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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

HOMOFOBIA NA ESCOLA? É. NA ESCOLA! (HOMOPHOBIA AT SCHOOL? IT IS. IN SCHOOL!)

POR MARI MONTEIRO




Com que direito uma pessoa olha pra outra, condena sua opção sexual, julga e pune? Nunca consegui entender isso! Cada pessoa é livre para ser o que é. Não é esse o discurso politicamente correto? SÓ DISCURSO! Porque a maioria de nós carrega uma ou mais formas de preconceito.  O que não dá a ninguém o direito de agredir o outro pela sua identidade. Antes, de acrescentar outros comentários, segue a notícia publicada pela mídia ontem (24/02/2016):


"Desde o primeiro dia de aula, eu sabia que ia apanhar. Fui xingado e ofendido. No dia que apanhei, estava com o coração apertado. Quando vi, já levei uma, duas pauladas. Depois, socos, chutes e eu apaguei. E tudo isso por ser homossexual." O autor da frase é um jovem de 18 anos, estudante no segundo ano do ensino médio na escola estadual Lourdes Maria de Camargo, em São José dos Campos, e a descrição se refere ao ataque sofrido por ele, por volta das 23h de segunda-feira (22), na saída das aulas.
Na ocasião, um colega de classe dele, de 16 anos, comandou a pancadaria. Outros quatro adolescentes, todos menores, participaram da agressão. Apesar de identificados, eles foram liberados pela Polícia Civil após prestarem depoimento.
Segundo relato da vítima, ele já havia denunciado o caso para a direção da escola anteriormente. "Desde o primeiro dia de aula, ele me xinga. Nunca teve motivo. É uma coisa inexplicável", disse. "Ele disse claramente que ia me matar, que ia me pagar na saída, que ia acabar comigo", contou.
Como ameaças se intensificaram, no dia da agressão ele havia sido mudado de classe. "A direção achou melhor e me disse para ficar tranquilo que nada ocorreria. Mas, na saída, depois da aula, eu estava conversando com uma amiga na porta da escola quando ele veio com o pau. Não deu tempo de dizer nada", contou.
Durante o espancamento, a vítima afirma ter ouvido os agressores gritarem frases homofóbicas. Depois do primeiro golpe, ele afirma ainda ter visto outros quatro jovens se aproximando, também armados com pedaços de madeira. "Eu tentei correr pra dentro da escola, mas não deu tempo. Senti outras pauladas e apaguei. Só acordei dentro do carro, quando estava sendo socorrido", disse.
Ele teve ferimentos em várias partes do corpo, em especial na cabeça e abdômen. Abandonado na rua foi socorrido por populares e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Campo dos Alemães. Ele foi medicado, recebeu sete pontos na cabeça e foi liberado.”  (http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/24/aluno-gay-e-espancado-a-pauladas-por-cinco-jovens-em-frente-a-escola-em-sp.htm - acesso em 25/02/2016)



Agressões contra gays já me emputecem quando acontecem com adultos em vias publicas ou em outros locais. Agora, na porta da escola, é algo aterrador sob meu ponto de vista. Por quê? Porque é na escola que se combate, de maneira mais incisiva e didática (ao menos deveria ser assim) o preconceito. E, mais, para a “coisa” acontecer fora da escola (na saída) como é o caso, é porque começou no interior da escola, na sala de aula, nos intervalos, corredores, conversas de banheiro etc.


Aí eu pergunto: “Nenhum professor notou ou supôs que algo estaria acontecendo? Alguma piadinha? Mudanças no comportamento dos envolvidos?” Claro que sim. Sou professora. A gente percebe quando alguma espécie de bullying está acontecendo, por mais sutil que seja. Já passei por várias situações em sala de aula em que, uma vez percebido isso, sempre dei um jeito de trazer a temática “da discórdia” à tona: sejam através de redações, debates, fóruns etc. O professor tem este feeling e tem esse “poder” em sala de aula.



Enquanto a escola, na qualidade de educação formal e os professores, na condição de formadores de opinião, não tomarem pra si uma parcela maior de comprometimento com relação ao combate ao preconceito e até outros assuntos, que  extrapolem os conteúdos de ensino, o comportamento predominante na sociedade continuará refletindo preconceitos; agressividade, falta de ética etc. Não estou, com isso, apontando culpados ou responsáveis diretos para o que houve. Quero dizer que é OBRIGAÇÃO DA EDUCAÇÃO FORMAL pensar em meios de implementar disciplinas novas que possam dar conta de abordar as temáticas que causem polêmicas e que, por isso mesmo, devem ser debatidas e trabalhadas.


Há quem diga: “mas isso me uma questão cultural!” ou “isso é a sociedade quem deve resolver” ou, ainda, “quem deve resolver isso são as autoridades competentes!” Pois, todas estas questões são parte da formação e da construção do conhecimento e; portanto, passam sim pela educação formal. Além disso, considero o ambiente escolar o mais propício e oportuno para que questões polêmicas sejam tratadas, debatidas etc. Mas, ao contrário disso, ouço muito: “ah! Não ganho pra isso”; Não quero problemas pro meu lado!”; Isso é problema do aluno e da família dele!’... E nisso a escola se omite e “permite” que as questões mal resolvidas ( algumas  sequer conversadas) como: respeito; individualidade; aceitação etc evoluam para rivalidades e agressões sejam verbais ou físicas. O que é lamentável de se ver... Mas, vemos.


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