POR MARI MONTEIRO


Como
professora de Ensino Fundamental I, II e Médio eu já presenciei,
lamentavelmente, inúmeros casos de bullying. E isso não é de agora. Acontece há
décadas. É que, quando “ganhou” este termo em inglês, ganhou mais
notabilidade. Têm uns 15 anos, um a aluna
chegou pra mim e disse:
- Professora,
aquele mininu ali tá bulinando ni mim! (sic)
Pois é já
era o tal do bullying, mas falado na nossa língua. Após conversar melhor
coma garota, entendi que o garoto estava
enfiando o lápis no cabelo dela e dizendo que tinha ficado preso, porque o
cabelo dela era crespo. Parece pouco não é? Mas, não é. Para uma criança que só
conhece bonecas e personagens de TV com cabelos lisos e soltos, isso causa
desconforto. E prestem atenção ao tempo
verbal usado por ela: “BULINANDO”; ou seja, estava acontecendo... Não foi uma
vez, foram várias até que ela me
falasse.
Em momentos
similares, em minha concepção, já cabem providências como debates; rodas de
conversas sobre diversidade e sobre
aceitação. Mas, na maioria dos casos, a cena
se resume a uma bronca pública como:
- “Fulano,
pare de mexer coma colega!”
E a gente, ingenuamente,
pensa que resolveu a situação. Não
resolvemos não apenas este caso, como borbulham outros tantos e diversos nas salas de aula. E, pior, apesar
de o bullying ser uma prática diária nas escolas (e na vida social...) em
qualquer idade, o assunto só vem à tona quando ocorrem tragédias decorrentes do
tema. Passados alguns dias, retomamos nossa rotina de indiferenças. Fingimos
que não vimos isso em casa ou na escola; fingimos que não é conosco ou com
nossos parentes.
O agravante
maior é IGNORAR OS SINAIS. Aprendi nestes
anos de experiências algumas ”coisinhas” valorosas:
- Todos
sofrem bullying, inclusive adultos e os PROFESSORES.
- As
consequências do sofrimento de bullying se agravam com achegada da adolescência.
- Cada indivíduo
lida com o isso de forma diferenciada: uns se isolam; outros se tornam mais
agressivos e reagem verbal ou fisicamente.
- O bullying
pode ser praticado até mesmo de forma “silenciosa”,
apenas com olhares de reprovação.
- Nenhuma vítima de bullying “surta” sem dar “sinais”.
- Conversas
em casa e na escola ajudam muito na compreensão “do diferente” e da prática do
respeito mútuo.
- Existem
diversos filmes e documentários que tratam de Bullying e de
Cyberbulling. Aqui mesmo no blog, existem algumas recomendações feitas em artigos
anteriores.
Outro
aspecto a se pensar é que a diminuição da proximidade e do diálogo entre as
pessoas (seja na escola ou fora dela)
está contribuindo muito para que a vítima de bullying “se feche” e não tenha
coragem de falar sobre o assunto com ninguém. Tal comportamento aumenta a
possibilidade do surgimento de transtornos comportamentais, depressão e
síndrome do pânico, podendo avançar para consequências graves.
Obviamente,
este pequeno artigo não encerra as discussões e nem resolve o problema; mas,
fica o espaço para discutirmos de modo cada vez mais consciente o tema e não
deixar que mais vítimas sofram com isso. Este espaço é nosso!!!