito, assim como
toda sombra tem sua luz.”Enfim,
trata-se de uma obra, cuja leitura oportuniza desde uma simples atividade a ser
realizada com crianças até as mais profundas reflexões e dinâmicas a serem
realizadas com ADULTOS. É mesmo uma obra NOTA DEZ! (RS)
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra
circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro
cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando,
esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho
e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros
saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso
das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém
dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor
perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda
barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se
sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados
por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar
com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra
viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
A cada
vez que leio este poema de Drummond, muito me alegro, porque tenho um ideal de
casa que, de tão simples, É COMPLEXO. Muito parecido com a descrição de Drummond;
sobretudo, quando ele afirma que a casa deve ser arrumada para ficar com “A
CARA DA GENTE”.
Durante alguns anos morei numa casa muito grande pra mim.
Minha casa era fria. E eu sou muito friorenta... Além disso, passava muito
pouco tempo lá e boa parte deste tempo num dos cômodos que tinha uma plaquinha
na qual se lia: “Meu quartinho”. Era um
quarto que se transformou em muita coisa: foi biblioteca; foi pista de dança;
foi escritório; foi confessionário.
Nesta
época, comecei a repensar meu “ideal de casa”. Tratei de iniciar uma
“PEREGRINAÇÃO DENTRO DE MIM”. Haveria algo que pudesse fazer. Precisava muito
de um lugar de referência, um lugar pra onde voltar e me sentir, literalmente,
EM CASA! A seguir, o clipe "meu reino", com abanda Biquini Cavadão:
Foi assim que comecei a listar mentalmente o que gostava
numa casa. Gosto de casa limpa. Uma vez limpa, gosto de certa DESORGANIZAÇÃO.
Opa, há gente habitando aqui. Um livro entreaberto; uma manta no sofá em dias de
frio; a taça usada para servir o vinho na noite anterior, esquecida no criado
mudo ou no tapete da sala...
Gosto de aconchego, de me deitar e ficar quietinha no escuro
do meu quarto; em outras horas, coloco o som alto e danço. Gosto de ver filmes horas a foi; assistir a
temporada inteira da NBA; futebol... E shows... E, se der vontade, como pipoca
na minha cama.
Conheço pessoas que moram BEM, mas vivem MAL. Todos nós
conhecemos. Existe aquele tipo de casa que, de tão linda e “chique”, parece
casa de novela (não vejo novela, mas já vi algumas cenas...). As casas são
lindas. Mas é só isso. Só lindas. Sem vida. Já cheguei a visitar (pouquíssimas
vezes, claro, mesmo porque não dá vontade de voltar) casas assim. Logo que entrei,
não sabia para onde ir e nem o que fazer. Tudo tão imaculado. Tudo tão no lugar
que, a impressão que tinha era que, se eu desse um passo, tudo desmoronava.
Sentar confortavelmente? Como? Se a anfitriã
s e estava na pontinha do sofá. E eu louca pra me esparramar naquele sofá
deslumbrante. Falta de educação da minha parte minha? Imagina. Só queria,
literalmente, EXPERIMENTAR O QUE É BOM.
Lembro-me que, nesta ocasião, pensei: “Será
que esta pessoa se deita neste sofá de vez em quando? Come pipoca com os filhos
nesta sala? Toma vinho com os amigos aqui?”.
Tem algo que muito me incomoda: o risco de nos tornarmos hóspedes
em nossas próprias casas. E eu já vivenciei isso. Quando me dei conta que
trabalhava demais para manter uma casa grande com TV a cabo (que eu não tinha
tempo de ver); com internet (que só usava para trabalhar MAIS); uma sala
aconchegante (que eu mal frequentava); um cachorro que eu amava (mas que
passava o dia todo sozinho); uma coleção de CDs (que não ouvia com a frequência
que gostaria).
Enfim, não posso afirmar que, atualmente, eu moro numa “casa
de Drummond” ou no “ideal de casa da Mari”. Mas, tenho meu canto, meu quarto. Um
lugar muito limpo; mas “desarrumado” ao meu modo. Um lugar que me agrada, onde
gosto de estar. Meu lugar de descanso; de estudos; de risos; de lágrimas; de
namoro; de conversas; de comer pizza; de tomar vinho; de rezar e de me
encontrar com meus “heróis” e com “meus monstros”. Um lugar cuja única regra é
SENTIR-SE À VONTADE. Paradoxalmente livre entre quatro paredes.
De tempos em tempos,
surge uma lenda urbana. De um modo geral, as lendas urbanas possuem como “pano
de fundo” os ambientes escolares. Tais fatos estão, de um modo geral,
relacionados a alguns mitos que ficam gravados para sempre no imaginário
popular. Trata-se de “causos” que são contados
há gerações. E, mesmo sem provas concretas sobre quaisquer tipos de lenda
urbana até o momento, o IMAGINÁRIO COLETIVO trata de trabalhar em prol daquilo
que deseja “tomar como verdadeiro”; ou seja, a pessoa que conta uma lenda
urbana, jura que aquilo, de fato, aconteceu. Quem viu? Não se sabe. Quem
contou? É sempre um amigo do amigo... E por aí vai. Segundo a Wikipédia,
as principais características de uma lenda urbana são: ► Uma forma narrativa (geralmente uma
pequena história, porém bem estruturada); ► Procura sempre se autenticar por meio de testemunhas e provas
supostamente existentes; ► As pessoas que as contam geralmente às ouviram de alguém e quando
repassam a história costumam confirmá-la como se tivesse sido vivida por ela
mesma. Adianto que este artigo não tem a pretensão de enfocar qualquer tipo de
crença; mas, sim, contribuir com o esclarecimento deste tema que se tornou um
viral na internet. Há dias nós, trabalhadores da educação (e todos os usuários
de redes sociais), nos deparamos com falas como: “Vamos à sua casa fazer a
brincadeira do Charlie?”; Leva os lápis pro recreio pra gente brincar!”Obviamente,
o teor das conversas varia muito de acordo com a faixa etária. Mas... A
temática é a mesma: O CHARLIE!
Fato é que as lendas urbanas atravessam
décadas. Quem de nós, adultos, não teve medo de ir sozinho ao banheiro por conta
da “LOIRA DO BANHEIRO”? E não ficou, no
mínimo, curioso acerca do “Chupa – cabras”? E a boneca do filme “Annabelle”? O que
diferencia as lendas urbanas “mais antigas” das atuais é a VELOCIDADE com que
os “boatos” se propagam com o “auxilio” da internet. Basta abrir qualquer rede
social e lá está a lenda urbana da vez: “O CHARLIE”. Seguida de milhares de
relatos e hashtags próprios.
Basicamente, o
desafio é muito parecido com o “JOGO DO COPO”, onde perguntas eram feitas e o
copo se movia rumo às letras para fornecer a resposta. A diferença é que no
desafio de Charlie, existem apenas duas alternativas: SIM ou NÃO. Outro aspecto que chama
atenção nesta “brincadeira” é o fato de que o suposto espírito é mexicano e se
chama “Charlie”. E os participantes, ao menos na maioria dos vídeos e
fotografias divulgados, escrevem as respostas em inglês. E, no momento da
brincadeira, as perguntas são feitas ou em Inglês; Português ou em Espanhol. Ou
seja, o espírito é poliglota. Brincadeiras à parte tem
se presenciado crianças assustadas com a brincadeira ou com o que ouvem a
respeito dela. Há relatos de crianças que não querem mais ir pra escola, porque
“Charlie” está lá. Há que se considerar que as crianças NÃO POSSUEM O MESMO
DISCERNIMENTO E NEM MATURIDADE que nós adultos. Daí a necessidade de
intervenção por parte de escolas e famílias no sentido de desmistificar o
“Desafio Charlie”. Sobretudo, porque a maioria das crianças que se assusta com
esta circunstância, desvia sua atenção, enfocando mais a brincadeira e o medo e
a adrenalina dela advindas do que as atividades escolares propriamente ditas.
Opinião esta que eu e Felipe Neto compartilhamos. Inclusive, segue um vídeo em
que ele diz isso e um pouco mais. Porém, CABE UMA ADVERTÊNCIA QUANTO AO VÍDEO:
NÃO RECOMENDO PARA MENORES; quanto a mim, concordo plenamente com ele! “MENOS
CHARLIE E MAIS ESTUDO”. Tal como as demais
lendas urbanas, esta também terá um “tempo útil”. Logo, todos se cansarão da
brincadeira em si e dos boatos acerca dela. Ou – quem abe? – antes, apareça
outra lenda urbana para tomar o lugar de “Charlie”. Enquanto isso não acontece,
vale a pena garimpar alguns vídeos que desmistificam o tema (há vários
disponíveis no youtube). Ou, quem sabe, para atenuar o medo das crianças
menores, encenar situações nas quais fique claro que algum participante REAL é
quem faz o lápis se movimentar, seja com a vibração da própria voz ou por estar
encostado na mesma etc. Enfim,
particularmente, considero, no mínimo, ESTRANHO que os EDUCADORES IGNOREM ESTE
ASSUNTO. É possível tirar muito proveito e aprendizado da temática lenda
urbana. Sem contar que a mídia já se encarregou da SENSIBILIZAÇÃO. O interesse
esta DESPERTO.