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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

SÉRIE IMPRESSÕES LITERATURA INFANTIL: “PANDOLFO BEREBA”, OBRA DE EVA FURNARI (CHILDREN'S LITERATURE)

POR MARI MONTEIRO



A obra “Pandolfo Bereba”, da escritora Eva Furnari, é parte de uma coleção denominada “O AVESSO DAS COISAS”. Especialmente nesta obra, a autora enfatiza questões relacionadas ao JULGAMENTO BASEADO PENAS NA APARÊNCIA FÍSICA DAS PESSOAS. Para tanto, ela conta  a história do príncipe  Pandolfo Pereira que, a propósito, se considera perfeito.


A história é repleta de palavras e de expressões “DELICIOSAS”. Por exemplo, o Reino em que o príncipe vivia chamava-se “BESTOLÂNDIA”... Por que seria? (rsrsrs)



Além disso, Pandolfo tinha a péssima mania de ficar observando e até atribuindo notas para a aparência de seus súditos. No decorrer da história, o príncipe percebe que precisa de um amigo verdadeiro e, depois, de uma namorada... Mas, como era de se esperar, não servia uma namorada qualquer: “(...) Uma namorada. Uma princesa. Uma princesa nota dez. O príncipe Pandolfo anunciou seu desejo aos quatro ventos e a notícia espalhou-se  pelo reino da Bestolândia. (...)”
  


Mais que isso, só mesmo lendo a obra na íntegra. Vale muito a pena. O livro, de maneira DIVERTIDA, lida com questões polêmicas, delicadas e ESSENCIAIS que permeiam as relações humanas.


Na contracapa de todos os livros desta coleção de Eva Furnari, contém o seguinte texto:


“Você já viu avesso de bordado? Tem nó, tem linha pendurada, é uma confusão! Não dá nem para acreditar que aquele lado feioso faz parte do lado direito, todo bonito. Pois é, o avesso da gente é parecido com isso. Tem coisas que às vezes a gente não quer mostrar, só quer esconder. A beleza, porém, está em saber que todo o direito da gente tem avesso, ou todo avesso tem seu direito, assim como toda sombra tem sua luz.”Enfim, trata-se de uma obra, cuja leitura oportuniza desde uma simples atividade a ser realizada com crianças até as mais profundas reflexões e dinâmicas a serem realizadas com ADULTOS. É mesmo uma obra NOTA DEZ! (RS)





sexta-feira, 19 de junho de 2015

MINHA CASA É MEU REINO (MY HOUSE IS MY KINGDOM)

POR MARI MONTEIRO



CASA ARRUMADA


Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)





A cada vez que leio este poema de Drummond, muito me alegro, porque tenho um ideal de casa que, de tão simples, É COMPLEXO. Muito parecido com a descrição de Drummond; sobretudo, quando ele afirma que a casa deve ser arrumada para ficar com “A CARA DA GENTE”.





Durante alguns anos morei numa casa muito grande pra mim. Minha casa era fria. E eu sou muito friorenta... Além disso, passava muito pouco tempo lá e boa parte deste tempo num dos cômodos que tinha uma plaquinha na qual se lia: “Meu quartinho”.  Era um quarto que se transformou em muita coisa: foi biblioteca; foi pista de dança; foi escritório; foi confessionário.  



Nesta época, comecei a repensar meu “ideal de casa”. Tratei de iniciar uma “PEREGRINAÇÃO DENTRO DE MIM”. Haveria algo que pudesse fazer. Precisava muito de um lugar de referência, um lugar pra onde voltar e me sentir, literalmente, EM CASA! A seguir, o clipe "meu reino", com  abanda Biquini Cavadão: 



Foi assim que comecei a listar mentalmente o que gostava numa casa. Gosto de casa limpa. Uma vez limpa, gosto de certa DESORGANIZAÇÃO. Opa, há gente habitando aqui. Um livro entreaberto; uma manta no sofá em dias de frio; a taça usada para servir o vinho na noite anterior, esquecida no criado mudo ou no tapete da sala...




Gosto de aconchego, de me deitar e ficar quietinha no escuro do meu quarto; em outras horas, coloco o som alto e danço.  Gosto de ver filmes horas a foi; assistir a temporada inteira da NBA; futebol... E shows... E, se der vontade, como pipoca na minha cama.



Conheço pessoas que moram BEM, mas vivem MAL. Todos nós conhecemos. Existe aquele tipo de casa que, de tão linda e “chique”, parece casa de novela (não vejo novela, mas já vi algumas cenas...). As casas são lindas. Mas é só isso. Só lindas. Sem vida. Já cheguei a visitar (pouquíssimas vezes, claro, mesmo porque não dá vontade de voltar) casas assim. Logo que entrei, não sabia para onde ir e nem o que fazer. Tudo tão imaculado. Tudo tão no lugar que, a impressão que tinha era que, se eu desse um passo, tudo desmoronava. Sentar confortavelmente? Como?  Se a anfitriã s e estava na pontinha do sofá. E eu louca pra me esparramar naquele sofá deslumbrante. Falta de educação da minha parte minha? Imagina. Só queria, literalmente, EXPERIMENTAR O QUE É BOM




Lembro-me que, nesta ocasião, pensei: “Será que esta pessoa se deita neste sofá de vez em quando? Come pipoca com os filhos nesta sala? Toma vinho com os amigos aqui?”.
  


Tem algo que muito me incomoda: o risco de nos tornarmos hóspedes em nossas próprias casas. E eu já vivenciei isso. Quando me dei conta que trabalhava demais para manter uma casa grande com TV a cabo (que eu não tinha tempo de ver); com internet (que só usava para trabalhar MAIS); uma sala aconchegante (que eu mal frequentava); um cachorro que eu amava (mas que passava o dia todo sozinho); uma coleção de CDs (que não ouvia com a frequência que gostaria).



Enfim, não posso afirmar que, atualmente, eu moro numa “casa de Drummond” ou no “ideal de casa da Mari”. Mas, tenho meu canto, meu quarto. Um lugar muito limpo; mas “desarrumado” ao meu modo. Um lugar que me agrada, onde gosto de estar. Meu lugar de descanso; de estudos; de risos; de lágrimas; de namoro; de conversas; de comer pizza; de tomar vinho; de rezar e de me encontrar com meus “heróis” e com “meus monstros”. Um lugar cuja única regra é SENTIR-SE À VONTADE. Paradoxalmente livre entre quatro paredes.

Sinta-se à vontade no meu PEQUENO REINO!













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segunda-feira, 1 de junho de 2015

LENDA URBANA DA VEZ: “CHARLIE RESPONDE”. (URBAN LEGEND OF TIME: "CHARLIE SAYS".)

POR MARI MONTEIRO




De tempos em tempos, surge uma lenda urbana. De um modo geral, as lendas urbanas possuem como “pano de fundo” os ambientes escolares. Tais fatos estão, de um modo geral, relacionados a alguns mitos que ficam gravados para sempre no imaginário popular.

Trata-se de “causos” que são contados há gerações. E, mesmo sem provas concretas sobre quaisquer tipos de lenda urbana até o momento, o IMAGINÁRIO COLETIVO trata de trabalhar em prol daquilo que deseja “tomar como verdadeiro”; ou seja, a pessoa que conta uma lenda urbana, jura que aquilo, de fato, aconteceu. Quem viu? Não se sabe. Quem contou? É sempre um amigo do amigo... E por aí vai.

Segundo a Wikipédia, as principais características de uma lenda urbana são:

► Uma forma narrativa (geralmente uma pequena história, porém bem estruturada);
► Procura sempre se autenticar por meio de testemunhas e provas supostamente existentes;
► As pessoas que as contam geralmente às ouviram de alguém e quando repassam a história costumam confirmá-la como se tivesse sido vivida por ela mesma.

Adianto que este artigo não tem a pretensão de enfocar qualquer tipo de crença; mas, sim, contribuir com o esclarecimento deste tema que se tornou um viral na internet. Há dias nós, trabalhadores da educação (e todos os usuários de redes sociais), nos deparamos com falas como: “Vamos à sua casa fazer a brincadeira do Charlie?”; Leva os lápis pro recreio pra gente brincar!”Obviamente, o teor das conversas varia muito de acordo com a faixa etária. Mas... A temática é a mesma: O CHARLIE!



Fato é que as lendas urbanas atravessam décadas. Quem de nós, adultos, não teve medo de ir sozinho ao banheiro por conta da “LOIRA DO BANHEIRO”?  E não ficou, no mínimo, curioso acerca do “Chupa – cabras”?  E a boneca do filme “Annabelle”? O que diferencia as lendas urbanas “mais antigas” das atuais é a VELOCIDADE com que os “boatos” se propagam com o “auxilio” da internet. Basta abrir qualquer rede social e lá está a lenda urbana da vez: “O CHARLIE”. Seguida de milhares de relatos e hashtags próprios.


Para ter uma ideia da dimensão do “Desafio: Charlie”, o Jornal Folha de São Paulo, em 27 de maio, 2015 publicou um texto sobre o assunto. Para ler, basta acessar o link: http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/05/1634418-nova-brincadeira-do-copo-desafio-do-charlie-vira-fenomeno-na-internet.shtml


Basicamente, o desafio é muito parecido com o “JOGO DO COPO”, onde perguntas eram feitas e o copo se movia rumo às letras para fornecer a resposta. A diferença é que no desafio de Charlie, existem apenas duas alternativas: SIM ou NÃO.




Outro aspecto que chama atenção nesta “brincadeira” é o fato de que o suposto espírito é mexicano e se chama “Charlie”. E os participantes, ao menos na maioria dos vídeos e fotografias divulgados, escrevem as respostas em inglês. E, no momento da brincadeira, as perguntas são feitas ou em Inglês; Português ou em Espanhol. Ou seja, o espírito é poliglota.

Brincadeiras à parte tem se presenciado crianças assustadas com a brincadeira ou com o que ouvem a respeito dela. Há relatos de crianças que não querem mais ir pra escola, porque “Charlie” está lá. Há que se considerar que as crianças NÃO POSSUEM O MESMO DISCERNIMENTO E NEM MATURIDADE que nós adultos. Daí a necessidade de intervenção por parte de escolas e famílias no sentido de desmistificar o “Desafio Charlie”. Sobretudo, porque a maioria das crianças que se assusta com esta circunstância, desvia sua atenção, enfocando mais a brincadeira e o medo e a adrenalina dela advindas do que as atividades escolares propriamente ditas. Opinião esta que eu e Felipe Neto compartilhamos. Inclusive, segue um vídeo em que ele diz isso e um pouco mais. Porém, CABE UMA ADVERTÊNCIA QUANTO AO VÍDEO: NÃO RECOMENDO PARA MENORES; quanto a mim, concordo plenamente com ele! “MENOS CHARLIE E MAIS ESTUDO”.


Tal como as demais lendas urbanas, esta também terá um “tempo útil”. Logo, todos se cansarão da brincadeira em si e dos boatos acerca dela. Ou – quem abe? – antes, apareça outra lenda urbana para tomar o lugar de “Charlie”. Enquanto isso não acontece, vale a pena garimpar alguns vídeos que desmistificam o tema (há vários disponíveis no youtube). Ou, quem sabe, para atenuar o medo das crianças menores, encenar situações nas quais fique claro que algum participante REAL é quem faz o lápis se movimentar, seja com a vibração da própria voz ou por estar encostado na mesma etc.


Enfim, particularmente, considero, no mínimo, ESTRANHO que os EDUCADORES IGNOREM ESTE ASSUNTO. É possível tirar muito proveito e aprendizado da temática lenda urbana. Sem contar que a mídia já se encarregou da SENSIBILIZAÇÃO. O interesse esta DESPERTO.


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