POR MARI MONTEIRO
Descobri que sou mais patriota do que pensava. Ao ler esta
reportagem (mais detalhes no link a seguir) que diz somos o 3º país mais
ignorante no Mundo, me entristeci. Tudo bem que as perguntas feitas estão um
tanto distantes de nossa atual realidade; ou seja, uma realidade que nos assola
com graves preocupações e com temores relacionados ao futuro. http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/pesquisa-elege-brasil-como-terceiro-pais-mais-ignorante-do-mundo-6j7cjk2y5h19r8klog1hqko2e
Detalhes à parte, este é “apenas” mais um tema em que o
Brasil ocupa um péssimo lugar no ranking mundial. Ocupamos péssimos lugares também
em saúde pública; educação e segurança. Por outro lado, somos muito bons em
corrupção; em penas injustas; em impunidades; em perder para a Seleção Alemã... (rs).Enfim.
Fato é que o que menos precisamos agora é de notícias como
esta: SOMOS IGNORANTES. SOMOS? Em minha opinião, lamentavelmente, somos. Há
vários fatos e circunstâncias que comprovam isso. Reivindicamos as “coisas”
erradas nos momentos certos, mas da forma errada. Exemplifico. Na questão
política; por exemplo, ao invés de lutarmos pela NÃO OBRIGATORIEDADE DO VOTO;
de pesquisarmos sobre os candidatos antes de votar, a gente os elege, reelege
e, depois, queremos bons resultados. A gente espera até tudo transbordar pra,
depois, se dar conta de que estamos na merda. É como colocar uma tranca nova
numa porta arrombada.
Mais um aspecto que contribui para essa nossa “fama”: a descarada desigualdade social. Habitamos um país imenso, com muitos recursos (pelo menos, eram muitos...), no
qual a minoria (geralmente através de engôdos políticos) detém muito dinheiro.
E sabemos que é dinheiro sujo. DINHEIRO ROUBADO. Enriquecimento ilícito é coisa
antiga neste país.
Retomando a pesquisa que diz sobre nossa ignorância;
assim como alguns leitores comentaram, eu também pensaria em outras questões
para apurar o “tamanho da nossa ignorância”.
Como, por exemplo:
- Você conhece os governantes de seu país?
- Qual é o regime político adotado no Brasil?
- Você realiza algum tipo de pesquisa sobre os candidatos
nos quais vota?
- Quantas pessoas sem emprego você conhece?
Contudo, a partir das perguntas acima, talvez o resultado fosse ainda pior; pois, apesar do amplo acesso às informações, nos falta o mais importante: INTERPRETÁ-LAS. Neste caso, talvez fôssemos os primeiros colocados...
Contudo, a partir das perguntas acima, talvez o resultado fosse ainda pior; pois, apesar do amplo acesso às informações, nos falta o mais importante: INTERPRETÁ-LAS. Neste caso, talvez fôssemos os primeiros colocados...
Na verdade, esta reportagem é só um gancho para falar um
pouco do que estamos passando. Exatamente hoje, vivemos um capítulo que se, por
um lado mostra a força do povo brasileiro; por outro, nos envergonha histórica e
socialmente. Viramos, literalmente, PIADA no EXTERIOR e há mais de décadas
Renato cantava: “TERCEIRO MUNDO SE FOR. PIADA NO EXTERIOR.” Mal sabia ele que
seríamos mais que isso... Que nosso país cairia em DESCRÉDITO MUNDIAL.
No impeachment de Fernando Collor, provavelmente por conta
da tecnologia de que dispomos agora, tudo pareceu mais lento e “distante”. Mas,
desta vez, ás coisas acontecem dentro da nossa casa. Sabemos de tudo em tempo
real. E, desta forma, tudo parece mais aflitivo. Pode ser que existam pessoas
alheias a tudo isso... Não sei. Mas, a grande maioria de nós está acompanhando
tudo de muito perto. O que, particularmente, faz com que o brasileiro se sinta
mais angustiado para ver a resolução (ou indícios de uma possível resolução) de
tantos problemas. A impressão que tenho é que dormimos num país e acordamos num
lugar pior, ética e politicamente falando.
Isso sem contar a instantaneidade com que os fatos viram "memes" na internet. Quase simultaneamente, os políticos e os respectivos escândalos
são postados nas redes sociais e ganham espaço, virando polêmica ou piada
dependendo do leitor. O aspecto positivo disso é que, querendo ou não;
brincando ou levando a sério; muito mais pessoas “discutem política” hoje do
que alguns anos atrás.
E, mesmo depois de hoje (dia da votação no Senado Federal), ainda teremos muito que fazer. Há
muito a percorrer até que possamos retomar certa estabilidade econômica e isso,
não sei quanto a vocês, mas me atinge de forma muito pesada e incisiva. Minha
preocupação com o “PLANETA DO NETO DO MEU FILHO”, agora, cedeu lugar para o “BRASIL
DO MEU FILHO” tamanha incerteza sobre o futuro. Por exemplo, digamos que pudéssemos realizar uma eleição direta
daqui a três meses, qual seria seu candidato? Porque eu não tenho ninguém em mente.
Por onde olho só vejo sujeira. Não consigo pensar em ninguém capaz de minimizar
impactos; de estancar este efeito dominó que envolve desemprego; alta da
inflação etc. A propósito, sei de casos de suicídio por dívidas, pessoas que
trabalhavam e honravam seus compromissos e não conseguiram mais pagar suas
casas, prestações, alimentos etc.
Conheço pessoas que estão
deprimidas por conta da falta de emprego e, pior, pela falta de esperança.
Enfim, o país está um puteiro no que se refere à governabilidade;
à ética e à credibilidade. Usei o verbo “estar” e não verbo “ser” de esperançosa
que sou. Fico imaginando vivos: Ariano Suassuna; Darcy Ribeiro; Rubem Alves; Paulo
Freire... E tantos outros. Que tristeza! De minha parte, assumo que sinto nojo
de tudo isso. Amo meu país; mas, se pudesse, iria embora daqui por uns dez anos...
Isolaria-me intencionalmente, pra ficar sem noticias e voltaria dez anos depois
pra ver no que tudo se transformou... Minha
esperança é que, parafraseando meu avô, “nada fique como antes no quartel de Abrantes”.
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