Decreto
59448/13 | Decreto nº 59.448, de 19 de agosto de 2013. VEJA MAIS EM: http://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/1035783/decreto-59448-13# (acesso em 21/08/2013)
O mais
hediondo disso tudo é que, analisando pelo ponto de vista da Secretaria da
Educação, QUERO CRER que o Decreto supracitado tenha
surgido de uma FALSA
IMPRESSÃO de que
tudo nas escolas funciona com excelência. Com tanta excelência, qualidade e
comprometimento que, obviamente, o professor terá O IMENSO PRAZER de “dobrar período”. Afinal, ele
já terá ministrado cinco aulas no período da manhã; já terá feito seu planejamento
semanal para uma turma... Não lhe custará nada fazer tudo em dobro e DE DIFERENTES FORMAS, pois é
impossível que existam duas turmas exatamente iguais. E ainda lhe sobrará
tempo suficiente para corrigir CRITERIOSAMENTE e com ZELO todas as atividades realizadas. E
mais! Terá condições emocionais equilibradíssimas para não alterar a voz com
seu segundo período. Sim. Porque já fiz isso de trabalhar dois períodos e,
verdade seja dita: o segundo período é sempre prejudicado em detrimento do
anterior. É HIPOCRISIA dizer que rendemos igual.
Detalhe: os alunos são outros e merecem a mesma atenção e disposição
dispensadas aos alunos da manhã.
Sob o
ponto de vista docente, percebo mais um agravante: a maioria dos professores
vai se prestar a isso. Por quê? Pelo salário. Lamentavelmente, esta é a
resposta. O que me obriga a concordar que isso ocorre também porque UM SALÁRIO DE PROFESSOR NÃO É SUFICIENTE;
sobretudo, para os muitos que são arrimo de família. Diante disso, OUSO afirmar que a maioria não optará
pelos dois períodos preocupados se darão conta ou não da QUALIDADE. Quando
digo qualidade, refiro-me também, e principalmente, à QUALIDADE DAS RELAÇÕES
SOCIAIS estabelecidas
na sala de aula.
Sei que,
no final das contas, cada profissional optará pelo que quiser. A liberdade de
escolha existe para isso. Agora, fazê-lo sem ponderar sobre a qualidade e sobre
a própria SAÚDE e sem RESPEITAR os próprios limites, é uma
atitude INSANA e
CRUEL, consigo mesmo e com os alunos que sentirão o “efeito rebote”
advindo do caos. Além disso, que tempo sobrará para a tão cobrada FORMAÇÃO CONTÍNUA? Temos outros anseios: pais; nosso
lar; filhos (as); namorado (a); sono; cansaço; necessidade de lazer e de
ócio e fome... A FOME DE
SER FELIZ E DE TRABALHAR FELIZ.
Enfim, restam duas alternativas: se autoflagelar e contribuir para “TAPAR OS BURACOS” que há na rede para que a
sociedade continue achando que está tudo bem. Ou ACORDAR e, consequentemente, optar por um
período e OBRIGAR a
CONTRATAÇÃO de mais
profissionais (se é que eles existem... pois os cursos de graduação voltados
para a área da educação estão às moscas) e, acima de tudo SE VALORIZAR. Bem
cabem aqui os versos de Rita Lee e Roberto de Carvalho: “Não quero LUXO, nem LIXO. Quero SAÚDE pra gozar no final.”. Porque o
que mais vejo são professores que, ao final de suas carreiras, se encontram num
estado de total esgotamento e frustração, que já não tem mais
“saúde” para gozar do que "colhem" enquanto aposentados. Quanto a
mim, não quero ficar só com sequelas. QUERO BOAS LEMBRANÇAS. Quero
ter sempre um sorriso no rosto ao receber meus alunos. Quero voltar pra casa,
literalmente, INTEIRA
PARA MIM E PARA OS MEUS. Prioridades, meu caro,
prioridades...
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