POR MARI MONTEIRO
"(...) Sentimento pegue e pague;
emoção comprada em tablete;
mastigue como chiclete e jogue na sarjeta;
Compre um lote do futuro, cheque para 30 dias;
plano de seguro cobre nossa carência
Eu perdi o paraíso, mas ganhei a inteligência,
demência, felicidade propriedade privada: não se prive, não se prove.
Don't tell m epeace and love
Tome logo um 'Engov' para curar sua ressaca
da modernidade essa armadilha matilha de cães raivosos e assustados
o presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado. (...)" - (In. Piercing - By Zeca Baleiro)
Ah! A Pressa. A pressa com que nos falamos
(quando nos falamos); com que caminhamos (quando caminhamos); com que escrevemos
(quando não estamos abreviando tudo nas redes); com que lemos (mais de 140
caracteres); com que fazemos amor (fazemos? Amor ou Sexo?); com que conversamos
(conversamos? Ou só falamos com o outro quando nos interessa e sobre “coisas específicas”?).
Tudo tão efêmero.
Diante disso, sempre me questiono: "ESTAMOS VIVENDO OU APENAS SOBREVIVENDO". A impressão que temos é que apenas orbitamos em torno
de pessoas; circunstâncias; objetos; empregos etc. Em nada há profundidade. E
se há, como eu INSISTO QUE HAJA, logo ouço algo assim: “lá vem!”“; “Já vai
filosofar!”. Muito provavelmente, porque tudo é tão superficial; principalmente as relações sociais, é que chegamos onde estamos: EM TODOS OS LUGARES AO
MESMO TEMPO; MAS, EM NENHUM, DE FATO.
Temos os recursos tecnológicos e não fazemos uso de seu potencial para
FIRMAR RELAÇÕES; para tratar de questões mais profundas; para mudar padrões comportamentais...
Só pra ilustrar, tenho um a amiga muito querida no Facebook, pela qual tenho
uma profunda admiração e respeito. Mas,
nunca nos vimos pessoalmente. Dias destes, conversando, ela escreveu: “por que
não nos encontramos; afinal, moramos na mesma cidade?”. Achei isso o máximo!
Claro que topei na hora e ainda propus
que poderíamos promover algo como um “ENCONTRÃO DO FACEBOOK” entre nossos amigos em comum. Seria uma excelente
oportunidade para muita gente se conhecer pessoalmente e CON – VER – SAR , sem pressa, sem uma tela entre nós.
Não me agrada este “AFASTAMENTO” dos outros e
de nós mesmos. A convivência é o que nos torna “mais ricos”, melhores, mais
tolerantes. Só posso aprender com o que é diferente de mim. Só o que for
diferente daquilo que já trago comigo, e que considero positivo, segundo meus
valores e minha ética, é que pode acrescentar algo ao que já sou. NÃO HÁ “MUTAÇÃO
EMOCIONAL; FÍSICA OU SOCIAL”, se me acovardo e não enxergo e nem compreendo o “novo”
e o “diferente”. E isso implica certas doses de sentimentos um tanto escassos entre
nós: tolerância; humildade; gratidão; reconhecimento; compreensão e amor ao próximo.
Como dito na composição "Piercing". de Zeca Baleiro, "(...) o presente não devolve o troco do ; sofrimento não é amargura; tristeza não é pecado - ligar de ser feliz não é supermercado. (...)", vivemos numa onda em que acreditamos ( A - CRE - DI - TA - MOS!) que a felicidade está nas coisas e não nos acontecimentos. E aí, quando quebra uma "coisa" que me me deixou feliz, é simples, compro outra igual ou melhor. DESCARTO E SUBSTITUO. É como se dependêssemos mais das "COISAS" que TEMOS e que podemos comprar do que das SITUAÇÕES que envolvem outras pessoas e podemos vivenciar. Possuir uma coisa é mais importante do que se relacionar com pessoas. Pessoas dão trabalho e coisas não. Nós as compramos e ficam lá sob o nosso poder. Nós temos a ilusão de que tudo está sob nosso controle nos relacionado com coisas ao invés de pessoas.
Essa "condição de vida" me deixa muito triste. Para falar e escrever sobre isso, não há muito como fugir dos clichês. Fato é que gostaria muito que a maioria de nós percebesse o quanto estamos DISTANTES e ISOLADOS uns dos outros; o quanto isso está tornando mais débil nossa vida social. Conheço pessoas que, em algumas circunstâncias (confesso que eu também me sinto assim), sentem-se desconfortáveis em meio a outras pessoas, independente do grau de parentesco ou de amizade; elas não se olham nos olhos, não se sentem à vontade, ficam tensas. E, pior, há um discurso muito forte e que ouço com uma frequência cada vez maior, de que amigos verdadeiros cabem na palma da mão. Meu Deus! Onde estão as pessoas com as quais cresci? Cadê meus parentes queridos (NÃO GOSTO DE TODOS rsrs, mas alguns, eu amo!); Cadê meus pais? Cadê meus irmãos? Cadê meus amigos ( e não colegas) de trabalho?
Acrescento que não considero este nosso comportamento isolador e imbecilizante como resultado apenas do crescente número de relacionamentos apenas virtuais e nem da parafernália que existe pra esse fim. Pois, há muito tempo, Anne Frank escreveu algo como: "Prefiro escrever, porque o papel é mais pacientes que as pessoas." Porém, ainda creio que haja como fazer com que tudo possa acontecer harmoniosamente. Posso ter meus amigos virtuais em todas as redes que eu quiser e posso também CONTROLAR (tipo: sou eu quem decide quando mexer no meu celular e não ele a cada som que emite) para acessar minhas redes, verificar notificações; responder contatos etc.
É NECESSÁRIO E URGENTE DESMATERIALIZAR A FELICIDADE e sair por aí "catando" os fragmentos dos momentos felizes e vivenciando-os imensa e intensamente. Mas, antes, é necessário REEDUCAR e TREINAR nossos sentidos adormecidos e atormentados por tanta informação; por tanta pressa; por tanta cara séria; por tanta gente que tem, mas não É; por tanta culpa que colocam em nossas costas; por tanto falso moralismo... Enfim, vamos "tirar o pé" e fazer as coisas que queremos fazer e não comprar as coias que, supostamente, farão com que sejamos felizes e com que os outros gostem da gente. As pessoas (ao menos eu) criam vínculos afetivos umas com as outras porque se e encontraram e conversaram; porque se tocaram; porque choraram juntas; riram juntas; porque se abraçaram... Porque se PERMITIRAM... Vamos COMPARTILHAR além das Redes, mesmo porque antes de qualquer foto ser postada, aquele momento EXISTIU DE VERDADE; então que a foto seja o retrato fiel de um momento marcante e merecedor de ser eternizado. Pois como diz nando reis, "TORNAR O AMOR REAL EXPULSÁ-LO DE VOCÊ PRA QUE ELE POSSA SER DE ALGUÉM DE ALGUÉM." Em tempo de não perdemos as pessoas que amamos...
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