POR MARI MONTEIRO
A ideia de estabelecer uma analogia entre a personagem Capitu, uma mulher do século XIX e a mulher do século XXI, se deve a longas conversas travadas durante as aulas de Literatura Brasileira nas quais os alunos do Segundo Ano Médio estudaram a obra Dom Casmurro.
Durante as conversas, inevitável e felizmente, veio à baila a questão comportamental da mulher do século XIX em relação à mulher atual, contemplando, inclusive o perfil psicológico, físico e a questão da sensualidade em épocas separadas por quase dois séculos. Conforme as discussões se aprofundaram, os alunos tiveram a brilhante ideia de elaborar um texto, estabelecendo uma analogia entre os dois perfis e ilustrando com letras de músicas que fazem algum tipo de alusão depreciativa à mulher. Em meio às aulas, os textos emergiram. Semana de provas e correria. Entre uma atividade e outra, alguém aparecia com uma letra ou trechos de músicas. Chegamos até ver alguns vídeos. O que não é recomendável...
Impressionante perceber o DISCERNIMENTO dos alunos quanto ao papel da mulher no século XXI. Muitos deles entenderam perfeitamente a diferença entre sedução (aquela em que um olhar sutil prende a atenção) e a erotização (situação sem qualquer mistério, pois não há o que ver, está tudo à mostra). Apenas por esta constatação já teria valido a pena realizar este trabalho.
Contudo, os alunos
foram além. Houve um envolvimento verdadeiro.
Na escrita, muita coisa se perdeu. Mas é preciso registrar que, no dia a
dia, os relatos dos alunos demonstraram muito entendimento sobre o tema. Alguns
chegaram a estudar mais profundamente (além do conteúdo da apostila) a obra e,
mais especificamente, a personagem Capitu. O que fez com que, na oralidade, o trabalho
ficasse mais rico do que na escrita.
De qualquer forma, embora
a mulher tenha – de um modo geral – causado sua própria desvalorização; nem
todas as mulheres são iguais. Os alunos são enfáticos em afirmar que não há
graça e nem valor em “conquistar” a maioria das mulheres hoje em dia, porque
elas estão muito disponíveis e “facinhas”.
Por outro lado, e isso
é a melhor parte do trabalho, os alunos se mostraram criteriosos e seletivos no
que se refere aos relacionamentos mais sérios. Inclusive, alguns chegaram a
frisar a diferença entre uma mulher para casar e uma mulher para “ficar”. Essa foi a grande conclusão: NEM TODAS AS
MULHERES SÃO IGUAIS E SE VALORIZAR OU NÃO É UMA QUESTÃO DE ESCOLHA.
CAPA DO LIVRO IDEALIZADA PELOS ALUNOS DO 2º ANO MÉDIO
Assim sendo, foi
elaborada uma coletânea de textos que deu origem a um livro livro. Neste artigo
encontram-se apenas alguns fragmentos de textos, seguidos de alguns versos de
letras de música; mas que, nem por isso, deixarão de suscitar no leitor uma
reflexão necessária sobre o atual papel da mulher na sociedade. Pois trazem
consigo uma grande carga de valores atribuídos (ou não) à mulher e que esta,
por sua vez, pode escolher entre ser sensual e atraente sem ser vulgar ou
deixar se manipular pela mídia e tornar-se um mero objeto de consumo, a
propósito tão “homenageado” e propagado
nas letras de funk. (SEGUEM ALGUNS FRAGMENTOS DOS TEXTOS PRODUZIDOS).
Por outro lado, e isso é a melhor parte do trabalho, os alunos se mostraram criteriosos e seletivos no que se refere aos relacionamentos mais sérios. Inclusive, alguns chegaram a frisar a diferença entre uma mulher para casar e uma mulher para “ficar”. Essa foi a grande conclusão: NEM TODAS AS MULHERES SÃO IGUAIS E SE VALORIZAR OU NÃO É UMA QUESTÃO DE ESCOLHA.
Parabéns a todos!Mari Monteiro (Outono
de 2014)
De Capitu mulher Atual
“Capitu
é representada, na obra de Machado de Assis, como uma mulher destemida, que
sabia o que queria, era ousada, esperta, dissimulada, que persuadia as pessoas.
Entretanto, percebe- se ser uma mulher gentil e doce. Diferente das
apresentadas nas letras de funk, por exemplo. (...)”
"(...)
charmosa, chique, elegante
Com
teu colar puro diamante
A
pele saudável com Victoria's Secret
Não
depende de homem nenhum
Pra
querer se mostrar, empinar o bumbum (...) ( Mc Guimê – Mina Sedução)
(Fábio
Constantino)
Semelhança entre Capitu
e a mulher atual
“As mulheres de hoje estão querendo
mostrar mais, sua beleza, seu corpo e suas qualidades. E muitas delas estão
mais se desvalorizando pelas roupas vulgares e destruindo sua imagem na
sociedade (...)”.
“(...) Bandida,
Menina extrovertida,
De sainha curtinha,
Vem conhecer,
O bonde das casinha,
Baixada ou capital,
Elas tão super produzida, (...) (Mc Lon
– Bandida).
(Jéssica Henriques)
Capitu x pirigas
Olhando a personagem de Capitu, ela
faz o possível para instigar Bentinho com sua sensualidade, comportamento que
para as mulheres daquela época era algo inaceitável, pois ela andava em panos curtos
e se fazia de fácil para Bentinho , no fina,l acabou se tornando seu marido,
mas fazendo uma comparação básica à personagem Capitu com a mulher atual se
Capitu vivesse nos tempos de hoje ela seria a mulher mais recatada possível,
pois a vulgaridade é o que está em maior evidencia hoje em dia, pois as
mulheres acham que se oferecendo mais elas conquistam os homens mais
facilmente, algumas mulheres acham que a palavra sensualidade tem o mesmo
sentido da palavra sexualidade (...)”
“Deixa o livro de lado
O dia melhora
Sem namorado pra casa ela desce
Só quando a noite aparece
(...)
Pode deixar que ela vai
Escolher a noitada
Não é interesseira
Mas quer andar bem acompanhada
E quando passar
Chama atenção dos parça
Pega o Black Label
E joga o Chandon na taça (...)” (Mc
Pikeno e Menor)
(Marcos Vínicius)
Capitu no século XXI
Existe
uma grande diferença entre Capitu e as mulheres de hoje. A Capitu é o estilo de
mulher que seduz, seja pelo olhar, jeito ou toque. Ela é do tipo misterioso que
faz os homens caírem a seus pés para desvendá-la.
Já
as mulheres de hoje, não seduzem. Elas induzem, se jogam em cima dos homens,
não dando escolha. Elas são mulheres de uma noite só, não para uma vida. Elas
mostram tudo o que tem, não deixando ar de mistério.
Penso
que a mulher, nesta caminhada, perdeu muito o seu jeito de seduzir, elas querem
status, atenção e acabam passando dos limites, principalmente, por dançar
músicas em que os homens se ridicularizam perante a sociedade.
“As
mina pira quando a gente chega na balada,
Fazendo
rodinha com baldinho de cachaça (...)”
(Gusttavo Lima –
As Mina Pira)
(Yasmim
Jacó Cavalieri)
Capitu vs “Novinha”
Ao
compararmos Capitu com algumas mulheres de hoje em dia, conseguimos perceber
uma grande diferença, tanto de comportamento, arte de conquista e até mesmo no
modo de se vestir.
No
que se refere à arte da conquista, Capitu não precisava utilizar roupas curtas,
decotes exagerados, ela utilizava o olhar como principal “arma”, como diz o
livro, era conhecida pelos seus “olhos de ressaca”. Ela era uma mulher
dissimulada, uma falsa inocente, ela queria olhar, mas, ao mesmo tempo, se
escondia. Hoje, qual é o artifício que as mulheres usam para conquistar? Bundas
e peitos de fora. Nos dias de hoje, as mulheres são vulgares demais, acham que
para conquistar um homem precisam excitar o sexo masculino um desejo sexual
usando roupas curtas, e muitas vezes o homem se aproveita da situação para
passar apenas uma noite de prazer com a tal mulher e no outro dia “jogar fora”.
Também vale ressaltar que nem todas as mulheres são assim e que ainda existem
mulheres de valor e respeito nesse mundo.
Enfim,
a questão é que as mulheres estão sendo desvalorizadas, devido ao comportamento
hostil de umas e outras, que podemos chamar de “piriguetes”. Elas usam roupas
extremamente curtas em locais públicos, simplesmente para chamar atenção dos
homens a sua volta.
“Vai
novinhas, vai novinhas, vai novinhas, vai novinhas
Sarrando
e vem roçando(...)”
“(...)E
vem sarrando e vem roçando... E vem sarrando e vem roçando(...)”
(Os Havaianos)
(Guilherme
Martins Andrade dos Santos)
Capitu e a mulher do séc
XXI
Capitu
é uma mulher, pobre, ambiciosa, interesseira, e curiosa. Ela era ambiciosa
também na questão “amorosa”. Por essa ambição todos os homens a desejavam, e
por sua beleza também. Afinal ela era linda.
Em
nossa sociedade ocorrem as mesmas coisas com as mulheres. Elas acabam querendo
atenção, seja ela por sua beleza ou interesse financeiro.
Os
homens só as querem sendo bonitas ou não (pobres ou não). Hoje em dia os homens
não respeitam as mulheres e elas também não se valorizam e isso acaba
influenciando a decisão dos homens.
“(...)
Que te peguei, barulhei, botei, soquei
Só
falei a realidade depois que eu gozei
Que
te peguei, barulhei, botei, soquei
Só
falei a realidade quando tu me satisfez (...) ( Ela é aquela – Mc Guimê)
(Agatha
Fernandes)
De Capitu à novinha do baile
“É
muito comum vermos hoje em dia garotas que passam a maioria de seu tempo se
dedicando a dançar em bailes funk, o que pode trazer benefícios e também fazer
um grande mal para a vida dessas meninas, alguns benefícios são, por exemplo,
ganhar dinheiro fazendo essas músicas sem se expor de tal maneira, uma cantora
que se utiliza desse bem é a cantora Anitta, que consegue ter suas letras de
funk sem se expor de maneira que possa ridicularizá-la, e o que possa fazer mal
é expor o corpo de maneira completamente frustrante. (...)”
“Me olha e deseja que eu veja
Mas já digo: "não vai rolar!"
Agora é tarde pra você querer me ganhar
Rebolo e te olho
Mas eu não quero mais ficar
Admito que acho graça em ver você babar
Mas já digo: "não vai rolar!"
Agora é tarde pra você querer me ganhar
Rebolo e te olho
Mas eu não quero mais ficar
Admito que acho graça em ver você babar
Vem, se deixa render
Vou como sereia naufragar você(...)” (Anitta – Menina Má)
Vou como sereia naufragar você(...)” (Anitta – Menina Má)
(Henrique
Morroni)
Capitu do baile
“Capitu
era interesseira e oportunista assim como muitas mulheres de hoje. Para obter o
que almejava se utilizava de seu corpo; porém não era vulgar como algumas
mulheres da atualidade, ela era sensual e sutil, tinha consciência de seu valor.
(...)”
"Olha
ela de novo
Dança
e rebola
Descendo
até o chão
Parou
o baile todo
Os
meninos choram
É
pura sensação (...)" (Mc Guimê – Olha Ela de Novo)
(Laísa
Nascimento da Silva)
Capitu: a ousada
“Capitu era uma moça de família, mas
que queria conquistar Bentinho. Ela não precisava usar roupas curtas, usava
apenas o charme que fazia os homens “pirar”. Era só ela mexer nos cabelos, eles
já estavam todos “em cima dela”; assim como eram os seus olhos.(...)”
“Eu vou para ousadia
Eu vou para cachorrada
Hoje eu quero trair
A minha namorada(...)” (Leo Rodriguez – Hoje Eu Vou Trair )
De Capitu às “pouca
roupa”
“Capitu era uma moça que conquistava
os homens, com seu jeito de mulher, uma “jogadinha” de cabelo para os lados,
com gestos aparentemente sutis que faziam os homens lhe desejarem.
Já as mulheres de hoje em dia,
principalmente no Brasil, mudaram o jeito de seduzir, a mulher anda mostrando
tudo o que tem. Desta forma não tem mais o desejo de ver o que a mulher possui
sob da roupa, ela já está deixando praticamente à mostra, a famosa “pouca roupa”.
(...)”
“(...) Piri,pipiri, pipiri, piri
piradinha
Ela ta doidona, fora da casinha(...)”
Gabriel Valim – Piradinha
(Marcelo Tadeu Barbosa Reis)
Capitu Ostentação
“(...) Capitu tinha um modo de agir
diferente, pois na sua época não podia fazer praticamente nada, tudo o que
significava rude era proibido pelas pessoas que tinham demais poder sobre a
sociedade. Capitu pode ser comparada essas garotas, não pelo modo de agir, mas
sim pelo modo de pensar, se seus pensamentos pudessem vir a se realizar seriam
atitudes parecidas com as das meninas“funkeiras”.(...)”
“(...)Hoje eu tô perigosa, hoje eu tô venenosa
E me bateu uma vontade louca de fazer
Nada de papo torto, eu sei jogar o jogo
Fica ligado que o meu alvo pode ser você (...)
E me bateu uma vontade louca de fazer
Nada de papo torto, eu sei jogar o jogo
Fica ligado que o meu alvo pode ser você (...)
Eu tô querendo um homem, cachorro eu
tenho em casa
Vem, eu tô preparada pra te dominar
(...)” (Anitta – Cachorro Eu Tenho Em Casa)
(Beatriz Morroni)
Capitu e as mulheres da
nossa sociedade
Em tempos passados, as mulheres se
preservavam mais do que hoje em dia. Antigamente, as mulheres não tiram seus
direitos. E, mesmo assim, elas eram românticas. No caso de Capitu, ela era uma
moça pobre, e pretendia se casar algum dia. Capitu era uma mulher simples e
muito determinada.
Hoje em dia, as mulheres não se
preservam como antigamente, mas ainda existem muitas mulheres e meninas que se
preservam. (...) muitos homens estão
desprezando as mulheres. O pior é que muitas mulheres aprovam o que os homens
estão fazendo. (...)”
“(...) Cheguei aqui no baile
Escutei um palco maravilhoso
Sabe o que eu descobri?(...)”
(4x) “(...) As magrinhas que faz
gostoso
As magrinhas que faz gostoso
Faz gostoso, gostosinho
Faz gostoso, gostosinho.” (Os
Havaianos – As Magrinhas Que Faz Gostoso)
(Nicolas M. O. Alves)
As “funkeiras” e as “comportadas”
Há varios tipos de mulheres, hoje irei comparar dois, as “funkeiras” e as
“comportadas”, irei falar de suas diferença, dar exemplos de musica que elas
provavelmente escutam . Aquelas que podemos intitular como “funkeiras” usam
muitas vezes shorts extremamente curtos, as vezes usam mini saias, um tomara
que caia, (que por mim pode ficar la mesmo), de muitas cores chamativas segundo
elas isso é o que se esta na “moda” ultimamente. Se eu tivesse um tipo de
comercio que seria necessário um contato com o meu cliente, certamente não
contrataria esse tipo de mulheres para o emprego .
Já as mulheres que como Capitu que é uma personagem do livro Dom Casmurro
de Machado de Assis um dos maiores autores brasileiros, tem o seu valor na
sociedade podemos definir ela com um trecho do livro que a descreve : "criatura
de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio
desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma
à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e
comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque,
rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". (...)”
“Essa que o magrinho fez vai pra todas as novinhas
Senta ni mim, xerecão, C.....!
Quica ni quica mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão, quica ni mim, xerequinha
Senta ni mim, xerecão
Quica ni quica mim, xerequinha
REFRÃO (...)”
(Fernando Silveira)
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