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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CAPITU E A MULHER ATUAL: UMA ANÁLISE FEITA PELOS ALUNOS DO 2º ANO MÉDIO

POR MARI MONTEIRO


A ideia de estabelecer uma analogia entre a personagem Capitu, uma mulher do século XIX e a mulher do século XXI, se deve a longas conversas travadas durante as aulas de Literatura Brasileira nas quais os alunos do Segundo Ano Médio estudaram a obra Dom Casmurro. 


Durante as conversas, inevitável e felizmente, veio à baila a questão comportamental da mulher do século XIX em relação à mulher atual, contemplando, inclusive o perfil psicológico, físico e a questão da sensualidade em épocas separadas por quase dois séculos. Conforme as discussões se aprofundaram, os alunos tiveram a brilhante ideia de elaborar um texto, estabelecendo uma analogia entre os dois perfis e ilustrando com letras de músicas que fazem algum tipo de alusão depreciativa à mulher. Em meio às aulas, os textos emergiram. Semana de provas e correria. Entre uma atividade e outra, alguém aparecia com uma letra ou trechos de músicas. Chegamos até ver alguns vídeos. O que não é recomendável...




Impressionante perceber o DISCERNIMENTO dos alunos quanto ao papel da mulher no século XXI. Muitos deles entenderam perfeitamente a diferença entre sedução (aquela em que um olhar sutil prende a atenção) e a erotização (situação sem qualquer mistério, pois não há o que ver, está tudo à mostra).  Apenas por esta constatação já teria valido a pena realizar este trabalho. 



Contudo, os alunos foram além. Houve um envolvimento verdadeiro.  Na escrita, muita coisa se perdeu. Mas é preciso registrar que, no dia a dia, os relatos dos alunos demonstraram muito entendimento sobre o tema. Alguns chegaram a estudar mais profundamente (além do conteúdo da apostila) a obra e, mais especificamente, a personagem Capitu. O que fez com que, na oralidade, o trabalho ficasse mais rico do que na escrita.
 


De qualquer forma, embora a mulher tenha – de um modo geral – causado sua própria desvalorização; nem todas as mulheres são iguais. Os alunos são enfáticos em afirmar que não há graça e nem valor em “conquistar” a maioria das mulheres hoje em dia, porque elas estão muito disponíveis e “facinhas”. 



CAPA DO LIVRO IDEALIZADA PELOS ALUNOS DO 2º ANO MÉDIO
Assim sendo, foi elaborada uma coletânea de textos que deu origem a um livro livro. Neste artigo encontram-se apenas alguns fragmentos de textos, seguidos de alguns versos de letras de música; mas que, nem por isso, deixarão de suscitar no leitor uma reflexão necessária sobre o atual papel da mulher na sociedade. Pois trazem consigo uma grande carga de valores atribuídos (ou não) à mulher e que esta, por sua vez, pode escolher entre ser sensual e atraente sem ser vulgar ou deixar se manipular pela mídia e tornar-se um mero objeto de consumo, a propósito tão  “homenageado” e propagado nas letras de funk. (SEGUEM ALGUNS FRAGMENTOS DOS TEXTOS PRODUZIDOS). 

Parabéns a todos!Mari Monteiro (Outono de 2014)  


                         De Capitu mulher Atual


“Capitu é representada, na obra de Machado de Assis, como uma mulher destemida, que sabia o que queria, era ousada, esperta, dissimulada, que persuadia as pessoas. Entretanto, percebe- se ser uma mulher gentil e doce. Diferente das apresentadas nas letras de funk, por exemplo. (...)”

"(...) charmosa, chique, elegante
Com teu colar puro diamante
A pele saudável com Victoria's Secret
Não depende de homem nenhum
Pra querer se mostrar, empinar o bumbum (...) ( Mc Guimê – Mina Sedução)

(Fábio Constantino)


Semelhança entre Capitu e a mulher atual

“As mulheres de hoje estão querendo mostrar mais, sua beleza, seu corpo e suas qualidades. E muitas delas estão mais se desvalorizando pelas roupas vulgares e destruindo sua imagem na sociedade (...)”.

“(...) Bandida,
Menina extrovertida,
De sainha curtinha,
Vem conhecer,
O bonde das casinha,
Baixada ou capital,
Elas tão super produzida, (...) (Mc Lon – Bandida).


(Jéssica Henriques)


Capitu x pirigas

Olhando a personagem de Capitu, ela faz o possível para instigar Bentinho com sua sensualidade, comportamento que para as mulheres daquela época era algo inaceitável, pois ela andava em panos curtos e se fazia de fácil para Bentinho , no fina,l acabou se tornando seu marido, mas fazendo uma comparação básica à personagem Capitu com a mulher atual se Capitu vivesse nos tempos de hoje ela seria a mulher mais recatada possível, pois a vulgaridade é o que está em maior evidencia hoje em dia, pois as mulheres acham que se oferecendo mais elas conquistam os homens mais facilmente, algumas mulheres acham que a palavra sensualidade tem o mesmo sentido da palavra sexualidade (...)”

“Deixa o livro de lado
O dia melhora
Sem namorado pra casa ela desce
Só quando a noite aparece
(...)
Pode deixar que ela vai
Escolher a noitada
Não é interesseira
Mas quer andar bem acompanhada

E quando passar
Chama atenção dos parça
Pega o Black Label
E joga o Chandon na taça (...)” (Mc Pikeno e Menor)


(Marcos Vínicius)


Capitu no século XXI

Existe uma grande diferença entre Capitu e as mulheres de hoje. A Capitu é o estilo de mulher que seduz, seja pelo olhar, jeito ou toque. Ela é do tipo misterioso que faz os homens caírem a seus pés para desvendá-la.

Já as mulheres de hoje, não seduzem. Elas induzem, se jogam em cima dos homens, não dando escolha. Elas são mulheres de uma noite só, não para uma vida. Elas mostram tudo o que tem, não deixando ar de mistério.
Penso que a mulher, nesta caminhada, perdeu muito o seu jeito de seduzir, elas querem status, atenção e acabam passando dos limites, principalmente, por dançar músicas em que os homens se ridicularizam perante a sociedade.


“As mina pira quando a gente chega na balada,
Fazendo rodinha com baldinho de cachaça (...)”
                             (Gusttavo Lima – As Mina Pira)

(Yasmim Jacó Cavalieri)


Capitu vs “Novinha”

Ao compararmos Capitu com algumas mulheres de hoje em dia, conseguimos perceber uma grande diferença, tanto de comportamento, arte de conquista e até mesmo no modo de se vestir.
No que se refere à arte da conquista, Capitu não precisava utilizar roupas curtas, decotes exagerados, ela utilizava o olhar como principal “arma”, como diz o livro, era conhecida pelos seus “olhos de ressaca”. Ela era uma mulher dissimulada, uma falsa inocente, ela queria olhar, mas, ao mesmo tempo, se escondia. Hoje, qual é o artifício que as mulheres usam para conquistar? Bundas e peitos de fora. Nos dias de hoje, as mulheres são vulgares demais, acham que para conquistar um homem precisam excitar o sexo masculino um desejo sexual usando roupas curtas, e muitas vezes o homem se aproveita da situação para passar apenas uma noite de prazer com a tal mulher e no outro dia “jogar fora”. Também vale ressaltar que nem todas as mulheres são assim e que ainda existem mulheres de valor e respeito nesse mundo.
Enfim, a questão é que as mulheres estão sendo desvalorizadas, devido ao comportamento hostil de umas e outras, que podemos chamar de “piriguetes”. Elas usam roupas extremamente curtas em locais públicos, simplesmente para chamar atenção dos homens a sua volta.

“Vai novinhas, vai novinhas, vai novinhas, vai novinhas
Sarrando e vem roçando(...)”
“(...)E vem sarrando e vem roçando... E vem sarrando e vem roçando(...)”
       (Os Havaianos)

(Guilherme Martins Andrade dos Santos)


Capitu e a mulher do séc XXI

Capitu é uma mulher, pobre, ambiciosa, interesseira, e curiosa. Ela era ambiciosa também na questão “amorosa”. Por essa ambição todos os homens a desejavam, e por sua beleza também. Afinal ela era linda.
Em nossa sociedade ocorrem as mesmas coisas com as mulheres. Elas acabam querendo atenção, seja ela por sua beleza ou interesse financeiro.
Os homens só as querem sendo bonitas ou não (pobres ou não). Hoje em dia os homens não respeitam as mulheres e elas também não se valorizam e isso acaba influenciando a decisão dos homens.

“(...) Que te peguei, barulhei, botei, soquei
Só falei a realidade depois que eu gozei
Que te peguei, barulhei, botei, soquei
Só falei a realidade quando tu me satisfez (...) ( Ela é aquela – Mc Guimê)

(Agatha Fernandes)


De Capitu à novinha do baile

“É muito comum vermos hoje em dia garotas que passam a maioria de seu tempo se dedicando a dançar em bailes funk, o que pode trazer benefícios e também fazer um grande mal para a vida dessas meninas, alguns benefícios são, por exemplo, ganhar dinheiro fazendo essas músicas sem se expor de tal maneira, uma cantora que se utiliza desse bem é a cantora Anitta, que consegue ter suas letras de funk sem se expor de maneira que possa ridicularizá-la, e o que possa fazer mal é expor o corpo de maneira completamente frustrante. (...)”

 “Me olha e deseja que eu veja
Mas já digo: "não vai rolar!"
Agora é tarde pra você querer me ganhar
Rebolo e te olho
Mas eu não quero mais ficar
Admito que acho graça em ver você babar
Vem, se deixa render
Vou como sereia naufragar você(...)” (Anitta – Menina Má)

(Henrique Morroni)


Capitu do baile

“Capitu era interesseira e oportunista assim como muitas mulheres de hoje. Para obter o que almejava se utilizava de seu corpo; porém não era vulgar como algumas mulheres da atualidade, ela era sensual e sutil, tinha consciência de seu valor. (...)”

"Olha ela de novo
Dança e rebola
Descendo até o chão
Parou o baile todo
Os meninos choram
É pura sensação (...)" (Mc Guimê – Olha Ela de Novo)

(Laísa Nascimento da Silva)


Capitu: a ousada

“Capitu era uma moça de família, mas que queria conquistar Bentinho. Ela não precisava usar roupas curtas, usava apenas o charme que fazia os homens “pirar”. Era só ela mexer nos cabelos, eles já estavam todos “em cima dela”; assim como eram os seus olhos.(...)”


“Eu vou para ousadia
Eu vou para cachorrada
Hoje eu quero trair
A minha namorada(...)”  (Leo Rodriguez – Hoje Eu Vou Trair )

(Gabriel Silva Mantelato)


De Capitu às “pouca roupa”

“Capitu era uma moça que conquistava os homens, com seu jeito de mulher, uma “jogadinha” de cabelo para os lados, com gestos aparentemente sutis que faziam os homens lhe desejarem.
Já as mulheres de hoje em dia, principalmente no Brasil, mudaram o jeito de seduzir, a mulher anda mostrando tudo o que tem. Desta forma não tem mais o desejo de ver o que a mulher possui sob da roupa, ela já está deixando praticamente à mostra, a famosa “pouca roupa”. (...)”



“(...) Piri,pipiri, pipiri, piri piradinha
Ela ta doidona, fora da casinha(...)”
Gabriel Valim – Piradinha



(Marcelo Tadeu Barbosa Reis)


Capitu Ostentação

“(...) Capitu tinha um modo de agir diferente, pois na sua época não podia fazer praticamente nada, tudo o que significava rude era proibido pelas pessoas que tinham demais poder sobre a sociedade. Capitu pode ser comparada essas garotas, não pelo modo de agir, mas sim pelo modo de pensar, se seus pensamentos pudessem vir a se realizar seriam atitudes parecidas com as das meninas“funkeiras”.(...)”



“(...)Hoje eu tô perigosa, hoje eu tô venenosa
E me bateu uma vontade louca de fazer
Nada de papo torto, eu sei jogar o jogo
Fica ligado que o meu alvo pode ser você (...)
Eu tô querendo um homem, cachorro eu tenho em casa
Vem, eu tô preparada pra te dominar (...)” (Anitta – Cachorro Eu Tenho Em Casa)



(Beatriz Morroni)


Capitu e as mulheres da nossa sociedade

Em tempos passados, as mulheres se preservavam mais do que hoje em dia. Antigamente, as mulheres não tiram seus direitos. E, mesmo assim, elas eram românticas. No caso de Capitu, ela era uma moça pobre, e pretendia se casar algum dia. Capitu era uma mulher simples e muito determinada.
Hoje em dia, as mulheres não se preservam como antigamente, mas ainda existem muitas mulheres e meninas que se preservam. (...)  muitos homens estão desprezando as mulheres. O pior é que muitas mulheres aprovam o que os homens estão fazendo. (...)”

“(...) Cheguei aqui no baile
Escutei um palco maravilhoso
Sabe o que eu descobri?(...)”

(4x) “(...) As magrinhas que faz gostoso
As magrinhas que faz gostoso
Faz gostoso, gostosinho
Faz gostoso, gostosinho.” (Os Havaianos – As Magrinhas Que Faz Gostoso)

(Nicolas M. O. Alves)

As “funkeiras” e as “comportadas”

Há varios tipos de mulheres, hoje irei comparar dois, as “funkeiras” e as “comportadas”, irei falar de suas diferença, dar exemplos de musica que elas provavelmente escutam . Aquelas que podemos intitular como “funkeiras” usam muitas vezes shorts extremamente curtos, as vezes usam mini saias, um tomara que caia, (que por mim pode ficar la mesmo), de muitas cores chamativas segundo elas isso é o que se esta na “moda” ultimamente. Se eu tivesse um tipo de comercio que seria necessário um contato com o meu cliente, certamente não contrataria esse tipo de mulheres para o emprego .
Já as mulheres que como Capitu que é uma personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis um dos maiores autores brasileiros, tem o seu valor na sociedade podemos definir ela com um trecho do livro que a descreve : "criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". (...)”

“Essa que o magrinho fez vai pra todas as novinhas
Senta ni mim, xerecão, C.....!
Quica ni quica mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão, quica ni mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão
Quica ni quica mim, xerequinha
REFRÃO (...)”

(Fernando Silveira) 

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