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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 24 de março de 2016

CRISE BRASILEIRA: ONDE CARA PÁLIDA? (BRAZILIAN CRISIS: WHERE PALE FACE?)

POR MARI MONTEIRO





Gostaria de não estar escrevendo este artigo. Mas, há tempos, aprendi que o que não se diz ou faz, SUFOCA! Um dos motivos pelos quais esse assunto me desagrada é a FALTA DE COMPREENSÃO DA MAIORIA DO POVO BRASILEIRO. Não sei exatamente como funciona a Educação Política (aliás, acabei de criar este termo e me ocorreu que deveria existir uma DISCIPLINA CURRICULAR com este nome) em outros países; mas aqui somos criados ouvindo dos adultos em geral que temas como “religião e política não se discutem”.  Logo, quando predominam a incerteza econômica e caos político, nos dividimos basicamente em três grupos: os indiferentes; os que atiram pra todo lado; e, o menor deles, aqueles que se informam, conversam, refletem, planejam e FAZEM ALGO. 



Então, temos a seguinte situação neste momento (às 23h00 de 24 de março de 2016- hora da revisão), friso “momento”, porque no minuto seguinte tudo que escrevi até então poderá perder a validade ou, no mínimo, a intensidade. Isso porque a quantidade de notícias e de informações veiculadas pela mídia e pelas redes sociais nunca foi tão grande e rápida. O que dificulta ainda mais a compreensão dos fatos. E, uma vez que não se compreende os fatos, não os interpretamos (lembrando que o Brasil é um dos ÚLTIMOS COLOCADOS NO RANKING MUNDIAL SOBRE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL). A situação a que me refiro é a seguinte: SOMOS INSETOS ORBITANDO EM VOLTA DA LÂMPADA, TONTOS, INDO PRA LUGAR ALGUM E DESCRENTES DA LUZ QUE EMANA DESSA LÂMPADA (PONTO!). 

Pensando nisso e acompanhando, na medida do possível, a sequencia dos fatos no noticiário, o que vejo é uma INDIFERENÇA PREDOMINANTE E ASQUEROSA por parte da maioria dos brasileiros.  Certamente, cem por cento de entendimento e de atitude por parte da população é utopia demais de minha parte, mas a FALTA DE INDIGNAÇÃO me enoja; assim como me enoja também a dificuldade que temos para articular movimentos e manifestos de repúdio ORGANIZADOS e EFICIENTES. Não basta que milhões de pessoas lotem a Av. Paulista num domingo. É preciso dar PREJUÍZO para todas as esferas sociais (o que seria, ainda, muito pouco diante do prejuízo que nós, trabalhadores, temos diariamente).  E como seria isso? PARAR GERAL.  O que me lembra de uma música de Raul Seixas: “O DIA EM QUE A TERRA PAROU”  Se acontecesse tal como nesta canção, teria minha alma lavada.. Quem sabe um dia...






Outro aspecto que me entristece muito é a falta de civilidade e de patriotismo no nosso país. Com exceção da Copa do Mundo e das Olimpíadas (que, a propósito, deveriam ser canceladas ou boicotadas pelos outros países em solidariedade ao sofrimento do povo brasileiro e à vergonha que as “autoridades” nos tem feito passar), não vemos nossa bandeira em quase lugar nenhum. Na sua casa tem uma bandeira brasileira hasteada neste momento? Pois é, na maioria das casas dos norte-americanos tem. Independente de datas e afins. É uma questão de sentir orgulho, uma questão de “PERTENCIMENTO À NAÇÃO”. Podem falar que estou sendo tendenciosa. Sou sim. Admiro cada vez mais o Sr. Barack Obama. Ele pode tomar metrô; ir a cafés; conversar nas ruas; dançar e cantar em público, porque sua postura e índole lhes permitem isso. Imaginem Nossa Presidente e seus ministros num metrô em São Paulo na hora do rush. A propósito, mais uma coisa que “invejo” neles (norte-americanos) é o fato de o voto não ser obrigatório.  No dia da eleição, a pessoa sai de sua residência, de livre e espontânea vontade e, o melhor, consciente da importância do seu voto.


Lamentavelmente, No Brasil há mais fatores contribuindo para a confusão de pensamentos do que para o discernimento  e para a organização destes. Um exemplo disso são os partidos políticos com "líderes" desarticulados e perdidos, meros reprodutores de discursos que já virara clichê há tempos. E o tanto de legenda de partido? Pra que tanta sigla minha gente?





Sei que não alcançamos ainda um patamar, já alcançados em tantos outros países, acerca do conceito de EMPODERAMENTO, ou empowerment, em inglês, que significa uma ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Imaginem se metade da população tivesse essa consciência. Ocorre que muitos fatores contribuem para a falta de “educação política”: somos um povo que não lê; que não se orgulha de si mesmo, caso contrário viveríamos mais de nossas “marcas” e grifes e não de outros países (já cansei de ter alunos DE ENSINO MÉDIO vestindo camisetas com frases e/ou palavras em Língua Inglesa que, quando perguntado o significado daquilo, eles simplesmente não sabem); que não se organiza para que haja uma sincronia nos atos e manifestos; não é só ir pra rua fazer selfies e colocar carros de som, cada um falando ou tocando uma música diferente... Ou palcos com shows!!!
  


O grau de incerteza e de impunidade no país nos tira a crença de que algo
CONCRETO possa, literalmente, nos salvar. Em outros países, por muito menos, a maioria da população já teria tomado as ruas, “parado tudo” e, de certa forma, forçado uma resolução. O que vejo são pessoas andando em círculos: autoridades; juízes; Policia Federal; políticos e, claro, o povo brasileiro. É um empurra-empurra; um disse que disse que parece até aquelas crianças, nos primeiros anos de escola, que são chamadas na diretoria por alguma arte e um aponta pro outro dizendo simultaneamente: “FOI ELE!”. E o “diretor” passa a mão na cabeça dos dois, diz pra um pedirem  desculpas um pro outro, que agora são amigos novamente e que voltem para suas salas... Como se nada tivesse acontecido.  Outra imagem que me vem à mente, agora mais forte, é de um bando de hienas e urubus rondando a carniça; sendo que a carniça, neste caso seria qualquer cargo político que dê alguma “proteção” e as hienas e urubus são os políticos corruptos que estão com o cú na mão. Enquanto isso, nós, o povo, telespectadores do GRANDE CIRCO (“Terceiro Mundo se for, piada no exterior...” disse Renato Russo há mais de 25 anos), ficamos aguardando o “Grand Finale”... O desfecho que para mim, seja qual for, sinceramente, já é tarde! O estrago foi grande demais! Quem vai nos devolver os empregos perdidos; a moral perdida; a credibilidade interna e externa; a nossa confiança e a nossa autoconfiança?
 


Mas tudo bem, vamos consumir. Vamos comprar ovos de Páscoa caríssimos e ostentar mais uma data comemorativa, insuflando a massa e, pior, as crianças, para acreditarem que está tudo bem... Logo tem as Olimpíadas 2016. Vamos nadar nas águas poluídas do Rio de Janeiro; “vamos passear depois do tiroteio”; vamos ganhar medalhas, muitas medalhas de ouro. Será??? Em quais modalidades? Em “bom comportamento” que não será!
 


segunda-feira, 14 de março de 2016

O QUE REALMENTE IMPORTA? (WHAT REALLY MATTERS?)

POR MARI MONTEIRO




Escrevo por vários motivos: porque gosto; por prazer; para conversar; mas o que gosto mesmo é de escrever par inquietar, para atazanar quem lê. Sinto certo prazer em imaginar alguém pensando: “Lá vem ela com essas idéias de gente doida!”.


Agora, por exemplo, quero escrever sobre o que e sobre quem realmente importa na minha vida. Porque a vida é muito curta e, sendo ela muito curta, não quero perder tempo com coisas e com pessoas que não me importam.


Caos, correria, estresse, competitividade; “obrigação” de seguir os padrões ditados pela mídia... Todos estes aspectos corroboram pra que não pensemos nas prioridades ou, pior, para acharmos que tudo é prioridade e; por, isso, temos de fazer tudo ao mesmo tempo agora. E, dessa forma, fazemos tudo cada vez mais SUPERFICIALMENTE. E o que é superficial pra mim, de verdade, não me interessa; logo não me importa. Não dá pra amar superficialmente; se curar de uma doença superficialmente; morrer superficialmente; viver superficialmente.


Então, o que vejo somos nós, humanoides perdidos no espaço, orbitando em torno de TUDO e fazendo NADA. Não temos raízes, se temos estamos deixando-as fracas, até não suportarem mais o “peso” dos galhos (nossos corpos). Falta “ADUBAGEM”. E, como é que ser aduba uma alma pra sentir mais, para estar mais alerta aos sinais e às sutis belezas e alegrias dessa vida? Com ingredientes que estão cada vez mais difíceis de encontrar: CONTEMPLAÇÃO; EMPATIA; REFLEXÃO; AUTOCONHECIMENTO; PAZ DE ESPÍRITO .



Neste mundo caótico em que vivemos, onde, raramente paramos para fazer coisas ESPECIFICAMENTE HUMANAS (ou que deveriam ser inerentes ao ser humano), me flagrei querendo saber o que realmente importa na minha vida. E jamais imaginei que a resposta chegasse tão rápida e nítida na minha mente: O QUE REALMENTE IMPORTA É QUEM SE IMPORTA COMIGO. Egoísmo? Não. Seletividade e otimização do meu tempo.


O que me importa, falando especificamente no sentido material, responderia: “O SUFICIENTE”. Porém, quando se trata de relacionamento, não tenho dúvidas: são as pessoas que realmente se importam comigo. O que independente de fatores como distancia; grau de parentesco; classe social; religião. Se parar pra pensar não é uma quantidade tão grande de pessoas assim.


Uma das principais justificativas usadas para a falta de contato e de comunicação social é: “não sobra tempo pra nada!”. Eu sinto medo disso. É preciso ter coragem para sentir medo. E medo é uma sentimento que  a gente só confessa ou demonstra pra pessoas em que a gente realmente confia. E eu temo, inclusive, não dar a devida importância às pessoas e  às coisas que merecem.



E o que significa se importar com o outro? Podemos explorar isso juntos nos questionando sobre alguns aspectos como, por exemplo de quantas pessoas, normalmente, ouvimos, dentro ou fora de casa, indagações como: “Como você está?”; “Vamos conversar?”; “Se eu fosse um ‘gênio da lâmpada’’, quais seriam seus desejos pra hoje?”... Perguntas não faltam; falta quem queira saber e esteja disposto a deixar de lado a TV, o celular e  afins para conversar, para ouvir... Defendo a tese de que quanto mais perdemos a capacidade de ouvir, mais perdemos a capacidade de falar, de argumentar... E vamos nos emudecendo, diminuindo o vocabulário até chegarmos, como já disse José Saramago,  a grunhirmos uns para os outros. E, paralelo a isso, outra coisa grave acontece: estamos deixando de sorrir, ficamos mais sisudos, caras amarradas... FEIOS DE ALMA.



Gradativamente, estamos nos tornamos “SERES INSTANTÂNEOS E MONOSSILÁBICOS”. Basta pensar um pouco sobre a seguinte questão: A CONVERSA, SEJA EM CASA OU NO TRABALHO – e mesmo nas baladas _ TEM QUALIDADE? OU SEJA, A CONVERSA FLUI? Na maioria dos casos não. Ou então nos limitamos a falar dos outros, de piadas, dos fatos que todos já viram na internet... E, nesse ritmo, perdemos a oportunidade de CONHECER MELHOR O OUTRO e de NOS CONHECERMOS. Porque não falamos de nós mesmos. Não debatemos nossos dilemas pessoais e, muito menos, os dilemas dos outros. Ainda assim, nos  sentimos no direito de falar de fulano e de beltrano e de julgá-los.




Estamos chegando a um ponto em que ficamos “sem jeito” para conversar com os outros. Olhamos para os lados, falamos coisas triviais do tipo: “será que chover?” e não sabemos onde colocar as mãos. Na verdade, sabemos sim, estamos sempre com as mãos ocupadas com o celular (rsrsrs); o que, aliás, “resolve” o problema de quem não quer conversar; principalmente, quando temos um head phone em mãos... Pronto. Isso é como colocar uma placa na testa com o aviso: NÃO QUERO CONVERSAR!


E nisso, vamos deixando de dar e de receber afeto. Precisamos dizer coisas boas às pessoas importantes da nossa vida. Mas dizemos? Não ou muito raramente. Tentem pensar no seguinte: "O que você diria para a pessoa mais importante da sua vida se você soubesse que esse seria o último encontro?" Respondida pra si mesmo a questão. Faça isso agora ou amanhã ao acordar. De preferência, marque um encontro ou telefone... Porque até mesmo um telefonema virou luxo no mundo do WhatsApp. Sinta-se importante quando alguém te telefonar (claro, que não seja secretária do seu médico, dentista, cobrador, telemarketing e afins), porque você poderá ouvir a voz da pessoa. Mas... Nada, absolutamente nada substitui o olho no olho.



Justamente porque a vida é um sopro, tudo deve ser FEITO EM VIDA, EM TEMPO...

- Fale o que sente.
- Olhe nos seus próprios olhos e pergunte o que você realmente deseja?
- Contemple pessoas, paisagens, animais...
- Abrace sem medo e sem pressa. (já viram aquelas pessoas que NÃO sabem abraçar? Não é culpa delas. Você as abraça e elas ficam paradas como uma coluna do templo; ficam meio de lado, querendo se desvencilhar, abraçam de modo frouxo... sem entrega. Este tipo de abraço nem conta.)
- Ouça as batidas do seu próprio coração antes de dormir, quando tudo for silêncio.
- Importe-se com o que é importante. (outro dia fiz uma lista de coisas que supunha importantes, guardei numa gaveta. Depois de dois dias, reli e a reduzi pela metade. Logo, terei mais tempo para cada “coisa” que me importa... acho até que, periodicamente, refarei esta lista.).


Se já fiz ou se faço isso? Faço um pouquinho de cada vez. E não é nada fácil, principalmente olhar pra nós mesmos na frente do espelho. É assustador; sobretudo, porque a imagem mental que temos de nós mesmos não corresponde à imagem real que os outros fazem de nós e a que o espelho mostra, quando resolvemos olhar pra ele demoradamente e de cara limpa. Mas, garanto que nada é pior que a sensação de tempo perdido como dizia Renato Russo: “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou.” E, irônica e sabiamente ele continuava: “Mas tenho muito tempo. Temos todo tempo do Mundo.”.



Enfim, pra facilitar as coisas (ou complicá-las...): SOMENTE É IMPORTANTE QUEM SE IMPORTA E SOMENTE SE IMPORTA QUEM É IMPORTANTE. E, se assim é, no final, tudo se resume a uma única palavra: RECIPROCIDADE.  Mesmo porque, só nos ouvirá  quem se importa conosco e só vamos querer falar para que for importante pra nós. Pra que sair falando pelos cotovelos pra quem não nos conhece; não dá a mínima; não sabe e nem quer saber da nossa história. Na maioria das vezes, quando contamos algo para alguém, a gente não quer ser julgado e jogado na fogueira. De repente, a gente só quer ser ouvido ou escutar: “Estou aqui.”.



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