POR MARI MONTEIRO
Em tempos de palavras cada vez mais escassas, me lembrei
deste texto que escrevi há quase SEIS ANOS... É. Nem acreditei quando reli hoje.
Parece ter sido escrito justamente para “ESSE TEMPO DE ESCASSEZ” em que
vivemos. Especificamente no relacionamento a dois, onde faltam principalmente boas conversas.
E WhatsApp não conta viu? (rsrs). Então decidi
publicá-lo após tantos anos.
Fazer estas listas exige preparação. Não bastam papel e caneta.
São necessárias muitas trocas de olhares; sensibilidade; sinceridade e muita
ousadia. A lista deve ser bem específica. Nela não cabem “aspectos genéricos”, nem
etc. ou reticências. Ah! Quase me esqueci. Não podemos ter pressa ao fazer as
listas; mas é muito bom que elas sejam feitas em tempo.
Dos afazeres de todo dia, o que sobra além da rotina?
De todas as palavras ditas, quais nunca serão esquecidas?
Da noite mal dormida, qual a sensação?
De um sexo bem feito, quantos arrepios ao relembrar?
De cada lágrima, quais os motivos?
De todos os sorrisos, quantos suplantam a dor?
Dos abraços dos seus braços, qual fração de calor cabe em mim?
Dos aromas, qual é o que mais me agrada?
Do olhar demorado, quantas cores, dores e amores sou capaz de enxergar?
Dos beijos, que texturas ainda sinto?
Do meu corpo, qual poro ainda não foi tocado por tuas mãos?
De tudo que tenho, o quanto te pertence?
De tudo que você tem, o quanto me pertence?
Da convivência, quanto restou da liberdade que te traz de volta?
Dos dias vividos, de quais temos mais saudades?
E, depois de feitas as listas, não vamos apenas colar na
geladeira. Não são listas de coisas que se compram. São listas de coisas a
serem vivenciadas; acolhidas para que sejam tais coisas tudo aquilo que restará
de duas pessoas que possam dizer: "nos amamos".
Contentar-se com menos que isso, é solidão. É ter vivido a dois e não ter conhecido ninguém.
(by Mari Monteiro - Escrito originalmente em 20/11/2009)
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