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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

BRASILEIROS SIMPÁTICOS OU APÁTICOS? (BRAZILIAN SYMPATHY OR APACTIC?)

POR MARI MONTEIRO



Ontem ouvi a seguinte colocação de um correspondente brasileiro em Nova Iorque: “ Constantemente tenho sido  questionado aqui sobre a passividade dos brasileiros diante das denúncias sobre o presidente da república. As pessoas aqui não entendem por que o povo não está protestando.”  Trago esse assunto à tona, porque  essa é uma inquietação minha também.

Não se trata de apologia à violência; não quero pra nós o que  está acontecendo nas ruas da Venezuela, por  exemplo. Porém, confesso que não sou capaz de entender esta APATIA  que nos paralisa. A impressão que tenho é de que os noticiários estão falando de outro país; que nem conhecemos Michel Temer e os demais  (e  são tantos!!!) políticos envolvidos.

PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA: RODRIGO JANOT

O Presidente, com dedo em riste, se  apega a números “positivos”, afirmando que  a recessão está acabando. Números estes que não conseguimos VER e nem SENTIR. Ele se defende acusando. Típico. Se não existem provas concretas, como ele insiste em afirmar, por que não deixar que apurem os fatos até o fim? E ele será INOCENTADO, oras.

Contudo, a desordem é tanta que os conluios são planejados às nossas vistas. São vergonhosas trocas de “favores”. Diálogos que, pra mim, soam assim: “Olha, fiquem ao meu lado agora, porque vocês serão os próximos denunciados.” É nojento de ver. Uma quadrilha escancarada na nossa cara.


Eu, “Alice” que sou, às vezes, prefiro pensar que a maioria de nós não está entendendo a gravidade da situação. Que estamos todos sem perspectivas; sem opções; sedados ou acreditando, de verdade, nos discursos de Temer que afirmam que está tudo bem e ficará muito melhor em breve...

Estaríamos nós sendo simpáticos? Fazendo pose e sorrindo amarelo para não perder nossos empregos ou as migalhas que ainda nos sobram?

Ou, o mais provável e ATERRADOR, estaríamos apáticos? Imersos numa espécie de transe? Cansados ao ponto de “deixar quieto”? Não sei quanto a vocês; mas, tenho um círculo de amigos virtuais e “reais” que encontro as duas posturas... Ouço de um tudo:

-“Quer saber? Cansei!”
- “Nada adianta?”
-“As pessoas vão pra rua  e vira vandalismo!”
- “Graves só servem para atrapalhar a rotina de quem quer trabalhar!”
- “Alguém tem que jogar uma bomba no congresso!”
- “Gente! Que pasmaceira é  essa? Povo acomodado!”
- “Ninguém  se salva!”


O incrível e o que me deixa mais intrigada é que a FALTA DE DINHEIRO; DE EMPREGO; DE OPORTUNIDADES são aspectos unânimes. Quem não está devendo; não está comprando. Quem não está empregado,  não está comprando. Quem está empregado, não tem dinheiro pra  investir. Os pequenos empresários estão demitindo, limitando gastos, presos a uma tábua de salvação cheia de furos...


Outra unanimidade  constatada nas conversas que tenho; nos noticiários; leituras etc... (não precisamos de muitas fontes para saber disso...) é o fato de que quem sempre PAGA A CONTA – e continuará pagando – somos nós. Exemplo disso são os funcionários do Estado do Rio de Janeiro. Cadê seus JUSTOS SALÁRIOS (justos, porque trabalham e não pelo valor do contracheque, que é ridículo)? Existem pessoas passando fome. Profissionais das mais diversas áreas reduzidos a pedintes, dependendo de favores de parentes e amigos para sobreviver.


Então, se somos brasileiros; se nosso presidente é denunciado; se  seus pares são tão ou mais suspeitos que ele, como não se indignar???  Não quero “fazer a simpática!”. Está foda!!! Não consigo ser apática e, pior, a apatia do outro me incomoda. Muito. Por isso, escrevo; posto; discuto; compartilho; partilho; entendo e desentendo; OUÇO; aprendo; vejo; sinto; respeito... Só não me peça pra ficar indiferente. Não estou morta.


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