POR MARI MONTEIRO
Já aviso: Não foi fácil compartilhar este
texto. Foi quase uma CONFISSÃO. Ato que exigiu de mim muita HUMILDADE e uma
boa dose de CORAGEM. Falar da condição dos outros é algo fácil e vil; mas falar
da própria condição, é algo que se assemelha a um ato cirúrgico invasivo, que
tira de dentro coisas que até eu mesma desconhecia...
Não há como não pensar. Nem como não sentir.
Está por toda parte: nos olhares; nas asperezas das palavras ditas (ou não) pelos outros; nos
burburinhos pelos cantos; nos rótulos negativos e pesados que recebemos... Nas palavras não ditas e
tão bem guardadas. Em momentos assim, sinto-me só. Extremamente só, onde quer
que eu esteja. É por isso que gosto tanto de estar no meu quarto, porque lá a
SOLIDÃO FÍSICA é real; logo, dói menos que a solidão acompanhada.
Digamos que eu decida (e já fiz isso muitas
vezes) NÃO SOFRER MAIS, seguindo à risca as máximas de que “sempre somos capazes de curar a
nós mesmos”; “que depressão é frescura”; "QUE TUDO NÃO PASSA DE ALGO
NEGATIVO QUE, POR ACASO, ENFIAMOS NA CABEÇA” e outros tantos clichês que ouço quase que
diariamente. Então, amanhece e, decidida, opto por não sofrer hoje, por não
me entristecer com nada, por não me deixar abalar. Ok. Decisão tomada. Saio de
casa para “colher” mais um dia e debitar um dia da minha vida. Duas horas
depois, no mínimo, já me deparei com duas ou três situações que me incomodaram. Quando digo incomodaram, por favor, entendam como algo tão forte, que senti fisicamente.
Uma dor que varia entre um leve roçar de um espinho a um corte profundo e lento
com uma faca serrilhada.
Pois bem. O que faço agora? Espero a dor
passar? Finjo que não estou sentindo nada? Não sou muito boa nisso. Atingi um
estágio da minha luta contra a “depressão” que, se guardar algo que deveria ter
sido dito e não foi, aquilo sai de dentro de mim em forma de vômito. Mas não um
vômito qualquer. É um vômito acompanhado de dores LANCINANTES. Então, na
maioria das vezes, eu DIGO. Com toda diplomacia e educação do mundo, DIGO
olhando bem no fundo dos olhos... Não que isso me cure de vez. Mas sinto-me menos
covarde, mais autêntica e meu corpo dói menos.
E as frases feitas ouvidas quase que diariamente? Não as
suporto mais. Primeiro, porque são tão clichês, que as pessoas as expressam “no
automático”.
Segundo, porque já sei que não são verdadeiras. NÃO ACONTECEM! Por
exemplo: “Tudo passa” (Tudo o que cara pálida? Cada um tem um ‘tudo’ diferente
que pode ou não passar); “Vai ficar tudo bem!” (Quando vai ficar tudo bem?); “Não
chore, você precisa ser forte!” (Essa é demais pra mim; por que devo engolir um
choro que pode trazer algum alívio?); “Fulano passou por isso e está ótimo!”
(Bom pra ele. Além disso, o “isso” dele pode não ser o “isso” meu). E por aí
vai...
Sabe o que ajudaria muito? Se as pessoas, além
de entender um pouco mais sobre a depressão, parassem de generalizar, de
nivelar os acontecimentos, como se todos os problemas; todas as circunstancias
e todas as pessoas fossem iguais. Não somos. CADA UM SENTE A DOR NUMA
FREQUÊNCIA E NUM GRAU DE INTENSIDADE DIFERENTES. Um fato que pode me causar uma
dor aguda pode ser irrelevante para outra pessoa. Porque não é só o fato em si.
São as circunstâncias; sãos as fragilidades; as vivências pessoais somadas... E
aquele fato, irrelevante para alguns, pode ser a gota que fará transbordar o
copo para mim ou para você.
Em tempo, preciso avisar que me chamar de
FRACA não ajuda em nada. Além de ser algo que não me traz nenhum constrangimento, é
minha condição (oxalá algo temporário); portanto, respeite-a. Além disso,
assumir a própria fraqueza é um ato de EXTREMA CORAGEM. Principalmente, porque
não sobra muita disposição a alguém deprimido para escolher “ARMADURAS” e
“MÁSCARAS” para fingir sensações. Nunca experimentei usá-las, mas tenho certeza
de que causaria um imenso desconforto, capaz de deixar meu corpo ainda mais
dolorido.
Ajudaria muito também se as pessoas parassem de
me pedir para não chorar... Já sorrio tanto. Se não me chamassem de fraca...
Tomei coragem e renunciei a tantas coisas. Se não me pedissem pra fingir que
está tudo bem... Tenho orgulho da minha autenticidade. Se não duvidassem da
intensidade dos meus sentimentos... Sei o quanto são reais. Se não me
rotulassem... Sei exatamente quem sou. E, acredite TUDO ISSO TEM UM LADO BOM: A
INTENSIDADE. Quando estou triste, estou intensamente triste; mas se estou
feliz, estou intensamente feliz...
Aprendi muito... Sobretudo a ser feliz “APESAR
DE” ... e não “POR CAUSA DE”. Isso é imensamente bom; sobretudo, porque, agindo desta
maneira, não deposito minhas expectativas num só pilar e, muito menos, em
questões materiais. Valorizo cada momento; todo gesto de bondade; cada abraço; cada riso; cada lágrima e cada minuto que tenho com aqueles que amo.
Ah! Só mais uma coisinha: Não sinta culpado a
se, por acaso, em algum momento você foi uma das muitas pessoas que me julgou.
Eu não me sinto culpada de nada. Além disso, sinta-se PLENAMENTE PERDOADO.
Porque sou muito boa nisso. Reconheço meus erros, peço desculpas e perdoou com
facilidade... Aprendi que estas ações fazem parta da CURA! Escrever nossa
própria história é importante, mas ter a coragem de contá-la é essencial.
Sobretudo, porque NÃO SOU PERFEITA em muitas coisas; assim como você não o é em
tantas outras; portanto, RESPEITEMO-NOS e já teremos avançado muito rumo à
"cura" para as dores da alma que transbordam, fazendo doer o corpo...
Não há como não pensar. Nem como não sentir. Está por toda parte: nos olhares; nas asperezas das palavras ditas (ou não) pelos outros; nos burburinhos pelos cantos; nos rótulos negativos e pesados que recebemos... Nas palavras não ditas e tão bem guardadas. Em momentos assim, sinto-me só. Extremamente só, onde quer que eu esteja. É por isso que gosto tanto de estar no meu quarto, porque lá a SOLIDÃO FÍSICA é real; logo, dói menos que a solidão acompanhada.
Pois bem. O que faço agora? Espero a dor passar? Finjo que não estou sentindo nada? Não sou muito boa nisso. Atingi um estágio da minha luta contra a “depressão” que, se guardar algo que deveria ter sido dito e não foi, aquilo sai de dentro de mim em forma de vômito. Mas não um vômito qualquer. É um vômito acompanhado de dores LANCINANTES. Então, na maioria das vezes, eu DIGO. Com toda diplomacia e educação do mundo, DIGO olhando bem no fundo dos olhos... Não que isso me cure de vez. Mas sinto-me menos covarde, mais autêntica e meu corpo dói menos.
Sabe o que ajudaria muito? Se as pessoas, além de entender um pouco mais sobre a depressão, parassem de generalizar, de nivelar os acontecimentos, como se todos os problemas; todas as circunstancias e todas as pessoas fossem iguais. Não somos. CADA UM SENTE A DOR NUMA FREQUÊNCIA E NUM GRAU DE INTENSIDADE DIFERENTES. Um fato que pode me causar uma dor aguda pode ser irrelevante para outra pessoa. Porque não é só o fato em si. São as circunstâncias; sãos as fragilidades; as vivências pessoais somadas... E aquele fato, irrelevante para alguns, pode ser a gota que fará transbordar o copo para mim ou para você.