POR MARI MONTEIRO
Afastada da
Rede Pública há mais de um ano, retorno agora à “vida pública” (literalmente
pública, descobri). Após meses de
tratamento por conta de “AGAROFOBIA”, síndrome desencadeada por stress pós-traumático
entre outras coisas, eu RETORNEI. Acredite não me faltaram motivos para
deprimir. Não os listarei aqui POR RESPEITO A MIM MESMA. Então, encare, por
gentileza, este artigo como um retrato geral das condições de boa parte dos
professores.
Após
estudos de laudos sem fim, deliberações daqui e dali, concluiu-se que deveria
voltar ao trabalho EXERCENDO OUTRA FUNÇÃO, o que tecnicamente é denominado:
readaptação. Perfeito! E rápido. O processo deve ter girado em torno de dois
meses. Fiquei feliz com a notícia; porém bastante ansiosa: será que eu daria
conta? Quais serão minhas novas
atribuições? Como serei recebida? Agora, eu bem entendo o depoimento da colega abaixo:
Mais detalhes desta reportagem em: http://educar.wordpress.com/category/burnoutstress/
Hoje, já
tenho as respostas para a maioria dos meus questionamentos e MEDOS MAIS
ÍNTIMOS. Estes, sim, faço questão de torná-los públicos. Sobretudo, porque
garanto que não estou sozinha. Há os docentes afastados por motivos outros e há
(o que considero MAIS GRAVE, sob todos os aspectos) aqueles que sabem que precisam,
mas não assumem suas mazelas, suas dores, suas angústias, suas indignações. Fiz
o contrário: resolvi RESPEITAR MEUS LIMITES. Foi quando tudo desabou. Todas
as gotas d’água transbordaram. NÃO ME ARREPENDO.
Fiz isso: "DESCORTINEI -ME". Quando se
retoma, depois de mais de um ano, espera-se um cenário diferente (ainda mais
eu: sonhadora que só!). De cara, não foi
isso que encontrei. Os mesmos problemas e as mesmas possíveis soluções
elencadas no planejamento de DOIS ANOS ATRÁS. Obviamente, tudo sendo orientado
pela Secretaria da Educação. Isento aqui a gestão de qualquer responsabilidade.
Mas isso é MUITO TRISTE, patético até. E os professores, comprometidos que são,
juntamente com a equipe escolar,
continuam resistindo e insistindo bravamente. A sensação não foi boa. Misturei
ansiedade com frustração, alegria de ter voltado com o medo do que virá...
Abrindo os
trabalhos, fico feliz, verdadeiramente feliz, com minha nova incumbência. Hoje foi o primeiro dia “pra valer”, escola
lotada e eu cheia de planos. Pois bem. PASSEI MAL. Suei frio, tremi dos pés à
cabeça e fiquei com as mãos gélidas durante toda tarde. Lembrei-me do que a médica disse: “Você sabe
os sintomas da crise e sabe que eles não te matarão; então, aguente”. Foi o que
fiz! Verifiquei minha lista de afazeres e fui tocando as coisas... Não foi
fácil!!!
Mas, se me
perguntarem o que é MAIS DIFÍCIL no retorno, já sei na ponta da língua. É você,
com a experiência, convivência e observação saber quem SÃO SEUS AMIGOS, QUEM
NUNCA FOI E QUEM SEMPRE FOI! É uma sensação ímpar. Como saber? Simples! Adoeça
por mais de um ano e observe: quem te procurou? Quem se importou? Quem se
mantem fiel aos seus princípios e valores depois do distanciamento? Quem fala e
FAZ o que FALA? Enfim, são inúmeras constatações feitas... Todas ao mesmo
tempo.
Mas...
Procuro e acho sempre algo de bom em meio ao CAOS. É impagável REENCONTRAR OS
VERDADEIROS E RAROS AMIGOS. Um brinde a eles. A cada olhar que troco com um
amigo verdadeiro, sinto - me fortalecida. A estes amigos, me apego e valorizo e,
principalmente agradeço a Deus por tê-los por perto. Aos demais, àqueles que não se importaram, um
só desejo: NÃO ADOEÇAM E NUNCA, JAMAIS, TENTEM RESPEITAR SEUS LIMITES; caso
contrário, estarão sujeitos a passar por tudo que passei... E, posso garantir, NÃO
É NADA AGRADÁVEL correr atrás de médicos; frequentar o DPME (lá na casa do
capeta); tomar remédios fortíssimos e sofrer os danos colaterais a cada
tentativa do médico; ter crises que só passam com morfina na veia, pesadelos,
insônia... Sofrer de uma doença invisível para os outros é cruel! Então “amigos professores”, repito: PROFESSOR
NÃO PODE ADOECER! Quanto a mim, farei o que Pessoa chama de "TRAVESSIA" e, oxalá, eu colha bons frutos do outro lado da margem.
Olá António, como vai?
ResponderExcluirFico feliz por ter gostado do blog e mais ainda com sua intenção de se tornar um visitante assíduo. Certamente, visitarei O Peregrino e Servo.
Obrigada pela visita!
Mari