Truman Capote (1924-1984): escritor norte americano que escreveu seu primeiro conto aos dez anos de idade; aos onze, começou a escrever durante três horas continuamente.
“Para que o aluno elabore boas respostas, as questões devem ser
provocadoras.” (Mari Monteiro).
Para obter uma participação significativa dos alunos e
respostas bem elaboradas, é preciso fazer boas perguntas; é preciso contar com
um bom “conteúdo” e/ou recurso. Há tempos uso LETRAS DE MÚSICA para ensinar e
para aprender. E como aprendo! Meu principal objetivo é, através de
determinadas letras, PROVOCAR o aluno; chamá-lo para a “briga”, no sentido de
fazer com que ele argumente e exponha seus sentimentos e seus pontos de vista.
Neste caso específico, o contexto se refere à análise e
audição de três letras de músicas da banda Legião Urbana, previamente
selecionadas de acordo com o suposto nível de maturidade de cada turma.
Considerando que as composições de Renato Russo são atemporais, outro critério
de seleção foi o grau de intensidade de cada letra. Diante disso, as letras
trabalhadas foram: “TEMPO PERDIDO” (1º EM); “TEATRO DOS VAMPIROS” (2º EM) e
“METAL CONTRA AS NUVENS” (3º EM).
Impressionante como cada turma apresentou diferentes reações
às músicas e às questões propostas. No 1º ano do Ensino Médio, por exemplo, os
alunos quiseram manusear a capa do CD para ver os títulos das demais músicas.
Pediram para ouvir faixas que alguns já conheciam e acabaram ouvindo
parcialmente todas as músicas do CD. Particularmente, considerei este momento
um aprova do quanto a GERAÇÃO DIGITAL está carente de boas composições.
No 2º ano do Ensino Médio, a maioria dos alunos demonstrou
uma grande preocupação com o ENTENDIMENTO DOS ENUNCIADOS; provavelmente porque
tivemos apenas uma aula e; por isso, pedi que concluíssem em casa.
No 3º ano do Ensino Médio, os alunos quiseram ouvir os dois
CDs inteiros e – como perceberam que não daria tempo – resolveram “pular”
alguns trechos. O interesse demonstrado foi gratificante. A maioria dos alunos
quis conversar mais profundamente sobre determinadas questões.
Mas nada. ABSOLUTAMENTE NADA, se compara ao fato mais
marcante deste dia. Um dos meus alunos do Ensino Médio (obviamente, preservarei
sua identidade) me parou no corredor e disse: “Professora, posso te dar um
abraço?”. Foi um abraço fraternal. A princípio, não associei o abraço às
atividades com música. Foi quando a pessoa me disse que era incrível como eu
conseguia (ATRAVÉS DA MÚSICA) “tirar” as coisas de dentro dela. Nesse momento,
houve choro. Um choro de alívio. E abraço, agora em forma de gratidão, é parte
das coisas MAIS SIGNIFICATIVAS que já aconteceram na minha carreira. Fiquei feliz
por mim, atingi meu objetivo. E, mais feliz ainda, pela pessoa que, tenho
certeza, se “LIBERTOU” de algumas amarras invisíveis que a prendiam.
Enfim, diante do significado desta atividade PARA MIM E PARA
OS ALUNOS (como eles me ensinam e me mantém “antenada”... Ouso dizer que, se
dermos as costas para o que nossos alunos têm a dizer NOS TORNAREMOS JURÁSSICOS
NA VELOCIDADE DA LUZ rsrs), seguem algumas considerações registradas por eles
acerca das letras interpretadas. Ah!!! E, nos dias que se seguiram, pude ler
várias postagens no Face, feitas pelos alunos, alusivas a trechos das letras
trabalhadas na sala de aula... ISSO É BOM DEMAIS! Rsrsrsrs
► PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO: “TEMPO PERDIDO” - QUESTÃO DESENVOLVIDA: De
acordo com sua VIVÊNCIA, o que significa perder tempo?
- “Perder tempo, para mim, é quando você não aproveita a
vida como deve ser aproveitada. E nunca se arrependa dos seus atos!” (João
Leonardo)
- “Não fazer o que você deseja não se expressar, não falar,
não se defender na hora necessária e, principalmente, não fazer o que deveria
ser feito na hora certa.” (Mariana Alves)
- “Perder tempo é não fazer o que tem que fazer como eu que
perdi um ano da escola e agora vejo o que perdi.” (Thiago Laureano)
- “Perder tempo significa que o que podemos fazer hoje, não
podemos deixar para amanhã; porque amanhã é outro dia e não sabemos o que pode
acontecer. Perder tempo para quê? Temos tão pouco tempo.” (Milena Caetano)
- “Eu acredito que é não fazer nada, não dedicar seu tempo a
alguma coisa ou, por exemplo, perder seu tempo discutindo com alguém que não
valha a pena”. (Nathalia Ramos)
- “Perder tempo significa deixar para depois, deixar de
falar as coisas que estou pensando a respeito de outra pessoa. Sendo bom ou
ruim, é preciso falar na hora certa”. (Victor vallim)
- “Perder tempo com algo sem importância, sem valor que não
vai te acrescentar em nada. Perder tempo também pode ser não fazer nada: tempo
vazio; tempo perdido. Mas sempre é tempo de mudar.” (Rafaela Cruz)
- “Perder tempo é fazer algo contra vontade, mal feito, algo
desnecessário ou deixar de fazer algo e cair no arrependimento, perdendo um
tempo que não volta atrás.” (Vitória Oliveira)
- “É fazer algo que não gosto de fazer e faço ou ficar
parado.” (Alexandre Placido)
- “Perder tempo significa que deixei de fazer alguma coisa e
até mesmo deixar de falar alguma coisa que deveria ter sido dita.” (Wellington
Vieira)
- “É fazer alguma coisa que não usarei no meu futuro.
Exemplo: você faz quatro anos de faculdade; mas aí você percebe que não era
aquilo que você queria.” (Lucas de Góis)
- “É estar com vontade de fazer algo e não fazer por receio
de alguma coisa. Não somos imortais. Então, vamos viver sem perder tempo, antes
que a vida termine.” (Larissa Silva)
- “Para mim, perder tempo é ficar fazendo coisas inúteis,
como passar a tarde inteira no computador ou fazer coisas que não gosto e não
vão acrescentar em nada no meu futuro.” (Johnny Ayslan)
- “É lavar a louça e não ir secando e guardando; pedir pra
pessoa ajudar e ela ficar enrolando... E você continua pedindo.” (Letícia
Andrade)
► SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO: “TEATRO DOS VAMPIROS” - QUESTÃO DESENVOLVIDA: Releia
a sétima estrofe e elabore um comentário crítico sobre o último verso: “(...)
Voltamos a viver / Como a dez anos atrás / E a cada hora que passa envelhecemos
dez semanas. (...)” :
“A cada dia que passa as pessoas valorizam o ‘TER’. Querem
sempre algo inovador, por exemplo, comprar um celular bom. Depois de dois anos,
é preciso ter um bem melhor. Por isso, estamos “envelhecendo dez semanas”, as
coisas se tornam ultrapassadas rápido demais. Nunca temos o suficiente.”
(Giovanna Cristina de Oliveira)
“Apesar das dificuldades, ele espera que um dia possa se
encontrar e viver com quem ama... Não importando o tempo que leve para isso e o
tanto que envelheça de tanto sofrer.” (Marcos Vinicius)
“O último verso trata das coisas que envelhecem rápido
demais, que são ultrapassadas com frequência. O mundo está avançando tão rápido
que ‘a cada hora que passa as coisas vão envelhecendo’, e as pessoas também.”
(Henrique Morroni)
“Com esse verso, o autor quis dizer que temos que aproveitar
a vida, amar, respeitar, conviver em harmonia, pois a vida acaba muito
rapidamente, em um piscar de olhos.” (Guilherme Martins)
“O tempo está passando cada vez mais rápido e nós não
estamos fazendo quase nada. O tempo é precioso em nossas vidas e o autor tinha
esperança que reencontraria seu amor. Enfim, eles teriam uma vida de paz e de
tranquilidade... Seriam felizes para sempre.” (Higor Augustus)
“Quando ele diz: ‘ E a cada hora que passa envelhecemos dez
semanas’, ele quer dizer que o tempo não para; que quando percebemos, já passou
muito mais tempo do que pensávamos. Ele está correto; afinal, a gente acaba
fazendo a maioria das coisas sem perceber.” (Agatha Fernandes)
“Ele quis dizer que o nosso tempo é curto demais e, quando
percebemos, já não estamos mais aqui.” (Jéssica Henriques)
“Estamos retrocedendo no tempo, pois nós não estamos dando
oportunidades para novas ideias e, assim, ficamos presos ao passado.” (Fernando
Silveira)
“O tempo passa e nada muda. Uma dessas questões é a
evolução, onde todos querem tudo feito, o mais rápido possível, e acabam
empacando na evolução daquilo que realmente interessa.” (Fabio Constantino)
“De acordo com o verso, o autor sofreu tanto em determinado
tempo que parece que passou muito tempo; quando na verdade, passou ‘pouco’
tempo.” (Yasmim Cavalieri)
“O autor quis dizer que a cada hora que passa ele sofre
mais; nunca está contente com o que faz porque sente um grande ‘vazio’.”
(Gabriel Mantelato)
“As pessoas vem envelhecendo cada vez mais rápido, como ele
diz, devido às horas ruins que passamos o que deixa certo desgaste, fazendo
parecer que mais do que uma hora de tão longo que é o sofrimento... Uma hora
parece com semanas.” (Marcelo Tadeu)
“A cada hora que passa, ele sofre mais. Ele se desgasta a
ponto de parecer que se passaram dez semanas. O fato de sofrermos nos destrói
rapidamente e em demasiado.” (Laísa Nascimento)
“O último verso afirma que o tempo passa rápido demais e;
por isso, envelhecemos muito mais... A cada ano, tudo muda muito rápido e
algumas coisas não fazem mais sentido.” (Beatriz Morroni)
“Por ele não ter motivos de alegria, acaba sentindo como se
estivesse envelhecendo rápido demais. É como se nada na vida dele mudasse em
dez anos.” (Mylena A. Cordeiro)
“Antigamente, as coisas eram mais simples. As pessoas
conseguiam se divertir mais e não existiam tantos crimes com hoje em dia.
Concordo com o pensamento do autor no último verso, pois quando nos divertimos,
temos a sensação de que o tempo passa mais rápido. Porém, precisamos estar
sempre alertas, com medo... Enfim, ainda é possível aproveitar a vida hoje em
dia, mas com muito mais cuidado e atenção.” (Nicolas Magalhães)
►TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO: “Metal
contra as nuvens” - QUESTÃO DESENVOLVIDA: Relacione
os versos: “E há quem se alimente do que é roubo? Mas vou guardar o meu tesouro
/ caso você esteja mentindo” Com o sentimento e com a necessidade de proteção:
“O autor afirma que as pessoas deixam seus ‘tesouros’ à
mostra e as outras pessoas roubam. No caso, o eu lírico protege o seu para não
ser enganado e roubado.” (Vitor Teló)
“Não é possível deixar livre o que se tem para ser
‘roubado’, enganado e acabar perdendo uma parte de si mesmo e se decepcionar.”
(Eliel M.)
“A necessidade de proteção refere ao fato de que a gente
vive de mentiras; coisas falsas e, por isso, devemos guardar nossos ‘tesouros’
(creio que nosso coração, nosso amor...). Todos nós precisamos de proteção, não
no sentido de estarmos seguros; mas, sim, de proteção da nossa alma contra
coisas ruins, pensamentos negativos. Precisamos de algo ou de alguém que nos
proteja desse tipo de coisa.” (Victor Marques)
“Ele sente a necessidade de proteger o amor que sente por
alguém, deixando esse amor guardado caso a pessoa amada esteja mentindo ou não
tenha um sentimento recíproco por ele. Entendo que ele prefere proteger este
sentimento para não se machucar emocionalmente.” (Júlia Toledo)
“O eu lírico quer relatar que existem aqueles que exploram o
seu semelhante através de comportamentos falsos, aproveitando-se da carência
sentimental do outro. Então, ele vai se cuidar para não ser enganado
sentimentalmente por alguém.” (Thalita França)
“Há pessoas que vivem se alimentando da dor, dos sentimentos
e dos segredos dos outros e esse é o tesouro de cada um. E esses “ladrões” são
como as pessoas que enganam, mentem magoam e é verdade que o eu – lírico quer
esconder seu tesouro, guardando somente para si o que sente.” (Valéria)
“Ao ler esses versos, compreendi que há pessoas que se
alimentam de coisas ruins e vivem para praticar o mal para o próximo. Por este
motivo, o eu – lírico quer preservar seu tesouro (que é seu coração), dessas
pessoas que mentem e que iludem.” (Bianca Rosário)
“Quando chegamos nestes versos, depende muito da
interpretação e da condição emocional de cada um. Em minha opinião, a pessoa
poderia mentir para ele e ele quase acreditar. Dois versos depois, ele fala; ‘E
por honra, se existe verdade / Existem os tolos e existe o ladrão’, é quando eu
entendo que ele se refere a certa quantidade de pessoas, possivelmente uma
crítica à política e à sociedade em geral. Nos dois últimos versos, ele
volta a falar da pessoa que ele pode
estar amando; nessa parte ele menciona um tesouro que ele vai deixar guardado.
Creio que não são bens materiais; mas, sentimentos. Porque, no começo e no fim da música, ele se refere a
sentimentos por alguém e, caso a pessoa estivesse mentindo, ela nunca mais
saberias de seus sentimentos, pois ele os deixaria guardados.” (Caio Ferreira)
“Nem sempre confiamos na pessoa certa, que pode se alimentar
de nossa confiança em seu próprio benefício. Então, ele guarda sua esperança de
modo que o faça se sentir mais seguro, dando mais ênfase para a possibilidade de
mentiras. Um bom exemplo são os políticos que atuam como ‘ladrões’ com o
objetivo de roubar e de se alimentar da confiança dos outros, geralmente para
suprir as próprias ‘necessidades’. Mas, mesmo assim, eles nos passam uma lição
de vida: não devemos confiar em todos.” (Leonardo Rinaldi)
“O eu – lírico tem consciência de que há muitas pessoas não
confiáveis e também aqueles que sobrevivem de tudo o que é roubo; por isso, ele
procura proteger seus tesouros a ferro e fogo. O eu lírico sabe que, em muitos momentos
da vida, não se pode confiar em ninguém. Afinal, há muitas pessoas que se
aproximam dos outros por interesse e com ‘objetivos negativos’.” (Maria Luiza
Menezes)
“Collor, presidente da época, com seu rosto e palavras
simpáticos, fez com que todos acreditassem que ele seria ‘O’ Presidente. Mas
ficou provado que não era bem assim. Quando todos deram por conta e viram que
‘QUASE’ acreditaram que o rosto e as palavras poderiam mudar algo... e não lhes
tomar o que era de direito. Eis então a parte em que ele dá a resposta:
‘Existem os tolos / E existe o ladrão’. Os tolos votam e o ladrão rouba o que é
de todos, se alimenta e vive do que é roubo. E, como há os que não confiam
nesse ladrão disfarçado de ‘boa índole’, guardam seus tesouros próprios, caso ele
(o político) esteja mentindo mais uma vez.” (Vinícius Moreira)
“O eu – lírico diz que essas pessoas são aquelas que se
alimentam das suas dores e das dores do outro. E que sofre em nome dos seus
segredos e pela proteção deles. Entendo que se trata de alguém ‘machucado’ e
que não quer se machucar mais.” (Simone)
“Quando ele diz que as pessoas se alimentam de roubo e que
ele vai guardar o tesouro dele, está se referindo aos sentimentos para com as
pessoas. Pois as pessoas, muitas vezes, se aproveitam da nobreza das outras e
da boa vontade para tirar proveito de algo. Hoje em dia, isso é tão comum... O
difícil mesmo é encontrar alguém que nos
ame de verdade, mão apenas pelo que agente
tem, mas pelo que agente é. Sabemos que
o ser humano é falho, mas uma coisa que não podemos ter são falhas em nosso
caráter. A pior coisa que alguém pode ter é seu caráter corrompido, é como se
um aparte da alma da pessoa se apagasse. Quando o autor diz: ‘caso você esteja
mentindo’, mão o culpo por isso., pois esta foi uma forma que encontrou para se
proteger desse mundo tão impuro e com pessoas tão más de coração e de alma.”
(Leticia Barbosa)
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