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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

REDAÇÃO ENEM 2015: O ATO DE ESCREVER: QUE MEDO É ESSE? (THE ACT OF WRITING: THAT FEAR IS THAT?)


POR MARI MONTEIRO 



Nós, docentes, sabemos o quanto está cada vez mais difícil conseguir fazer com que os alunos escrevam de modo espontâneo e de acordo com a NORMA CULTA DA ESCRITA.  A propósito, não se trata apenas de uma dificuldade inerente aos estudantes, muitos de nós, adultos, perdemos a HABILIDADE DE REDIGIR textos e de LER textos e livros que demandem um pouco mais de tempo e de atenção. Certamente, compreendo que isso é parte de um contexto imediatista, no qual prevalecem os TEXTOS IMAGÉTICOS e as frases com, no máximo, 140 caracteres do Twitter.

Outra evidência de que estamos perdendo o contato com a escrita e com a leitura são os números correspondentes aos likes que se obtém no facebook, por exemplo. Quando o post se limita a uma frase ou a uma imagem, perfeito e rápido; mas, quando se trata de um link que propõe a leitura de um artigo, perceba como poucos se interessam pela leitura.



Por trás dessa RESISTÊNCIA À LEITURA existem aspectos muito graves que nos conduzirão como disse José Saramago: a  um tempo em que grunhir bastará”. Perderemos nossa capacidade de expressão; teremos um vocabulário pífio. Em suma, ficaremos “sem assunto”. E nada mais desagradável do que duas ou mais pessoas se olhando sem saber o que dizer ou quando a conversa não flui. Faltará entendimento pelo menos de uma das partes.



A propósito, ao clicar no link abaixo, é possível perceber o quanto estamos aquém do alcance de um rendimento satisfatório no que tange aos resultados das correções das redações do ENEM:



http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/especial_enem/2015/01/13/especial-enem-interna,466144/inep-revela-media-de-notas-dos-alunos-no-enem-2014.shtml




► Diante disso, é possível apontar uma série de outros fatores que contribuem para as dificuldades relacionadas à escrita:
- Escassez de leitura;
- Empobrecimento do vocabulário;
- Pressa: escrever exige reflexão e concentração;
- Preguiça;
- Falta do hábito de escrever empregando a norma culta (muitas abreviações);




► Por outro lado, há uma série de “procedimentos” que podemos adotar para escrever bem:

- Ler muitos bons livros;
- Participar de debates e argumentar sobre os mais diversos assuntos;*
- Assistam a bons documentários e telejornais;


- Manter o foco no tema da redação, lembrando que, geralmente, são usados dois ou mais “textos-base” para a elaboração do texto;

- Sempre utilize o rascunho;
- Escreva PRIMEIRO com o CORAÇÃO; ou seja, não se preocupe, a princípio, com a letra, ortografia e nem com a quantidade de linhas (a preocupação excessiva com estes aspectos neste momento poderá fazer com se perca o foco no tema e nas argumentações. Ao passar o texto a limpo, aí sim, USE A RAZÃO; ou seja, revise seu texto, corrija-o e aproveite para fazer as adequações necessárias como, por exemplo, troca de expressões por uma única palavra ou vice – versa, para que seja RESPEITADO O NÚMERO DE LINHAS EXIGIDO.
- Ao passar o texto para a FOLHA OFICIAL DE REDAÇÃO, atente para que sua caligrafia esteja LEGÍVEL: outras pessoas lerão seu texto e o não entendimento de alguma(s) palavra(s) pode prejudicar o entendimento do texto todo.


*Lembre-se, o gênero textual mais solicitado nas redações do ENEM é o TEXTO ARGUMENTATIVO, no qual é necessário demonstrar um conhecimento consistente sobre o tema; POSICIONAR-SE sobre o mesmo e defender, com propriedade o seu ponto de vista e, por fim, no parágrafo conclusivo propor uma "solução" plausível para a temática colocada.




Outro aspecto muito importante é o conhecimento dos CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DAS REDAÇÕES DO ENEM.  Assim, seguem alguns dos critérios que s e deve ter em mente ao revisar o seu texto:

Serão avaliadas somente as redações transcritas para a Folha de Redação (cuidado para não confundir com o rascunho!) com caneta esferográfica de tinta preta;
      
►Linhas com cópia dos textos motivadores                         apresentados no Caderno de Questões serão                 desconsideradas para efeito de correção e de                  contagem do mínimo de linhas;

 A nota da redação pode variar de 0 e 1000 pontos, sendo que o candidato receberá cinco notas isoladas de 0 a 200 pontos para cada umas competências compreendidas pela produção textual;

► Cada prova será avaliada, em princípio, por 2               corretores;

 Nos textos em que as notas dadas por cada corretor tiverem diferença igual ou superior a 100 pontos, um terceiro corretor entrará em ação;
       
► As redações que tiverem discrepância igual ou maior que 80 pontos para uma única                           competência também passarão por um terceiro            corretor;
       
► Nos casos em que a diferença permanecer,                     mesmo passando por um terceiro avaliador, o texto será encaminhado para uma banca                         avaliadora, composta por mais três corretores,         que atribuirão uma nova nota final e decisiva.
       
► O Título não é obrigatório, fica a critério de o                 candidato incluí-lo ou não;
       
► Quanto à letra, pode ser de fôrma ou de mão, o             importante é que seja legível.
(In. InfoEnem – acesso em 26/08/2014)


Desejo a todos uma excelente prova de redação, com conteúdo e argumentos consistentes; ou seja, bem diferente da redação abaixo! (rsrsrs)





terça-feira, 22 de setembro de 2015

FIME RECOMENDADO: HUMANO (HUMAN DOCUMENTARY - Yann Arthus-Bertrand )

POR MARI MONTEIRO


O documentário: “HUMANO” consiste, sobretudo, numa oportunidade ímpar de nos tirar da zona de conforto; de nos fazer enxergar, através de diferentes olhares, os mais profundos e complexos pontos de vista. É, em minha opinião, um “soco na boca do estômago” de todos aqueles que se acomodaram com as condições humanas e que nada veem além do próprio umbigo.


O referido documentário pode, inclusive, ser amplamente divulgado nas escolas de todo o mundo. Primeiro, porque sua riqueza de abordagens histórica, geográfica e étnica oferece excelentes subsídios para debates e reflexões. Segundo, porque pode ser assistido por partes, de acordo com os interesses e metas de determinado grupo (vídeos disponíveis no youtube). E, por fim, porque, inevitavelmente, ao realizar qualquer tipo de trabalho/atividade em torno das imagens e dos depoimentos, estaremos aguçando o que temos de mais humano em nós: A NOSSA CAPACIDADE DE EMPATIA, DE NOS COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO E VISLUMBRAR, AO MENOS OS LAMPEJOS, DE SUAS DORES E DE SEUS SONHOS.





SINOPSE: Humano é uma coletânea de  histórias e de imagens de nosso mundo para criar uma imersão nas profundezas do ser humano. Através dos testemunhos cheios de amor, felicidade, mas também de ódio e de violência. HUMANO nos confronta com o “Outro” e remete-nos para as nossas próprias vidas. Desde o menor detalhe da vida cotidiana até  as histórias de vida mais surpreendentes, esses encontros comoventes, de uma sinceridade rara, destacam o que somos e a nossa parte mais escura, mas também o que há de mais bonito e mais universal em cada um de nós. A Terra é sublimada através de imagens aéreas inéditas acompanhadas por música, que refletem a beleza do mundo e oferecem-nos momentos de respiração e introspecção. Humano é um trabalho empenhado que nos permite abraçar a condição humana e refletir sobre o sentido da nossa existência.





Este documentário reúne uma coleção de testemunhos de pessoas em todo o planeta Terra em diversas situações da vida. O diretor entrevistou mais de 2000 pessoas em 65 países, para selecionar 110 delas. Os tópicos abordados incluem entre outros: o amor; a sobrevivência; a imigração; a homossexualidade; a coragem...


O diretor do documentário Yan Arthus-Bertrand (nascido em Paris, em 13 de março de 1946) é  fotógrafo,  jornalista, repórter e ambientalista francês. Ele pertence a uma família de renomados joalheiros, fundada por Claude Arthus-Bertrand e Michel-Ange Marion. Sua irmã Catherine é um de seus colaboradores mais próximos. Ele se interessou pela natureza e pela vida selvagem ainda na infância. Originalmente, sua especialidade era a fotografia de animais, mas logo a fotografia aérea mudou seu rumo; fez fotografias ao redor de todo o mundo.


Ele publicou mais de 60 livros com suas fotografias feitas em helicópteros e balões. Seu trabalho foi publicado várias vezes na Revista National Geographic e exibido em diversos países.


          

Arthus-Bertrand é um membro da "Académie des Beaux-Arts de l'Institut de France". Uma de suas fotos mais conhecidas é a de um manguezal com forma de coração na Nova Caledônia, que foi utilizada como capa para seus livros The Earth from the air e The Earth from above. (Wikipédia).


 Um dos depoimentos, selecionados por mim dentre todos que são igualmente relevantes, está o relato de Maria, uma " sem-terra " . Quando ela chegou ao acampamento Umberto Frei, no Brasil, ela não tinha nada , ela estava com fome . Mas ela teve ajuda . Ela começou a trabalhar nas colheitas de feijão,  milho ... Agora ela tem o seu campo, seu burro. Ela também freqüenta as aulas para aprender a ler e escrever. Ela é simplesmente feliz.




“Dormi no chão, dormi no mundo...”.

“Toda noite eu vou pra escola... Aí eu boto M, A, N... Eu trago dever pra fazer. Aí é nome de pessoa, de aves... Eu já com 55 anos e to aprendendo ler!” (SIC). 


As falas de Maria nos remetem à reflexão acerca da quantidade de brasileiros que se encontram na mesma situação que ela. E não é preciso se embrenhar pelos sertões do Brasil para encontrar outras “Marias”. Eu mesma, aqui no ABC Paulista, conheço duas Marias, pessoas relativamente próximas a mim.  Mulheres, com mais de 50 anos, que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever, que nunca foram ao cinema e que não conhecem nada além do trabalho pesado e do sofrimento cotidiano.


Portanto, sugiro que assistam o documentário na íntegra. Nada se perderá em sua mente. Cada depoimento, questionamento e imagem ocuparão um lugar em sua memória, seja pela INQUIETAÇÃO; pela SENSIBILIDADE, pela “JUSTA IRA” (expressão creditada a Paulo Freire) ou simplesmente, porque, de algum modo, ao assistir o filme nos sentimos parte dele. E, caso isso não aconteça com você, ouso dizer que ocorreu algo muito estranho na sua existência ao ponto de anular sua sensibilidade.  E, caso se emocione se indigne, se enfureça, esteja tranquilo, SOMOS HUMANOS!




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