EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.
sexta-feira, 10 de abril de 2015
UM OLHAR SOBRE A OBRA: “O AMOR LÍQUIDO”, de ZYGMUNT BAUMAN (LIQUID LOVE)
POR MARI MONTEIRO
Sempre
digo que me faltam duas coisas; dinheiro para comprar todos os livros que tenho
vontade e TEMPO para lê-los (e reler também). No caso deste livro, ganhei de
presente de uma aluna (era uma das minhas opções de amigo secreto).
Mais que
caminhar e “se atualizar”, Zigmunty Bauman “SE FLEXIBILIZOU” o suficiente para
entender o presente e as tendências relacionadas à modernidade e à evolução
tecnológica. Graças a essa compreensão e visão apuradas dos fatos, Bauman nos
oferece uma oportunidade de contemplar e de analisar as RELAÇÕES HUMANAS NA
CONTEMPORANEIDADE. Confesso que, depois da leitura, o que mais “ficou” foi uma
espécie de sinal de alerta sobre a fragilidade das relações interpessoais.
Não foi uma
leitura simples e nem rápida. Pelo contrário, estudei a obra. Daí tantas
anotações no livro.
“(...)
Semear, cultivar e alimentar o desejo leva tempo (um tempo insuportavelmente
prolongado para os padrões de uma cultura que tem pavor em postergar,
preferindo a ‘SATISFAÇÃO INSTANTÂNEA’). O desejo PRECISA DE TEMPO para
germinar, crescer e amadurecer. Numa época em que o ‘longo prazo’ é cada vez
mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo
obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do
desejo para dar ‘lucros’ parece cada vez mais longo – irritante e
insustentavelmente longo.” (Bauman, 2004:26).
Ouço e
presencio também sobre a rapidez e sobre a relativa facilidade com que se
desfazem os relacionamentos atualmente. Não se tenta mais. É o tempo do “AMOR
ATÉ SEGUNDO AVISO”, como diz Bauman. “A fila anda” é o clichê mais ouvido por
aqueles que saem de um relacionamento.
Tenho pra mim que isso acontece de forma cada vez mais corriqueira,
porque os relacionamentos já começam de forma SUPERFICIAL. A quem interessa
aprofundar e solidificar as relações; estreitar laços (sem virar nó, como diria
Mario Quintana)? Não há mais diálogo e, muito menos reciprocidade. Tudo paira
sobre a relação, mas quase nada é aprofundado; tudo é dito com o menor número
de palavras possível e de modo rápido (ninguém tem tempo a perder); nada é
conversado, pensado... Sentido. Falta persistência, compreensão e sensibilidade
e, pior, FALTA EXPRESSAR TUDO ISSO.
Perniciosamente,
estamos nos acomodando; acostumando-nos com a ACEITAÇÃO PASSIVA; COM O DESCARTE
DE SENTIMENTOS; COM A VIDA QUE PASSA RÁPIDO DEMAIS; COM O SILÊNCIO (nosso e dos
outros) que ocupa o lugar das conversas que ratificam nossa condição de
humanos; com o “TCHAU” e com o próximo “OI”... Muitos relacionamentos: RÁPIDOS;
FÚTEIS e SUPERFICIAIS.
Precisamos ser
cada vez mais corajosos para amar e, mais ainda, para ASSUMIR e para DEMONSTRAR
amor. Caso contrário, este nobre sentimento não passará de um líquido que
escorre por entre os dedos. Para tanto,
há muitas coisas para se fazer e um longo caminho para percorrer (e percorrer
até que a busca pelo equilíbrio se torne um hábito): harmonizar máquinas e
homens; não se deixar hipnotizar pelas tentações das telas ao ponto de mergulhar
no isolamento; evitar o distanciamento que nos conduz ao isolamento e cultivar
a sensibilidade que nos HUMANIZA. Enfim, viver e conviver na (e com a)
modernidade, mantendo nossas essências e estabelecendo RELAÇÕES HUMANAS REAIS,
permeadas por um amor real... E sólido o bastante para sobreviver ( e viver COM
PRAZER) numa sociedade cada vez mais fluida; superficial; descartável e fútil.
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