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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O QUE VOCÊ ME CONTA DE NOVO OUTRA VEZ? (WHAT YOU NEW ACCOUNT AGAIN?)

POR MARI MONTEIRO



Imagine que daqui alguns minutos todos os aparelhos eletrônicos de comunicação desaparecerão por completo da face da Terra. Qual seria sua primeira reação? Considerando que temos inúmeros trabalhos iniciados; que nossos contatos estão todos gravados em aparelhos; nossos registros fotográficos estão todos em arquivos; nossas pastas com nossos textos e artigos preferidos desapareceriam; assim como nossos perfis... Nossa identidade sofreria algum tipo de “dano”?


Afirmar que o ISOLAMENTO SOCIAL DECORRE do uso exagerados DAS MÍDIAS SOCIAIS pode parecer um paradoxo; pois, a princípio estas se prestariam a aproximar as pessoas, principalmente as que estão mais distantes. Mas, o isolamento e o distanciamento são cada vez mais nítidos. E não me refiro apenas aos nascidos na Era Digital, refiro-me a nós todos, adultos, supostamente maduros e munidos de discernimento. Estamos todos fascinados por esse mundo de imagens e de poucas palavras. Estamos, inclusive, amedrontados no sentido de ficarmos para trás caso não possamos acompanhar tudo o que acontece no mundo e em tempo real.




Mesmo quando se trata do ambiente doméstico, os comportamentos mudaram muito. Na mesa de jantar, quando conseguimos reunir a família, os celulares já fazem parte da mesa. Vejo pessoas que comem com uma mão e digitam com a outra.  É como se os demais não estivessem ali. ISSO É SINTOMA DA TOTAL FALTA DE EQUILÍBRIO; BOM SENSO E DE EDUCAÇÃO.  Não se tratando de doença ou morte, toda ligação ou chamada de whats pode esperar para ser retornada.


Temo que o próximo passo seja (já percebo isso em algumas pessoas) o medo do toque, do abraço, do afago... E, neste quesito, PERDEMOS PARA OS ANIMAIS. Alguma s espécies se socializam melhor que nós: andam em bando; cuidam de seus filhotes; brincam; trocam afagos etc.




E quanto ao ato de escrever então? Quanto sacrifício! Independentemente do tema, a pessoa não quer saber. Simplesmente quer acabar logo com o que passou a ser considerada uma forma de tortura. E a maioria só o faz quando se trata de algum concurso, vestibular, avaliações etc... Caso contrário, solicitar um comentário com o mínimo de dez linhas configura uma afronta.   Deixar bilhete, de próprio punho, pra alguém é luxo! Ah! E mesmo no Whats, há como fugir da escrita, basta o interlocutor “ditar” a mensagem e o App escreve sozinho! Isso me fez lembrar uma palestra de Rubem Alves em que ele falava da carta de amor.

“Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.” (Rubem Alves)

Relendo isso, penso nos emoticons enviados pelo Whats (também os envio); e, na maioria das vezes, querem dizer: “Li sua mensagem, mas se contente com isso porque não quero escrever agora...”. Se não vai se dignar a responder à altura, não leia, não adicione ninguém, não tenha whatsApp criatura! Retomando a questão da carta a que se refere Rubem, se para o amante o que importa é tocar o papel que outrora foi tocado pela pessoa amada, o que fazemos com o celular quando recebemos um whats já que o aparelho é nosso mesmo e somente nós mesmos o estamos tocando?






Não me conformo com esse distanciamento da LEITURA; DA ESCRITA; DO DIÁLOGO; DA AFETIVIDADE. Isso tira toda a essência de sermos humanos no sentido mais amplo da palavra, já que os aspectos que nos diferem dos animais (ao menos, por enquanto) são a escrita e a fala. Quanto à fala, ainda falamos, mas nem sempre somos ouvidos. AS PESSOAS SIMPLESMENTE NÃO QUEREM OUVIR. Perderam o interesse pela história do outro, pela voz do outro e, dessa maneira, até mesmo aqueles que gostam muito de conversar por horas (como eu rsrrs), vai se calando, dizendo cada vez menos... Às vezes, sentindo até medo de iniciar uma conversa. A pressa das pessoas é nítida: elas mordem os lábios, olham mil vezes para o celular enquanto falamos (isso quando não parma de nos ouvir para atender uma chamada que poderia ser retornada depois); balançam as pernas; enfim, dão uma série de demonstrações do desinteresse total pela conversa. É A MORTE DO DIÁLOGO. E A MORTE DO DIÁLOGO É A MORTE DA QUALIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS.




Estamos todos desenvolvendo hábitos PERNICIOSOS relacionados às novas tecnologias. Acho até que assim que terminei de digitar a última letra da palavra “tecnologias”, esse termo já ficou obsoleto. Assim como a corrida para possuir celulares (ops, as pessoas gostam de dizer “IPhones”, Smartphones...rsrs) é algo extremamente ridículo. A criatura tem que entender que assim que ela compra o último modelo do Iphone “mais top” lançado no Brasil, já existe outro sendo lançado, muito mais caro e com muito mais recursos. O que faz disso um a “corrida” em círculos, como burros que correm para tentar abocanhar uma cenoura presa à sua frente.




Mas, otimista que sou, reconheço os benefícios da tecnologia que, a propósito, são muitos. Sou muito ativa nas Redes Sociais. E sempre gostei disso e já conquistei muitas coisas boas através delas, inclusive amizades duradouras e muito aprendizado... Tudo é uma questão de escolhas. Não é à toa que temos “PERFIS” nas redes, eles dizem muito sobre quem somos e como somos como pessoas... Obviamente, há exceções... Ou seja, perfis que não correspondem à realidade da pessoa, aí – me desculpem – mas é uma questão de falta de identidade (ou de caráter mesmo!). A este respeito tem uma banda que gravou um clipe em forma de animação que ilustra bem o que acredito... Sobretudo, quando as pessoas são sinceras em suas redes.






Retomando a questão do diálogo, sobre o que falamos ao final do dia? Falamos sobre o que vivenciamos de fato ou sobre o que lemos ou vimos na internet? E esse “lemos”, quase via de regra é algo muito conciso, caso contrário, NÃO LEMOS. Observem as conversas entre seus familiares e amigos. Quando conversam, ou o fazem pelas redes e isso inclui o whatsApp ou eles conversam sobre os “conteúdos” destas redes. Não há mais espaço para histórias PRÓPRIAS; pensamentos PRÓPRIOS.  Estamos nos limitando a compartilhar o que já foi compartilhado.  É preciso nos distanciar de tudo, nos desconectar, “IR PRO MUNDO” para RETORNAR com histórias novas para contar.  Paulo Miklos, integrante da Banda Titãs, em uma de suas excelentes composições cantou algo que faço questão de compartilhar, mesmo porque não toca no rádio...


No dia 24/08 assisti ao programa “Papo de Segunda” (na Rede GNT – RECOMENDO –todas as segundas às 22h) e usou a expressão: "trabalhar 24/7"; ou seja, estar disponível em tempo integral. Isso me fez pensar que nunca saberemos quando será o último abraço; como será o último retrato em família; o último beijo... Somos reféns de uma vida "fast"... A questão é: "Estou disponível para o quê e para quem?” Minha resposta é: "Estou disponível apenas para o que vale a pena; para quem merece meu tempo.”. Gostei muito de pensar sobre isso. Concluí que quero a ESSÊNCIA de tudo e não as “carcaças”, sejam dos celulares à prova d’água, sejam das pessoas que enrijecem cada vez mais nervos e pele... Que já não arrepia mais, não sente mais... Tal como Rubem Alves, eu quero a ESSÊNCIA.



“... Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a ESSÊNCIA, minha alma tem pressa.” (Rubem Alves)



De qualquer modo, não estou escolhendo entre tecnologia e isolamento ou diálogo e relacionamentos. Estou e SOU a favor do EQUILÍBRIO. Acredito que seja possível tirar o máximo de proveito possível das ferramentas tecnológicas. A gente pode se divertir; aprender; encontrar e reencontrar amigos; até encontrar amores. (conheço casais que se conheceram pela internet, se casaram  e vivem bem  há muito tempo).  Sou contra a ALIENAÇÃO e o AFASTAMENTO DOS SER HUMANO NO MUNDO REAL; contra ao “ATROFIAMENTO DA FALA”; contra o vocabulário cada vez mais minimalista... No mais, escolho e fico com o que é bom. Exemplo disso é esse clipe que diz muito sobre avançar no tempo sem perder a essência; ser high- tech e, ao mesmo tempo romântico... Despeço-me com esta canção... Afinal, compartilhar é o verbo da vez... 







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