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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

REFORMA DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO: SOU CONTRA! (REFORM OF THE BRAZILIAN MIDDLE EDUCATION: I AM AGAINST!)

POR MARI MONTEIRO


Há tempos quero escrever sobre  este tema... O que me impedia de começar?  Um preconceito formado ( petrificado até ) de quem está há vinte cinco anos na Educação e que vivencia tanta coisa errada que nem sabe por onde começar a lista.  Mas, que por outro lado sabe EXATAMENTE O QUE ESTÁ ERRADO.


Enquanto isso me debrucei sobre alguns artigos  e ouvi atentamente cada fala do  Ministro da Educação Senhor Mendonça Filho.  Quanto mais estudei, mais encontrei paradoxos e as dúvidas aumentaram. O que não deveria ter acontecido porque esta “ideia” é antiga. Outros governos já pensaram em fazer algo parecido.



Logo,  deixo claro que NÃO ESTOU “BATENDO O MARTELO”; mas  me posicionando e tentando mensurar  a validade da provável  proposta. 


Um dos argumentos que se vê  em entrevistas por parte  dos “BRILHANTES IDEALIZADORES” dessa reforma é que  estão fazendo isso para atender aos anseios  e necessidades profissionais dos alunos. Ah! Poupem-me! Quem, ao final do Ensino Fundamental II, já tem plena certeza do que deseja fazer? Qual graduação cursará? Outra questão é a privação imposta ao aluno no que  se refere à convivência  e ao seu pleno desenvolvimento social  e intelectual. Ou seja,  será retirada do aluno a POSSIBILIDADE DE EXPERIMENTAÇÃO. O Ensino médio é um período de contato entre os  alunos, que começam a  amadurecer suas ideias e ideais, com as diversas áreas de conhecimento. Mesmo que deixem um primeiro ano básico (com todas as matérias); não é o suficiente.



 

Enquanto isso, no site do MEC, encontramos mais dúvidas do que “respostas”. A exemplo desta pergunta:

“Como vocês esperam que isso funcione, se é de extrema importância sabermos filosofia e sociologia”? R – “A implantação do novo ensino médio depende da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelecerá as competências, os objetivos de aprendizagem e os conhecimentos necessários pra a formação geral do aluno. A previsão é que, até meados de 2017, a BNCC para o ensino médio seja encaminhada ao Conselho Nacional de Educação, que terá de aprová-la para depois ser homologada pelo MEC. Dessa forma, a inclusão dos conhecimentos contidos nas áreas de filosofia e sociologia será definida pela BNCC.” ( Fonte: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_08 acesso 13/02/2017). Particularmente, considero essa questão é pertinente porque  a reforma obrigará tais disciplinas somente no primeiro ano.  



Alguns questionamentos meus:

-  A polarização entre  exatas e humanas sempre foi motivo de piadas e inspiração para memes em redes sociais. A “separação oficial “ destas áreas não tende a agravar esta espécie de preconceito? Lembrando que isso ocorre entre os próprios professores nos ambientes escolares. - Escola em período integral para  atender ao cumprimento da carga horária prevista na proposta, Há  (haverá estrutura física) para isso em TODO O BRASIL?


- Reforma  e investimentos maiores não deveriam  começar pelas crianças do Ensino Fundamental, já que os alunos chegam ao 9º ano sem preparo?


- E o Enem? Continuará nos mesmos moldes?


- Que criança, aos quinze anos, ESTÁ CONVICTA  A RESPEITO DE QUAL ÁREA SEGUIR?


- Por que não implantar modelos de ensino como o Norte – americano? http://www.administradores.com.br/noticias/academico/o-que-os-modelos-educacionais-dos-eua-e-da-europa-podem-ensinar-ao-brasil/88951 (acesso em 21/02/2014). Prova disso são as escolas privadas que são abertas no Brasil seguindo o padrão norte americano. - Não quero afirmar que o Sistema de Ensino Norte – americano  é perfeito. Mas, sem dúvida, oferece mais oportunidades de ascensão do que o nosso. Saiba mais em:  http://www.editorajc.com.br/2014/08/direito-fundamental-educacao-e-sua-sistematizacao-nos-estados-unidos-da-america-e-brasil - acesso em 21/02/2014. A associação entre a prática  esportiva  e a educação. Por si, já nos serviria de referência. Haja vista a NBA  (National Basketball Association.  Em Português, Associação Nacional de Basquetebol), cujos jogadores necessariamente cursam (ou cursaram universidade).

“No meio do basquetebol essa tendência seria reforçada pelo fato de que os Estados Unidos (EUA), que é o país de maior tradição no basquetebol mundial, realizar nas escolas e universidades a sua formação de atletas. Ferreira Jr. (2008) ao atentar a formação de atletas nos EUA complementa “O atleta de basquetebol norte americano de alto nível, que consegue chegar a NBA, começou sua vida esportiva na escola.” Lá toda a formação de atletas é feita pelos high-schools e universidades, ou seja, entre os 16 e 23 anos, uma grande porcentagem desses indivíduos passam por essas instituições, e como não existem clubes sociais esportivos nos moldes como existem no Brasil, aproveita-se a passagem dos mesmos como alunos como forma de fomentar esse processo.” (Pellanda, Fabio, 2010 – Curitiba -   O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ATLETA DE BASQUETEBOL MASCULINO EM CURITIBA  - Dissertação de Mestrado)  http://acervodigital.ufpr.br  - acesso em 21/02/2014.


- A implantação gradativa do sistema contemplará o ENEM que é de âmbito NACIONAL?


- Haverá aumento da já existente e gritante da DESIGUALDADE, no que se refere a oportunidades de avançar nos estudos, entre os alunos das escolas privadas que, a propósito, NÃO PRIVAM OS ALUNOS DE NENHUMA DISCIPLINA CURRICULAR; ao contrário disponibilizam disciplinas extracurriculares? 


- E quanto às diferenças regionais? Mesmo existindo um currículo básico elas já  existem. A tendência não é aumentar devido a questões óbvias como: infraestrutura; transporte  escolar para as crianças (muitas não conseguem chegar á escola a pé etc.)? 


- Outra questão: o trabalho dos professores. Atualmente nenhum professor sobrevive ministrando aulas de Sociologia ou de Filosofia, por exemplo, se não trabalhar em 4 ou 5 escolas de tão curta que é a carga horária. Como ficarão as “vidas profissionais” destes especialistas após a reforma?   


Somam-se  aos referidos questionamentos,  alguns valiosos comentários que li nem Redes Sociais e em Fóruns, os quais eu  mantenho no anonimato por uma questão ética:  

1 – “Ensino em tempo integral pode até ser uma excelente ideia para Colégio particular. A rede pública recebe inúmeros alunos que trabalham mães e pais de família a procura de adquirir conhecimento e melhores oportunidades, sem contar os alunos que morram na zona rural que gastam quase meio dia entre ida e volta .isso irá aumentar os jovens fora da escola .Se não bastasse teremos o "notório saber".” 


2 – “Essa regra que se aplica aos professores é muito errada. Professor tem que ser qualificado e treinado para ensinar aos seus alunos. Não existe isso de que qualquer um com "notório saber" pode ensinar..agora desceram a profissão de docente mais um andar abaixo..que vergonha..eu vou dar mais 3 anos da minha vida estudando pra ser professora. N posso acreditar que todo esse estudo e tempo vai ser em vão com essa regra.” 


3 – “Acredito que essa reforma é para uma qualificação maior para os alunos. Porém não temos uma infraestrutura para tempo integral e também como ficam os alunos que trabalham no turno inverso para aumentar a renda familiar?” 


4 – “Então não saiu nenhuma matéria, outras foram acrescentadas, ficou mais complexo. Com o perigo de sociologia e filosofia, serem manipulados por grupos de esquerda. Os estudantes não poderão trabalhar não haver tempo suficiente, para as duas atividades.”. 


5 – “Eu tenho uma grande dúvida quanto  essa reforma. Para ampliar de 800hs para 1400hs, suponho que o ensino vai passar a ser em turno integral, mas hoje, as escolas tendo 3 turnos, já há dificuldade referente à vagas, como pretendem fazer isso? Precisariam de muito mais escolas públicas para atender a demanda do período integral.”

6 – “Se até as obras da copa do mundo não terminaram, o que dizer de escolas..”  



Enfim, em minha opinião (e quero muito saber da sua), o mais prudente é pensar (e concretizar!) um sistema  educacional que contribui para a construção do SER PENSANTE e, consequente, para um número  de pessoas que não conseguem ser pró-ativos e nem se posicionar quanto aos fatos  sociais. Se bem que... É exatamente assim que “O SISTEMA” nos quer: sonsos; pacatos e (parafraseando R. Russo: CADA UM DE NÓS IMERSO EM SUA PRÓPRIA IGNORÂNCIA.




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

VOLTA ÀS AULAS! MESMO??? (BACK TO CLASSROOMS! SAME???)

POR MARI MONTEIRO



Por que tentar mascarar mais uma vez o tédio e a insatisfação de voltar às aulas depois das Férias/recesso. A CULPA não é sua  e nem minha.  Quem se animaria para retornar a um trabalho que causa toda sorte de desgaste? Mas aí somos assombrados pelo nosso “complexo de  “seiláoque” e pensamos assim: “Nossa! Não posso reclamar! Quanta gente desempregada!”


O agravante é que  - ao pensar assim – sentimos culpa! E isso nos faz mal. Sou professora. Trabalho com educação há mais de vinte anos... E me sinto assim também. Tudo é muito complexo. Porque gostamos de verdade do nosso trabalho; mas, não podemos negar o quão difícil e INSALUBRE ele  é.


Prova disso é a quantidade de posts circulando nas redes sociais lamentando a volta às aulas. Com milhares de likes em páginas do Face e;  sobretudo, nas timelines dos professores. Posts como estes...






















Não que esse artigo possa solucionar nosso “mal estar”; mas é bom relembrarmos (porque lá no fundo a gente sempre soube – mas, ô raça dissimulada é a nossa!) de uma série de motivos que constituem a causa do nosso “DESÂNIMO”, pra dizer o mínimo:

- insegurança: causada por diversos aspectos que voa desde a atribuição de aulas até os inúmeros decretos assinados “na calada da noite” e que nunca vêm com boas notícias;
- especificamente este ano, a notícia de um número maior de classes sendo fechadas assombra a todos;
- a constante “surpresa” quanto ao número de alunos por sala e pelo “perfil e grau” de aprendizado no que diz respeito aos requisitos básicos para a série em curso: “SERÁ QUE TRABALHAREI COM UM QUINTO ANO  MESMO? OU TEREI QUE RETOMAR OS CONTEÚDOS DE TERCEIRO ANO?”
- e o salário? É o outro ponto que me irrita. Pois, ao mesmo tempo em que sabemos que  é injusto, convivemos com falas e com dilemas assim: “Mas professor ganha bem. Trabalha poucas horas e recebe igual a um trabalhador que cumpre oito horas de trabalho!” Gente, o infeliz que trabalha horas a mais é  que ganha muito mal também!





Poderia continuar esta lista, porém confesso que a cada item descrito me torno irada e depressiva. E, pior, só entende isso QUEM ESTÁ NO MEIO EDUCACIONAL; NO CHÃO DA ESCOLA. Quem olha de fora, com olhos de “visita”, afirma que reclamamos demais, que funcionário público é tudo relapso, que  a gente tem que educar (totalmente as crianças) sem reclamar... E blá, blá, blá... Então, por ora, fico por aqui e os deixo com um vídeo sobre NÓS professores e sobre os NÓS que  atravancam o nosso trabalho.



 

 UM EXCELENTE RETORNO ÀS AULAS PARA TODOS!

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