POR MARI MONTEIRO
O artigo
abaixo foi publicado ontem (13/08/2013, no caderno Cotidiano, Jornal Folha de
São Paulo.).
“Técnicos
da Secretaria da Educação PASSARÃO A ASSISTIR AULAS EM ESCOLAS ESTADUAIS para, depois, sugerir mudanças nas práticas
dos docentes. Vista como projeto piloto, A AÇÃO COMEÇOU ONTEM e chegará a 200
escolas do 6º ao 9º ano, onde estudam 100 mil alunos, na Grande São Paulo (a
rede tem cerca de 4,5 milhões de alunos). Cada colégio será visitado por dois
técnicos. Em dois dias, eles assistirão as aulas, participarão de reuniões e
entrevistarão alunos, professores, funcionários e diretores. Em seguida, vão
propor aos professores ações que ajudem alunos com dificuldades em português e
matemática. Segundo o secretário da Educação, Herman Voorwald, as informações
levantadas pelos técnicos poderão nortear ações para toda a rede. A proposta é
mais uma tentativa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de melhorar a qualidade da
sua rede: 34% dos alunos do 9º ano possuem conhecimento abaixo do básico em
matemática. Nos últimos dias, a Secretaria de Educação anunciou o maior
concurso público de professores da história, com a abertura de 59 mil postos.”
Ao ler o
artigo me ocorreram alguns inevitáveis questionamentos. PARA QUEM É SURPRESA
QUE A EDUCAÇÃO PÚBLICA NÃO VAI BEM? Isso não apenas na educação básica, mas em
todos os níveis de ensino. E, pior, não é de hoje!
Outro questionamento refere-se ao CONCURSO
PÚBLICO. Nenhuma surpresa! Os
professores que estão (ou estavam) na rede pública estão SATURADOS. Os mais
abusados (num bom sentido) assumem suas dificuldades e se afastam. Outros
insistem CAPENGANDO, do verbo capengar, que , segundo o dicionário, equivale
aos sinônimos: perneta; fraco; desprezível. (http://www.dicionarioinformal.com.br/capenga/ - acesso em 14/08/2013). E outros
poucos que, ainda mantêm a saúde mental e a saúde física, continuam na lida.
AINDA SOBRE O CONCURSO: "(...) A ideia da Secretaria da Educação é colocar os novos professores na rede já em 2014, ano em que Alckmin pode tentar a reeleição. Não necessariamente os 59 mil começarão de uma vez (pode ficar um "estoque" de aprovados para os próximos anos).
AINDA SOBRE O CONCURSO: "(...) A ideia da Secretaria da Educação é colocar os novos professores na rede já em 2014, ano em que Alckmin pode tentar a reeleição. Não necessariamente os 59 mil começarão de uma vez (pode ficar um "estoque" de aprovados para os próximos anos).
O plano de redução do número de
temporários, porém, esbarra na dificuldade que o Estado vem tendo em reter seus
professores na rede.
Desde 2011, houve concurso para 34 mil
professores, mas hoje há apenas 4.000 professores efetivos a mais do que no
início da gestão.
A discrepância ocorre porque não houve
aprovados para todas as vagas em alguns casos. Alguns concursados novatos
desistiram dos postos e parte dos efetivos teve de substituir educadores que se
aposentaram.
"Chamar de uma vez 59 mil
professores traz dois riscos", diz Ocimar Alavarse, pesquisador da
Faculdade de Educação da USP. "Pode não ter candidatos para todas as
vagas, porque o estoque de professores não é tão grande. Ou você não consegue
fazer uma boa seleção", afirma.
Alavarse ressalta, porém, que, dentro
do quadro atual, é melhor fazer o concurso. "O maior problema foi deixar
chegar a essa situação."
A Secretaria da Educação afirma que
toma medidas para estimular a permanência dos docentes na rede.
Uma delas é o plano de reajuste
salarial, dividido em quatro anos, que somará 45% até 2014. O salário base
atualmente é de R$ 2.300 (jornada de 40 horas semanais).
Em outra frente, o Estado passará a
permitir que o concursado possa atuar também como temporário no período
extrajornada. Das 40 horas semanais máximas atuais, ele poderá chegar a 64
horas.
A ideia é evitar que seja chamado um temporário para cobrir licenças ou
aposentadorias, por exemplo. "A ideia é adequada, mas pode trazer
sobrecarga ao professor", diz Alavarse. ( In.05/07/2013 - 04h00 FÁBIO TAKAHASHI - Folha de ão Paulo)
Outra
questão que trago à baila é: quem são estes “TÉCNICOS”? Qual a formação deles?
Já ministraram aulas antes? Conhecem a realidade de cada comunidade que
visitarão? As escolas visitadas serão aquelas consideradas modelos no que se
refere à estrutura física, para “SAIR BEM NA FOTO” e, mais uma vez, culpar o
“fator humano”?
Sobre o
concurso público, era completamente previsível. Não me surpreenderá se as
provas forem “fáceis” para que todos sejam aprovados... Mesmo porque, a maior
parte dos inscritos, teoricamente, serão os professores não efetivos,
justamente por NÃO CONSEGUIREM APROVAÇÃO EM CONCURSOS ANTERIORES!!!
Outra
aberração: o professor, também há tempos, vem sofrendo sérias agressões em sala
de aula. Isso será levado em conta nas mudanças que, supostamente serão
implementadas? Questiono isso porque, por motivos óbvios, durante a visita dos
técnicos, os alunos não agirão normalmente...
Enfim, que
venham os tais “TÉCNICOS”. E que venham
dispostos a enxergar e registrar a REALIDADE. Que não haja duvidosos relatórios e,
muito menos, propostas de MUDANÇAS que já foram tentadas antes e falharam. O
fato é que ninguém quer investir mais nos CURSOS SUPERIORES VOLTADOS PARA O
MAGISTÉRIO. O professor é uma espécie de extinção. É apenas uma questão de
tempo. Eis a SOLUÇÃO. Melhorar significativamente o salário para que o
professor trabalhe apenas EM UMA ESCOLA e, assim como tratam os animais em extinção,
cuidar muito bem daqueles que ainda SOBREVIVEM nos CATIVEIROS, para que possam
procriar e render bons resultados...
Nenhum comentário:
Postar um comentário