Por Mari
Monteiro
Está lançado um dos
maiores desafios para os professores: convencer aos alunos de a prática a da
leitura é um a ação necessária para a formação de um modo geral. Para nós,
docentes, a importância da leitura é clara. Se bem que sabemos que há uma boa
parcela dos professores que não lê sequer os chamados periódicos. O que agrava
ainda mais a situação. Como posso convencer meu aluno a ler se eu não tenho o
hábito da leitura e – não tendo esta prática – não tenho boas “histórias” ou “memórias” para contar sobre minhas leituras
e nem recomendações a fazer. Contudo esta NÃO É UMA
RESPONSABILIDADE QUE CABE APENAS À ESCOLA. A família deve
desempenhar a função de motivadora: levar os filhos às bibliotecas e às
livrarias, permitir que eles folheiem e ESCOLHAM
as obras que desejam ler; dar-lhes vale-presentes de livraria, por exemplo,
funciona muito bem, pois o indivíduo se sente à vontade para escolher o que ler
sem a presença dos pais ou a imposição da escola. Eis uma questão que me
incomoda: a imposição da escola. Ou seja, o fato das escolas fazerem descer
goela abaixo – sobretudo no Ensino Fundamental
II - as obras clássicas da literatura, cujo conteúdo e enredo
são de extrema importância, porém ainda não é chegada a hora da assimilação
deste tipo de leitura. As ações em torno da prática da leitura devem começar o
quanto antes, mas respeitando as escolhas do próprio aluno.
Fala-se muito em
desenvolver o hábito da leitura (pauta
de todo planejamento e reunião pedagógica que participei até hoje);
contudo, é preciso, antes, desenvolver o HÁBITO DE FREQUENTAR
LIVRARIAS e BIBLIOTECAS. Afinal, os jovens e as crianças frequentam
e consomem tantos outros lugares e “coisas” mais caras que livros...
Outro entrave à leitura
(adversário talvez fosse um termo mais apropriado)
é a internet. Os resumos de todas as obras estão lá. E os filmes, com seus magníficos efeitos especiais, também. Alguns nada
fiéis às obras originais. Daí advém a necessidade do gosto pela AQUISIÇÃO do livro ENQUANTO OBJETO DE
PRAZER, MANUSEIO E SEDUÇÃO. Isso passa pela vontade de conhecer as
biografias dos autores; as variedades de títulos encontradas nas boas livrarias
e nas boas bibliotecas; ou seja, o gosto de escolher e de levar para casa algo
que lhe despertará INÚMEROS SENTIMENTOS.
E “despertar” isso no aluno (ao menos em parte deles) é uma obrigação de
todo educador, não importando sua área de atuação.
Costumo dizer para os meus alunos que
livro bom é aquele que nos faz ENXERGAR
tudo que lemos que nos leva para outros lugares e nos faz conhecer outras
sensações. Aí responderão os incrédulos: “A
internet faz tudo isso.”
Ledo engano. Na internet está tudo PRONTO. O
leitor não tem escolhas. Seus olhos só enxergam o que está à mostra e sua imaginação
não cria os cenários, não escolhe as cores, os sabores, os aromas... Porque sua
LIBERDADE DE PENSAMENTO FOI CERCEADA pelo hermeticamente
fechado mundo da internet. Explico melhor esse paradoxo: mundo fechado da
internet. Ler um parágrafo descritivo de
uma obra não é o mesmo que olhar para uma cena já desenhada numa tela (por outra pessoa). No livro, o
cinegrafista, o pintor, o protagonista é você e não um designer que fez tudo
segundo seu ponto de vista.
Finalmente, concordo com
José Saramago quando ele diz que está havendo um retrocesso n a
comunicação, que o vocabulário empregado pelas pessoas está cada vez mais
escasso. Inclusive, concordo com ele quando diz que no tempo das cavernas, os
homens apenas emitiam sons monossilábicos e que, se continuarmos a nos privar
da leitura, muito em breve não encontraremos palavras, por exemplo, para
expressar os nossos sentimentos. E um homem murmurará sons monossilábicos para
uma mulher e ela se sentirá amada, pois estará feita uma declaração de amor. Concluo que este é um argumento quase irrefutável sobre a
necessidade da leitura. Quanto mais leio, mais amplio meu vocabulário e, quanto
mais o amplio, mais opções de palavras e expressões estarão ao meu dispor para
expressar sentimentos e para argumentar. Será que
respondi por que precisamos ler?
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