Translate

EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A CULPABILIDADE ATRIBUÍDA AO PROFESSOR


- “Na hora que começa a briga, o professor não intervém?” (REPÓRTER)
- “Somente após alguns minutos”. (ALUNO)


Por Mari Monteiro

Engraçado, a pergunta deveria ter sido: “E as autoridades educacionais não intervém?”. Mas, agora, já é de praxe. A culpa é sempre do professor. Não podemos esquecer que caso o professor tocasse nas alunas, as mesmas poderiam alegar alguma forma de assédio e até agressão. E, desde quando estudamos “técnicas de MMA nos cursos normal Superior ou nas Faculdades relacionadas à educação”?

A sala de aula há muito tempo, deixou de ser local de respeito mútuo e de aprendizado. Na maioria dos casos, o professor exerce múltiplos papéis e as aulas propriamente ditas ficam reduzidas a 20 ou 30 minutos, devido às intervenções feitas: conversas solicitando silêncio, temáticas envolvendo ética educação (aquela educação que já caberia ao aluno trazê-la de casa, imbuída em seu comportamento...).


Contudo, cada vez que nós, professores, fazemos tais intervenções (apagando fogueira), assumimos uma responsabilidade que NÃO É NOSSA. Deste modo, fica bem fácil para o governo e para a mídia (porque eu deveria poupá-la?) de colocar a culpa no PROFESSOR, que também não passa, em casos como este, de uma vítima da situação e que, por inúmeros motivos sente-se “desarmado” e impotente para resolver situações de violência como esta.

Não são raros os casos em que os professores (isso já aconteceu comigo ao tentar separar uma briga no recreio) saem feridos. E quem lhes dá assistência (médica ou psicológica) ou sequer razão? Não sei vocês, amigos, mas quando vejo notícias como estas, sinto-me DESAMPARADA. É como se os papéis tivessem sido invertidos totalmente. O professor não é mais a autoridade (no sentido da RESPEITABILIDADE) máxima na sala; portanto, para que prestar atenção às suas aulas, por que não proferir palavrões em sua presença e por que não “sair na porrada”?

Por outro lado, percebo que os alunos também estão desamparados, SEM REFERÊNCIAS. Refiro-me às referências relacionadas aos valores à moral. Tudo em suas vidas é muito instantâneo, imediato e efêmero. A inconsequência reina, pois eles não possuem o hábito (assim como muitos adultos) de ponderar sobre as consequências de seus atos.

Portanto, senhores repórteres e mídia em geral e; sobretudo às AUTORIDADES EDUCACIONAIS COMPETENTES (competentes?) que, antes de perguntar se os professores não intervêm, procurem conhecer melhor NOSSA REALIDADE e nossos limites enquanto educadores. Somos educadores e, nosso currículo, não inclui artes marciais, jiu-jitsu e outras modalidades. Quando conseguimos desenvolver uma boa aula na qual somos ouvidos e conseguimos estabelecer um diálogo com nossos alunos já nos damos por SATISFEITOS. E, da próxima vez, não entrevistem um aluno, entrevistem um professor.




COMENTE!