POR MARI MONTEIRO 
In memoriam de “O Mocinho”. Agradecimentos especiais à
Mocinha e texto dedicado a E. K.
Anne Frank
(1929-1945) disse mais ou menos isso: “prefiro escrever, porque o
papel é dotado de mais paciência que as pessoas.” Fato.
Acrescento que , enquanto escrevo e enquanto você lê, raramente seremos
interrompidos e dispersaremos. Neste momento, por exemplo, você pode estar se
perguntando:“o que tem a ver o ato de amar, a cura ou não do amor com um blog sobre educação?” Simplesmente TUDO. Tentemos exercer (se é que já não o fizemos
algumas vezes) nossa função que, a propósito é junto“ a pessoas, sem “estar
amando” alguém. Estão estabelecidos o caos e a infelicidade. A
educação, assim como todas as relações interpessoais, está diretamente
relacionada a todas as formas de amor e de amar. Dentre todas estas formas,
este texto é sobre o AMOR PASSIONAL ou sobre o AMOR ROMÂNTICO, que também
ensina. Ah como ensina...
Mas para
começar este “conto de amor”, precisei
pedir autorização à Mocinha para falar sobre o Mocinho. Era assim que,
carinhosamente se tratavam. Tomei coragem e escrevi: “Mimo, como você está?
Tentei ligar, mas acho que estou me desencontrando de você (rs). Fato é que ,
desde o dia em que conversamos, revi muitas coisas na minha vida e preciso
escrever sobre isso no meu blog. Gostaria da sua permissão para citar uma frase
da sua história com o Mocinho. As pessoas precisam saber que devem fazer como
vocês: "AMAR EM
TEMPO"... Por favor, permita-me alertar as pessoas no sentido de
entregar-se ao amor que sentem, sem priorizar materialismos e outras
banalidades. Ninguém saberá de quem estou falando, pois as pessoas não sabem da
nossa conversa. Mas não me sentiria bem sem sua aprovação. Amo você!!! Bjus”
Confesso que
naquela noite não consegui dormir. Levantei-me e me pus a escrever.
Certamente, se a resposta da Mocinha fosse negativa, eu rasgaria as folhas.
Fato é que eu precisava “esvaziar” meu peito.
Na manhã seguinte, olhei para as três páginas manuscritas e pensei no destino
que elas teriam.
Contudo, assim que abri a internet, lá estava a resposta
da Mocinha: “Mimo. que lindo! Nem preciso dizer que estou chorando.... Acho que
aprendi com você. Escreve sim, com toda sua inspiração e me mostra... Aliás, me
passa o texto e o endereço... Não esquece de dizer que nosso amor foi lindo
desde o início e que daria tudo para tê-lo de volta. Sabe, a cada dia a dor só
aumenta. Eu daria tudo para abraçá-lo mais uma vez e dizer que o amo. Não tenho
perspectiva de futuro, pois nada faz sentido sem ele...
Agora, fico me
lembrando de cada momento lindo que tivemos... Tudo foi especial desde o
começo... Diga pra todos valorizar cada momento, pois não sabemos o que nos
reserva o futuro... Se quiser, pode usar a maneira como nos tratávamos: mocinho
e mocinha. Dou essa permissão a você, mas não se esqueça de me avisar quando
terminar de escrever... grande beijo.”
Diante disso,
não se trata de uma atitude egoísta da minha parte: a narrativa da mudança do
meu jeito de enxergar o amor, mas é também uma vontade
da Mocinha de que todos saibam que é preciso AMAR EM TEMPO. Tempo este,
muitas vezes, preenchido com pequenezas do cotidiano, com picuinhas que não
conduzem a nada. É quase uma fuga. A impressão que tenho é que se fizermos
sobrar tempo para o amor, muitos de nós não saberiam o que fazer com eles (nem
com o amor e nem com o tempo). Sinto medo quando penso nisso. Estamos nos “DESACOSTUMANDO A AMAR” ou nos conformando com a
superficialidade dos sentimentos a ponto de não saber demonstrar este amor ou
de não ousar assumi-lo. Mas, felizmente, com o Mocinho e com a Mocinha foi diferente. Tudo foi
intensamente vivido sempre.
Sinceramente,
não vejo saída para quem não se permite amar; para aqueles que, mesmo tendo em
mãos a possibilidade de amar e de ser amado, se recolhe (e se encolhe) num
ostracismo egoísta. É certo que ninguém precisa gritar aos quatro cantos
que ama, mas demonstrar, do seu jeito... Simples assim. Se é verdade que o amor
cura? Não creio. Se assim fosse, nenhum dos nossos entes amados partiria. Mas
uma coisa é certa: O AMOR MUDA O
NOSSO ESTADO DE ESPÍRITO; nos torna mais fortes, esperançosos e seguros...
E os olhos? Estes se entregam por si só ao refletir a luz mágica. Digo
mágica, porque somos mais generosos quando amamos; mais afetuosos e mais
gentis. Eram assim os olhos da Mocinha com quem tive o prazer de conviver por
muitas tardes em anos de amizade. Quanto à afirmação (presente no título) “e nem tem
cura”, isso também é um fato: AMOR VERDADEIRO é para sempre.
A frase dita
pelo Mocinho à Mocinha, depois de maravilhosos seis anos de convivência e de
vitórias mudou radicalmente meu modo de pensar o amor e o desprendimento
advindo dele. Isso porque se pararmos para prestar atenção, mas muita atenção
mesmo é possível aprender e transformar-se nas situações mais adversas. Numa
determinada manhã, após saber que Mocinha havia perdido o seu Mocinho por
motivo de doença, decidi me oferecer para uma conversa e foi então que,
em meio a lágrimas e detalhes soube que a Mocinha, que por mim seria
denominada carinhosamente de Princesa Guerreira, ouviu a seguinte frase do
Mocinho que, em questão de horas, partiria deste mundo: “DESCULPE. EU TE AMO E QUERO
FICAR. MAS EU NÃO CONSIGO. EU NÃO AGUENTO MAIS.” Esta frase me transformou
visceralmente. Virou-me do avesso e percebi que era lá, no meu avesso, que
morava a mais pura verdade: QUEM AMA QUER
FICAR PERTO. Desde então, meu espírito desassossegou, precisava compartilhar
isso. Pensei nisso por muitos dias. Qual a medida
do amor? Onde ele mora? Como ele chega? Como ele se vai? (Se vai?)
De tanto
pensar, agora sei. O amor verdadeiro é INTENSO e ele NÃO SE VAI. E o clichê “até que a
morte os separe” é real, ao menos enquanto aqui estamos sobre esta terra de Deus.
O que está à margem desta intensidade; da vontade de estar junto; de tomar a
dor do outro pra si... NÃO É AMOR! Pense. O Mocinho queria continuar aqui com
sua Mocinha, amando e sendo amado, mas não conseguiu. QUER DOR MAIOR QUE ESTA? Isso me
fez pensar em vários tipos de pessoas que, mesmo amando e sendo amadas, e em
plenas condições de fazê-lo, não investem nesse amor; não valorizam os pequenos
gestos. Não me refiro a declarações de amor ditas por dizer, aquele “Eu te amo”, que soa
como “saúde” para quem acabou de espirrar. Refiro-me ao
respeito, ao companheirismo, às mãos dadas, ao zelo, ao afago, ao afeto, à
ansiedade do reencontro, à aceitação da autenticidade, dos limites e das
dores do ser amado (não há nada mais desprezível do que fingir que não se
percebe a dor do outro).

Enfim, o que
sei agora é que a pessoa que amo a mim me parece perfeita. Porque, não sendo
nenhum de nós perfeitos, é o meu ato de amar que o torna perfeito; que me faz,
a exemplo do Mocinho, desejar ficar para amar por tempo indeterminado... Sei
também do tanto que o Mocinho e a Mocinha se amaram. Saber destas certezas
sossegou meu espírito. Ah! E só pra lembrar... Tenho pra mim que AMAR só se aprende AMANDO!