POR MARI MONTEIRO
Nunca se falou tanto em política. Houve até uma
“brincadeira” nas redes sociais
(pertinente até rsrs), cujo post – após a eleição de Trump – dizia: “Nossa!
Hoje todo mundo amanheceu entendendo de política internacional!” Isso por si só
já é um bom sinal. Sobretudo, se pensarmos que até bem pouco tempo atrás quase
não se falava em política. Nossa culpa? Sim
e Não. Sim, porque deveríamos nos interessar mais pelo assunto. E não,
porque fomos educados para NÃO PENSAR. Crescemos ouvindo: “Política e religião não se discute.”
Bem. E o que tem o Natal a ver com política? Com a eleição
de Trump? Com a corrupção? Com propinas?
Com ética? Com o sucateamento da educação, da saúde e da segurança? T – U – D
–O! Absolutamente tudo! O natal remonta à confraternização e – também por conta
dos hábitos e da cultura – à troca de presentes. E, como pensar e fazer tudo isso nesse caos político e social? Inclusive, há quem acredite que o Natal serve
para esquecermos todas as desavenças, para perdoar, para ficar em paz e sermos
solidários.
Pois bem, estamos vivendo tempos difíceis. O que não é
novidade. A diferença é que agora temos mais consciência disso tudo.
Estamos expostos a um bombardeio de informações. A mídia, ao mesmo tempo em que informa sobre
todos os acontecimentos, também age como se nada estivesse acontecendo. Não é raro aparecerem, nos telejornais,
economistas nos dando dicas financeiras sobre como gastar o décimo terceiro
salário. O que me faz crer que das duas, uma: ou sou muito pobre ou sou muito
alienada. Porque não é possível fazer planos para o décimo terceiro quando se é
assalariado. Isso só é possível para quem tem um poder aquisitivo maior e
consegue planejar em suas planilhas Excel
ou junto aos contadores.
Mas, nada disso impedirá o natal de chegar para todos. A
questão é: será natal para todos? Todas as mesas estarão fartas? Todos os lares
terão árvores de natal? Todos trocarão presentes? E quando digo “todos”, não
estou falando dos meus familiares, do meu bairro, da minha cidade, do Brasil...
Falo da humanidade. Daí a menção sobre Donald Trump. A título de exemplificação, sua eleição foi apenas
mais um agravante para este mundo já tão cheio de temores e de
insegurança. Isso para "tocar" apenas a ponta do iceberg em questão de HUMANIDADE. No mais, só o tempo dirá...
Fato é que o pensamento
individual e o hábito de olhar para o
próprio umbigo são os comportamentos que imperam atualmente. Ouso dizer que NÃO CABE MAIS SER
ASSIM. A menos que a pessoa seja completamente
indiferente e muito egoísta. E, nesse caso, ela pertence a outra
classificação que não a de ser humano. Este
meu pensamento “narniano” (costumo dizer que meu guarda roupas tem uma passagem secreta
para Nárina! Rsrs) é,constantemente, alvo de críticas e de descrédito. Não me importo com isso.
Não sou boa em pensar que só no que me atinge diretamente; não sou muito "lógica"... Sou parte de um todo e esse "todo" adoecido me incomoda. A fome na
África me incomoda. As crescentes ondas
de racismo nos EUA me incomodam. A violência no Rio de Janeiro me incomoda. A
construção de um prédio de dezesseis andares, que rouba o sol do meu quintal me
incomoda.
O que cabe agora, que “estamos todos entendidos em
política”, é pensar no outro. A empatia nunca foi tão necessária, Apenas ela
impedirá que a barbárie se estabeleça e fique para o jantar. Uma pessoa,
quando pratica a empatia, pensa além de
si mesma, além de sua casa, ale de suas “fronteiras”.
Para além do consumo
e das dívidas (e das dúvidas...) peçamos presente plausíveis, possíveis
e úteis neste natal; sobretudo, peçamos presentes duradouros e que INDEPENDEM
DE DINHEIRO e, na maioria dos casos; dos
outros. Façamos uma lista. Uma lista dos SENTIMENTOS QUE NOS FALTAM ou que estão em extinção em nós. Confesso que tenho uma
lista razoável para o Papai Noel. Quero de presente: paz de espírito; coragem;
vontade; alegria; sabedoria e por aí vai... Certamente, Noel teria que trabalhar
muito para atender pedidos assim... Sem contar que teria de sair de zona de
conforto e fazer caber em seu trenó “coisas” sem caixas de papel e sem laços.
Quanto aos presentes materiais, se puder ótimo! Presenteie a quem você estima.
Mas faça isso de forma consciente. Compre no seu bairro; do seu vizinho
artesão; daquela sua vizinha que faz panetones caseiros... As grandes lojas e
corporações não precisam de nós... Há muitos robôs por lá e, muito
provavelmente, um "líder" que explora a mão de obra e que, por sua vez, está à mercê de um país cujos impostos "travam" toda e qualquer iniciativa corporativa.
E, para quem leu este artigo e acha que estou equivocada... Que estou muito “Alice no País das Maravilhas”,
mostre-me uma forma diferente de lidar com essa porra toda! Ensine-me a lidar com as dores do “outro” que também
doem em mim. E, para quem não tem a
menor tendência a ser empático (a), uma sugestão: peça um pouco de EMPATIA de presente de
Natal. Vai que Papai Noel se sensibilize, saia de seu trono nos grandes
shoppings (estão fazendo bico lá...) e visite seu lar... Não custa tentar.
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