por Mari Monteiro
O trato entre as pessoas, tal como as
quase instantâneas mudanças sociais, tem sofrido modificações EXTREMAS
INTENSAS e TENSAS. Obviamente, o ser humano está
sempre “SENDO” (deveria até
existir uma ciência para tratar disso: a “SENDOLOGIA” conforme
sugeriu, numa palestra, o professor Doutor José Eustáquio Romão) e, por isso,
muda constantemente de comportamento. Então, QUAL
É O PROBLEMA? Se pensarmos apenas em termos de evolução,
transformação e amadurecimento, tudo certo. Contudo, não é apenas isso que
acontece. Os indivíduos, em geral, estão, em primeiro lugar, sem referências (BOAS
REFERÊNCIAS) na arte, na música, na
Literatura; não por falta de opções (se garimparmos encontraremos bons
alimentos para a alma), mas por falta de critérios para seleção. O acesso à
arte de um modo geral nunca foi tão intenso e fácil; no entanto, boa parte da
população; sobretudo, os jovens, não sabem selecionar.
Em
segundo lugar, há a questão das relações virtuais, o que não é de todo ruim, ao
contrário, elas oferecem muitas oportunidades de interação que, talvez,
pessoalmente, o indivíduo não fosse capaz de efetivá-las. Mas, como tudo na
vida, este aspecto tem dois lados (ou mais, se analisarmos mais profundamente).
Daí,
a necessidade de abordar, a princípio, os aspectos negativos advindos deste
tipo de relação social. Os jovens tem perdido a habilidade (e pensar que
as gerações futuras sequer perderão esta habilidade, pois não a terão CONHECIDO...)
de relacionar-se “DE PERTO”:
olhos nos olhos, diálogos sem pressa. Isso porque tudo no mundo virtual é muito IMEDIATISTA.
Esta instantaneidade é trazida para o mundo real. Há uma urgência em tudo que
fazem: Falam rápido demais; não tem paciência para ouvir; não tem interesse
pela leitura, pois se habituaram à comodidade dos “TEXTOS
IMAGÉTICOS”, onde tudo está pronto. A imaginação não tem o
trabalho de criar, porque alguém já criou o cenário, as cores... Tudo. Diferentemente
de um livro que o indivíduo lê e a imaginação trabalha para construir
cenas, cores e aromas, o que exige serenidade, tempo e inventividade “ROUBADAS” pelas
imagens PRONTAS.
Todos
estes aspectos refletem quase sempre de forma negativa, por exemplo, NA
SALA DE AULA, principalmente quando se trata de ouvir as
explicações, ler textos considerados mais complexos, usar um tom de voz mais
adequado com colegas e professores. Na hora de escrever, FALTAM
PALAVRAS e as poucas que surgem são “pobres”,
repetitivas e escassas. Para a maioria dos estudantes, é quase um parto
elaborar uma redação de vinte linhas. No âmbito familiar, tais condutas
contribuem para o isolamento entre as pessoas. Então, o que fazer? EQUILÍBRIO é
a resposta. As redes sociais, por exemplo, quando bem utilizadas, constituem
uma excelente plataforma para a manifestação de ideias e para a conscientização
acerca das questões políticas e sociais. COMO FAZER ISSO? É
necessário que existam inferências constantes por parte da FAMÍLIA e
da ESCOLA. À escola cabe,
por exemplo, solicitar o uso de ferramentas que possibilitem aos alunos
praticar uma boa leitura, elaborar e registrar reflexões e APRENDER
A FILTRAR o que é lido.
Outro
aspecto a ser abordado é o fato de que as relações travadas no âmbito familiar
refletem diretamente na sala de aula. Ouvi algo curioso de um amigo. Segundo
ele, numa tarde de domingo, não havia ninguém vendo TV na sala. Ao andar pela
casa, percebeu que estava cada um no seu quarto, assistindo sua própria TV e –
o mais grave – todos estavam vendo o mesmo programa; ou seja, este tempo de
interação foi substituído pelo ISOLAMENTO e,
consequentemente, pelo diálogo acerca do que foi visto. Fato é que NADA
SUBSTITUI UMA BOA CONVERSA, um AFAGO nos
cabelos, um ABRAÇO.
Mas,
por outro lado, é preciso admitir que o FASCÍNIO que
a internet (e a mídia em geral) exerce sobre nós é “viciante”. Chega a ser uma
batalha desigual tanto para a família como para a escola. Este é o típico
caso em que cabe um antigo dito popular: “Se não pode com eles, junte-se a
eles.” A questão é COMPARTILHAR e REFORÇAR os
aspectos positivos e COMBATER os
negativos, através, por exemplo, da aprendizagem e prática de alertas contra
golpes e pedofilias; seleção dos conteúdos postados (o que nada tem a ver com
censura da liberdade de expressão, mas sim com a SELETIVIDADE);
ou seja, os usuários (nossa! O próprio termo “usuários” remete-nos a alguma
espécie de vício...) das redes sociais devem ter consciência da utilidade de
suas postagens. É bom ver um post engraçado e dar risada em frente à tela, mas
não é nada engraçado se deparar com posts de cunho racista ou preconceituoso.
Enfim,
absolutamente nada contra as redes sócias, faço parte de várias. Nem por isso
perco as oportunidades de interagir pessoalmente. Não abro mão do olho no olho,
de longas conversas e do contato físico. Sei que pode parecer que, para o
adulto, isso é fácil. Sim, a maturidade ajuda. Mas se a escola e a família se
unirem para esclarecer os prós e os contras (que, a propósito, são
infinitamente menores que os prós), as crianças e os adolescentes poderão ser
(RE) educados para aprimorar suas relações sociais, tornando-as mais humanas e
mais próximas. O uso da tecnologia em prol da HUMANIZAÇÃO
DAS RELAÇÕES é possível! Há muita poesia e generosidade
“nas redes”, basta garimpar e tomar para si apenas o que for capaz de nos
tornar INTELIGENTEMENTE MAIS AMOROSOS e
menos indiferentes...
Nenhum comentário:
Postar um comentário