POR MARI MONTEIRO
Ontem ouvi a
seguinte colocação de um correspondente brasileiro em Nova Iorque: “ Constantemente tenho sido questionado aqui sobre a passividade dos brasileiros diante das denúncias
sobre o presidente da república. As pessoas aqui não entendem por que o povo
não está protestando.” Trago esse
assunto à tona, porque essa é uma
inquietação minha também.
Não se trata
de apologia à violência; não quero pra nós o que está acontecendo nas ruas da Venezuela,
por exemplo. Porém, confesso que não sou
capaz de entender esta APATIA que nos
paralisa. A impressão que tenho é de que os noticiários estão falando de outro
país; que nem conhecemos Michel Temer e os demais (e
são tantos!!!) políticos envolvidos.
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PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA: RODRIGO JANOT |
O
Presidente, com dedo em riste, se apega
a números “positivos”, afirmando que a
recessão está acabando. Números estes que não conseguimos VER e nem SENTIR. Ele
se defende acusando. Típico. Se não existem provas concretas, como ele insiste
em afirmar, por que não deixar que apurem os fatos até o fim? E ele será
INOCENTADO, oras.
Contudo, a
desordem é tanta que os conluios são planejados às nossas vistas. São
vergonhosas trocas de “favores”. Diálogos que, pra mim, soam assim: “Olha,
fiquem ao meu lado agora, porque vocês serão os próximos denunciados.” É nojento
de ver. Uma quadrilha escancarada na nossa cara.
Eu, “Alice”
que sou, às vezes, prefiro pensar que a maioria de nós não está entendendo a
gravidade da situação. Que estamos todos sem perspectivas; sem opções; sedados ou acreditando, de verdade, nos discursos de Temer que afirmam que está tudo bem e ficará muito melhor em breve...
Estaríamos
nós sendo simpáticos? Fazendo pose e sorrindo amarelo para não perder nossos
empregos ou as migalhas que ainda nos sobram?
Ou, o mais
provável e ATERRADOR, estaríamos
apáticos? Imersos numa espécie de transe? Cansados ao ponto de “deixar quieto”?
Não sei quanto a vocês; mas, tenho um círculo de amigos virtuais e “reais” que
encontro as duas posturas... Ouço de um tudo:
-“Quer
saber? Cansei!”
- “Nada
adianta?”
-“As pessoas
vão pra rua e vira vandalismo!”
- “Graves só
servem para atrapalhar a rotina de quem quer trabalhar!”
- “Alguém tem
que jogar uma bomba no congresso!”
- “Gente!
Que pasmaceira é essa? Povo acomodado!”
-
“Ninguém se salva!”
O incrível e
o que me deixa mais intrigada é que a FALTA DE DINHEIRO; DE EMPREGO; DE
OPORTUNIDADES são aspectos unânimes. Quem não está devendo; não está comprando.
Quem não está empregado, não está
comprando. Quem está empregado, não tem dinheiro pra investir. Os pequenos empresários estão
demitindo, limitando gastos, presos a uma tábua de salvação cheia de furos...
Outra
unanimidade constatada nas conversas que
tenho; nos noticiários; leituras etc... (não precisamos de muitas fontes para saber disso...)
é o fato de que quem sempre PAGA A CONTA – e continuará pagando – somos nós.
Exemplo disso são os funcionários do Estado do Rio de Janeiro. Cadê seus JUSTOS
SALÁRIOS (justos, porque trabalham e não pelo valor do contracheque, que é ridículo)? Existem pessoas passando fome. Profissionais das mais diversas áreas
reduzidos a pedintes, dependendo de favores de parentes e amigos para
sobreviver.
Então, se
somos brasileiros; se nosso presidente é denunciado; se seus pares são tão ou mais suspeitos que ele, como não se indignar??? Não quero “fazer
a simpática!”. Está foda!!! Não consigo ser apática e, pior, a apatia do outro
me incomoda. Muito. Por isso, escrevo; posto; discuto; compartilho; partilho; entendo e desentendo; OUÇO; aprendo; vejo; sinto; respeito... Só não me peça pra ficar indiferente. Não estou morta.
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