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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

EX - PSEUDOAMORES - VERSÃO DIÁRIO DE SETE DIAS - DIA CINCO

POR MARI MONTEIRO




QUINTO DIA

Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinicius de Moraes
Hoje confesso que o sentimento que predominou em mim foi saudade.  Até mesmo “Saudades de tudo que eu ainda não vi.” (R. Russo). Deve ter sido porque sonhei com meu pai. Foi mais uma lembrança “revivida” do que um sonho.  Pode isso? Sonhei com o dia em que ele, não muito sóbrio como sempre, cismou de andar comigo e com umas colegas pela rua. E acho que eu quis pegar uma flor no muro de uma casa e não alcancei. Foi então que ele, se achando com superpoderes, subiu no muro, pegou a flor e se estatelou no chão... Acho que eu teria achado muita graça nesta cena, se ele não estivesse bêbado. Porque ouvi alguém dizer: “Caiu de bêbado!”



Mas, o que ficou daquele dia e do sonho de hoje foi olhar para flor na minha mão e sorrir. Lembro-me da textura e da cor. Era um hibisco, uma flor comum na vila, numa época em que quase todo mundo tinha um pé de hibisco no quintal, porque ainda havia quintais.



Impressionante como nossa memória guarda coisas tão antigas. É realmente como diz Rubem Alves: “O que a memória ama, fica eterno.” Uma coisa que tenho de muito bom (ao menos, sob meu ponto de vista), é que minha memória se lembra de todas as coisas boas, por mínimas que tenham sido. Quanto às coisas ruins, ela não imprime profundamente... Da maioria já me esqueci. No entanto, algumas delas; poucas, mas profundas, doem... E muito. Algumas lembranças, quando vem à tona, trazem consigo uma intensidade tamanha que sinto o aroma do perfume que usava; a temperatura do meu corpo... Se eu sentia frio ou calor.



Enfim, a palavra que regeu meu dia foi SAUDADE. E saudade nunca é um sentimentos solitário. Ocorre sempre uma espécie de reação em cadeia; uma lembrança vai puxando a outra e, quando a gente se dá conta, já voltou décadas no tempo se lembrando de momentos bons... Únicos. Não canso de dizer: “A VIDA NÃO TEM REPLAY”. Daí minha vontade de fazer  como disse Vinicius de Moraes: " VIVER CADA SEGUNDO COMO NUNCA MAIS." Lembranças são recordações meio desfocadas do ocorrido que, se fica por muito tempo sem ser lembrado, vai desbotando, perdendo a cor, o brilho até que a gente não se lembre de mais nada...



(To be continued)

Mari Monteiro – 17/11/2014





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