POR MARI MONTEIRO
As lágrimas eram de alegria: Encerramento do Projeto Sem Nome - Carlos Drummond - 2010. |
Não poderia precisar quantas pessoas fizeram parte da minha
carreira e, POR ELAS E COM ELAS, persisto, continuo professora. Penso que criei
certa “dependência positiva”: dependo de GENTE. Porque preciso estar perto de seres
que AGEM e REAGEM; que CHORAM; que SORRIEM; APRENDEM; DESAPRENDEM... ENSINAM.
Obviamente, nem tudo e nem sempre é assim. Há percalços. E como há! Ainda tem
gente que NÃO SABE DISSO; mas professor chora; professor sofre; professor tem
carências de todos os tipos e... Por aí vai.
Somaram a isso as possibilidades que tive de encontrar as
“PESSOAS CERTAS”. Estas, sim, foram determinantes para minhas escolhas. E, no
meu caminho, encontrei muitos professores: ALGUNS DIPLOMADOS e outros, sem
diploma, IGUALMENTE SÁBIOS. Nunca ouvi ninguém dizer: “NOSSA, VOCÊ TEM JEITO
PARA PROFESSORA!” ou algo que equivalha. Ao contrário, ninguém nunca sugeriu nada, fiz “de um tudo” e,
depois de transitar por muitas áreas e funções das mais variadas, FIQUEI SENDO
PROFESSORA. E GOSTEI!
SALA DE AULA NA ESCOLA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (2007) |
Nestas minhas funções, sempre houve uma pessoa ou mais que,
indiretamente, me ENSINOU MUITO. E foi em chão de cozinha de escola; em casas
de família; em serviços outros que percebi que PODERIA CONHECER MAIS, porque as
pessoas me diziam, com palavras ou com atitudes, o que eu NÃO gostaria de me
tornar...
Quando entendi que tudo era uma questão de conhecer (ou
não!), considerei que SER PROFESSORA SERIA O MELHOR A FAZER. Porque na minha
cabeça – e isso é uma IDEIA FIXA -; pois penso assim até hoje: PROFESSOR É
AQUELA PESSOA QUE GOSTA DE CONHECER E; POR ISSO, ESTUDA PARA SEMPRE. Ou seja; o
professor é um eterno pesquisador.
TEATRO DE BONECOS: PURA DIVERSÃO |
E foi assim que DESCOBRI O PERFIL DE PROFISSIONAL QUE
DESEJAVA. E que, hoje entendo que se trata de uma MISCELÂNEA de todos os
professores (diplomados ou não) que conheci e que “são” (não os considero longe
de mim). Neste sentido, NÃO sou professora. SOU UMA “PROFESTEIN”, uma mistura
de Frankestein com Professora: pedacinhos somados de cada pessoa que conheci e
que fez (e faz!) a diferença na minha vida. Estas pessoas eram/são BELAS (por
dentro ou por fora); são PERFUMADAS; SORRIEM; são CARISMÁTICAS; NÃO GRITAM; TEM
BRILHO NOS OLHOS; LEEM MUITO; RESPEITAM A TODOS... O que não nos exime, claro,
de sofrimentos outros. É que, com “PROFESTEINS” acontecem coisas mágicas, entre
elas: NÃO DESCONTAR NO SEMELHANTE NOSSOS RECALQUES E NOSSAS INSATISFAÇÕES. Ao
invés disso, lutamos com dignidade, pelo que é justo e pelo que nos é de
direito...
SOCIALIZAÇÃO DE "LEITURA LIVRE" - CEC ( 2013) |
Assim sendo, tal como Frankenstein, ao longo do tempo,
costurava estas virtudes em mim como PEDACINHOS que formam minha identidade
profissional. Certamente, vez por outra, tinha que remendar um rasgo aqui, um
furinho ali... Sei o nome de cada DOADOR DOS “PEDACINHOS”. E, como nem toda
costura é para sempre, sei que, quando boa parte destas virtudes de mim se despregarem
, NÃO PODEREI ESTAR MAIS PROFESSORA. Porque terei me tornado uma pessoa bem
MENOS sensível e MENOS capaz de enxergar no outro MAIS QUE UM NÚMERO DE CHAMADA;
mais que um CARNÊ de mensalidade; mais que uma possibilidade de BÔNUS... Além
disso, começarei a sentir DORES HORRÍVEIS; onde antes, habitavam os PEDACINHOS
COSTURADOS. O vazio continuará e as lembranças de tudo que foi SIGNIFICATIVO será o que restará, para
sempre, no meu relicário...
Anônimo Anônimo disse...
ResponderExcluirNossa Mari, você como sempre perfeita em suas colocações. Me vi aqui como somatória de pedacinhos também, pessoas que ao passarem pela minha vida foram deixando seus pedacinhos em mim, muitas delas foram me lapidando com palavras doces, carinhosa e sem perceber foram me moldando, ao passo que me vi assim como "professora", que adora e está sempre pronta para aprender e que não para. Fui motivada por muitos, diplomados e não diplomados também.Alguns deles carregavam uma bagagem enorme de uma "herança cultural" tão rica e tão surpreendente e me ensinaram tanto, que sou grata a eles quanto aos Mestres que tive o prazer de conhecer em minha trajetória educacional e me ensinaram a aprender, e a querer ser, e a querer fazer.
Realmente, somos "Prosfestein", com orgulho por nossos pedacinhos costurados e com amor por esses pedaços terem sido consolidados em um só corpo "o nosso", nos tornando assim pessoas por inteiro!.
E continuo de olho no seu blog....
Professora Sonia Freitas.
Sonia, mimoooooooo!!!!
ResponderExcluirNão disse que vc também era uma "PROFESTEIN"??? kkkkkkkk
Obrigada mimo pelo apoio. Escrevo, porque sei que pessoas sensíveis como vc vão ler!!!
Bjus
Mari
Olá!! Enquanto profissional e ser humano me vi dentro de cada uma de suas colocações. Concordo que ser professor não é um dom, vejo como aprendizado, desejos, entrega, abnegação e tantos outros adjetivos e encontrar pessoas certas ou incertas? sei lá... Só sei que tive essas pessoas na minha trajetória e as duas contribuiram para que eu soubesse o que fazer e o que não fazer me tornando essa profissional e pessoa que sou hoje. Minha MÂE foi uma delas que com apenas a sua 4ª série com Diploma nota 100 conseguiu atuar como professora na roça passando o pouco que sabia para aqueles que tinham sede de aprender, me orgulho de vê-la contar essas histórias, e ELA continua, com seus 80 anos de vida , querendo aprender mais. Posso afirmar que ELA foi e é uma das pessoas certas que sempre me incentivou, torce por mim e sofre comigo, e assim, querida MARY! como você e tantos outros profissionais vamos lutando e acreditando que sempre vale a pena ser o que somos...PROFESSORES!!!!
ResponderExcluirConça, mimooooooooooooo...
ExcluirUm "PROFESTEIN" reconhece outro "PROFESTEIN" kkkkkkkkkk
Seu texto me emocionou muito. Nossas ideias e ideais sobre professor sempre foram muito parecidos ( até no "atrapalhamento. Somos de peixes neh???? kkkk).
Adorei sua contribuição.
Apareça sempre. Tenho certeza que todos nós, leitores, teremos muito a ganhar com seus comentários que, são, na verdade, retalhos de um vida , cujas memórias, serão as mais lindas e as mais profundas...
Muitíssimo obrigada!
Bjus
Mari